O poeta, escritor e filósofo francês Amborise-Paul-Toussaint-Jules Valéry, nasceu em Sète a 30 de Outubro de 1871. Ligado à escola simbolista, foi fortemente influenciado pelo grande poeta francês Stéphane Mallarmé, que por sua vez veio a influenciar o escritor Jean-Paul Sartre. A escrita de Paul Valéry inclui interesses como a matemática, filosofia e música sempre muito presentes na sua obra literária. Valéry faleceu em Paris, a 20 de Julho de 1945.
Poet’anarquista
Paul Valéry
Poeta Francês
SOBRE O POETA…
Amborise-Paul-Toussand-Jules Valéry nasceu em Sète, em 1871.
Estudou na Faculdade de Direito de Montpellier e foi ainda na época de faculdade que publicou as suas primeiras poesias, como «Sonho», «Elevação da Lua»,
«A Marcha Imperial» e «Narciso Fala».
Em 1893 foi para Paris, onde conheceu o poeta Stéphane Mallarmé, com quem o
poeta sela uma grande amizade.
Foi por causa de um amor não correspondido, por Madame Rovira, que Valéry se
voltou para a reflexão filosófica. Em um período de crise, publicou importantes
ensaios filosóficos, como «Introdução ao Método de Leonardo da Vinci» e
«Monsieur Teste».
O reconhecimento do seu trabalho veio em 1917, quando publicou o poema «A jovem
Parca»; na sequência vieram «Álbum de Versos Antigos» e «Charmes». Pouco tempo
depois, em 1925, ingressou na Academia Francesa de Letras. E a partir de então
foram publicados «Rumbas», «Analetos», «Literatura», «Consideração sobre o
Mundo Actual», «Maus Pensamentos e Outros», «Tal Qual», entre outras obras
marcantes.
Normalmente, as suas obras são divididas em três fases principais. A primeira, que
vai de 1890 até 1892, caracterizada por ser um período em que o autor se
dedicou à poesia; a segunda, de 1892 até 1917, é uma época em que não há
produção, o período de crise; a terceira, a partir de 1917, em que publica a sua
obra consagrada e outros livros, muitos com carácter reflexivo.
As suas obras são originais e tratam de diversos temas, tais como arquitectura, música,
literatura, artes plásticas e até dança.
Valéry faleceu em 1945, em Paris.
Fonte: pensador.uol.com.br/
SOB O SOL
Sob o sol em meu leito após a água -
Sob o sol e sob o reflexo enorme do sol sobre o mar,
Sob a janela,
Sob os reflexos e os reflexos dos reflexos
Do sol e dos sóis sobre o mar
Nos vidros,
Após o banho, o café, as ideias,
Nu sob o sol em meu leito todo iluminado
Nu - só - louco -
Eu!
Paul Valéry
A ADORMECIDA
Que segredo incandesces no peito, minha amiga,
Alma por doce máscara aspirando a flor?
De que alimentos vãos teu cândido calor
Gera essa irradiação: mulher adormecida?
Sopro, sonhos, silêncio, invencível quebranto,
Tu triunfas, ó paz mais potente que um pranto,
Quando de um pleno sono a onda grave e estendida
Conspira sobre o seio de tal inimiga
Dorme, dourada soma: sombras e abandono.
De tais dons cumulou-se esse temível sono,
Corça languidamente longa além do laço,
Que embora a alma ausente, em luta nos desertos,
Tua forma ao ventre puro, que veste um fluido braço,
Vela, Tua forma vela, e meus olhos: abertos.
Paul Valéry
MORTE FALSA
Humilde, terno, numa tumba encantadora,
No monumento insensível,
Tanto de sombras, de abandonos, e de amores desperdiçados,
Que já se fazem em sua graça cansada,
Eu morro, eu morro em você, me caio e eu caio,
Mas dificilmente fico abatido embaixo do sepulcro,
Do qual a extensão das cinzas me convidam fundir-me,
Este óbvio morto, desses que ainda voltam a vida,
Tremores, dos olhos ativos, iluminados que mordam,
E sempre puxando-me para uma nova morte
Mais preciosa que vida.
Paul Valéry
AS ROMÃS
Duras romãs entreabertas
Pelo excesso dos grãos de ouro,
Eu vejo reis, todo um tesouro
Nascer de suas descobertas!
Se os sóis de onde ressurgis,
Ó romãs de entrevista tez,
Vos fazem, prenhes de altivez,
Romper os claustros de rubis,
E se o ouro sece cede enfim
Ante a demanda ainda mais dura
E explode em gemas de carmim,
Essa luminosa ruptura
Faz sonhar uma alma que há em mim
De sua secreta arquitetura.
Paul Valéry