domingo, 4 de julho de 2010

CONGRESSO "POR TERRAS DO ENDOVÉLICO"


 Deo Endovélico Sacrum
Desenho: João Paulo Galhardas (94) 


CONCLUSÕES DO CONGRESSO (1)

Introdução das conclusões do congresso por Ana Paula Fitas, Doutora na área científica das Ciências Sociais, ramos de Estudos Portugueses e especialidade em Cultura Portuguesa do Século XX, é também Licenciada em Filosofia e Mestre em Culturas Regionais Portuguesas, Investigadora com trabalho realizado em Portugal (com especial incidência no Alentejo), Espanha e Índia, destacam-se da publicação dos seus estudos, entre outros: Tese de Mestrado- Ocupação Sexual dos Espaços e Redes de Comunicação em Aldeia da Venda (Alandroal-Alentejo), A Construção Cultural do Espaço, A Lenda de Dona Paula (Panjim-Goa-Índia), Continuity and Social Change: The Cult of Mother Goddess e Olivença e Juromenha (uma história por contar), no âmbito da Tese de Doutoramento, obra a todos os títulos notável ao serviço da Etnologia Portuguesa. »Natural« de Alandroal onde viveu até à sua adolescência, continuou o seu percurso de vida académica entre a cidade de Évora e a capital Lisboa, nunca se desligando das suas origens. Os seus trabalhos na Tese de Mestrado e Doutoramento são um exemplo disso mesmo e o Concelho do Alandroal muito lhe deve pela abnegação, espírito de sacrificio e humanismo nos estudos efectuados sobre a redescoberta de tradições e vivências antigas. Por estas razões e outras estritamente pessoais é que costumo dizer a Paula é nossa! Participou como oradora a convite da Câmara Municipal do Alandroal no Congresso "Por Terras do Endovélico", que se realizou no Fórum Cultural Transfronteiriço de Alandroal, no dia 26 de Junho de 2010, e preparou as conclusões finais sobre o Congresso que serão publicadas a partir da próxima quarta-feira no jornal Diário do Sul de Évora. Posteriormente Poet'anarquista também irá dar a conhecer as conclusões, transcrevendo agora uma primeira nota introdutória  que a Drª Ana Paula postou no seu blogue, A Nossa Candeia, com o título "Alandroal- Terras do Endovélico (1)". Os meus agradecimentos a todos quantos participaram e tornaram possível este evento maravilhoso, com um abraço muito especial para o amigo João Grilo, Presidente da Câmara Municipal do Alandroal. Como alguém comentou no blogue Poet'anarquista, AVANTE ENDOVÉLICO!

Texto: Poet'anarquista 


Desenho à vista: Torre de Menagem Alandroal
João Paulo Galhardas (91) 


ALANDROAL- TERRAS DO ENDOVÉLICO (1)

Alandroal é um concelho com 544,86 km2 e 6.187 habitantes, situado no distrito de Évora, limitado pelos concelhos de Vila Viçosa, a norte, de Reguengos de Monsaraz e Mourão a sul, de Redondo a oeste e por Espanha, a leste. O concelho, hoje constituído por 6 freguesias, integra, desde o século XIX, os antigos municípios de Juromenha e de Terena e dele fazia parte Vila Real-Villarreal, povoação actualmente administrada sem conflitos pelo ayuntamiento de Olivença, à revelia do Direito Internacional que não revogou a pertença do próprio termo de Olivença como parte integrante do território português. Economicamente pobre e marcado pela desertificação, o concelho procura caminhos de sustentabilidade para o desenvolvimento local, tentando rentabilizar a sua localização que se situa no território de influência do Alqueva. Neste trajecto de busca de futuro, a Câmara Municipal de Alandroal organizou, no passado dia 26 de Junho, nas instalações do Fórum Cultural Transfronteiriço de Alandroal, o Congresso “Por Terras do Endovélico – Território/Identidade/Marcas”. Com o objectivo de promover a reflexão pública sobre a valorização patrimonial como fonte de desenvolvimento comunitário sustentado no concelho, a CMA convidou para intervirem no evento, não apenas académicos ligados à problemática e com trabalho de investigação no terreno (os arqueólogos Amílcar Guerra, Carlos Fabião e Manuel Calado e eu própria, antropóloga/etnóloga, Ana Paula Fitas) mas, também, representantes de entidades ligadas ao desenvolvimento do turismo e à sua articulação com a economia (Sofia Vieira da TGLA-Turismo Terras do Grande Lago Alqueva, Alexandra Pereira da Proximity/BBDO, Simão de Deus Correia da VISTA e Michela Zucca, especialista em desenvolvimento sustentável). Explicitando a importância e os objectivos do Congresso, o Presidente da CMA, Dr.João Grilo, identificou o interesse dos seus conteúdos na qualidade de contributos para a materialização do projecto político-cultural em que o município aposta, pelo reconhecimento do potencial de desenvolvimento que a valorização patrimonial representa e de que são testemunho, não só os actuais testemunhos da investigação científica mas, também, os documentos históricos (de que vale a pena destacar a obra “Religiões da Lusitânia” de José Leite de Vasconcelos) e literários (destaque para “A Voz dos Deuses” de João Aguiar). Tomando como ponto de partida a localização no concelho de Alandroal do sítio de Endovélico que, datando da Idade do Ferro, foi também objecto de ocupação romana (confirmada pelos vestígios encontrados no lugar de S.Miguel da Mota desde o trabalho aí levado a cabo por Leite de Vasconcelos - cuja importância está patente no facto de se constituírem como elementos da colecção fundacional do Museu Nacional de Arqueologia - até aos que têm resultado do trabalho que, actualmente, a equipa de arqueólogos liderada por Carlos Fabião e Amílcar Guerra aí desenvolve), o Congresso foi ilustrado com a exposição dos materiais do sítio que o Museu Nacional de Arqueologia disponibilizou para o efeito – facto notável por permitir à população concelhia conhecer materiais preciosos para o conhecimento aprofundado da história cultural da região e da Península Ibérica que, contudo e dado o seu valor patrimonial nacional e emblemático, conforme notou Carlos Fabião, continuarão a integrar a colecção do referido Museu. Das conclusões da interessante e profícua sessão de trabalho que o Congresso representou, daremos conta num post que, daqui a dias, publicaremos.

Blogue: A Nossa Candeia/ Texto Ana Paula Fitas 
Blogue: Poet'anarquista/ Publicação Camões 

2 comentários:

Ana Paula Fitas disse...

Obrigado, meu querido amigo, pela generosa e detalhada referência. É com muito orgulho e prazer que leio estas palavras e que continuarei a estar na "linha da frente" para ajudar a fazer do concelho de Alandroal (onde, diga-se em abono da verdade, não foi aí que nasci mas, o importante é que o facto de assim ser considerada honra-me desmedidamente já que aí vivi da mais tenra infância à adolescência, sentindo esse espaço como meu efectivo lugar de pertença fundamental para a minha construção identitária e dos afectos) um lugar melhor para todos. O meu sincero e sentido agradecimento pelas tuas palavras. Avante, Endovélico!
Aquele abraço e um beijo :)

Camões disse...

Para o Poet'anarquista serás sempre uma Alandroalense de primeira!

Um abraço do conterrâneo,

Kabé