quarta-feira, 31 de julho de 2013

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...
(31 de Julho de 1886/ morre o compositor e pianista húngaro, Franz Liszt)

FRANZ LISZT - «Love Dream»

terça-feira, 30 de julho de 2013

POESIA - ÂNGELO DE LIMA

Ângelo Vaz Pinto Azevedo Coutinho de Lima, mais conhecido por Ângelo de Lima, nasceu no Porto, a 30 de Julho de 1872. Foi um poeta da corrente simbolista, membro da revista Orpheu, que viria a integrar expedição militar a Moçambique de onde regressou em estado mental debilitado. Da sua obra destacam-se «Poemas Inéditos», «Poesias Completas» e «Poemas in Orpheu 2 e outros escritos». Ângelo de Lima faleceu em Lisboa, a 14 de Agosto de 1921. Boas leituras!
Poet'anarquista
Ângelo de Lima
  Poeta Português

«Retrato do Doente Pragana»
Ângelo de Lima
SOBRE O POETA…

Escritor português, frequentou o Colégio Militar e estudou na Academia de Belas-Artes do Porto. 

Conspirador da revolução republicana de 31 de Janeiro, foi enviado, um pouco antes desta ocorrer, numa expedição militar a Moçambique. Após o seu regresso de África começou a manifestar os primeiros sintomas de loucura, sendo então internado. Uma parte significativa da sua vida seria passada em estabelecimentos psiquiátricos. 

Publicou pela primeira vez um conjunto significativo de poemas no segundo número da revista modernista Orpheu. Nesses poemas notam-se já algumas das características mais marcantes da sua poesia, nomeadamente o carácter desviante da linguagem e o emprego de vocábulos novos, o que o aproxima da corrente simbolista.

A sua linguagem poética parece reflectir a doença mental que o vitimou, e os seus versos, se por vezes dão a sensação de terem sido escritos no mais completo estado de alucinação, conseguem também ser extremamente lúcidos e bem construídos.

Tendo colaborado no Orpheu, a sua poesia aproxima-se mais da corrente simbolista do que da estética modernista. A sua obra poética, muito breve, encontra-se reunida em Poesias Completas (1971). 
Fonte: Astormentas

ESTES VERSOS ANTIGOS

Estes versos antigos que eu dizia
Ao compasso que marca o coração
Lembram ainda?... Lembrarão um dia...
— Nas memórias dispersas recolhidas
Sequer na piedosa devoção

De algum livro de cousas esquecidas?
— Acaso o que ora canta... vive... existe
Nunca mais lembrará — eternamente?
E vindo do não ser, vai, finalmente,
Dormir no nada... majestoso e triste?

Ângelo de Lima

SONETO

Pára-me de repente o pensamento
Como que de repente refreado
Na doida correria em que levado
Ia em busca da paz, do esquecimento...

Pára surpreso, escrutador, atento,
Como pára um cavalo alucinado
Ante um abismo súbito rasgado...
Pára e fica e demora-se um momento.

Pára e fica na doida correria...
Pára à beira do abismo e se demora
E mergulha na noite escura e fria

Um olhar de aço que essa noite explora...
Mas a espora da dor seu flanco estria
E ele galga e prossegue sob a espora.

Ângelo de Lima

 EU ONTEM VI-TE...

Andava a luz
Do teu olhar,
Que me seduz
A divagar
Em torno a mim.
E então pedi-te,
Não que me olhasses,
Mas que afastasses,
Um poucochinho,
Do meu caminho,
Um tal fulgor
De medo,amor,
Que me cegasse,
Me deslumbrasse,
Fulgor assim.   

Ângelo de Lima

«CAMPO DE PAPOILAS», POR VAN GOGH

Com um dia de atraso (tinha tudo preparado, mas...), publicação de «Auto-Retrato» (1888, um ano antes da sua morte vendo-se como artista), e o quadro «Campo de Papoilas» do pintor holandês pós-impressionista, Vincent van Gogh. Foi no dia 29 de Julho de 1890 que se suicidou com um tiro, naquela que foi a última paisagem da sua vida como homem, e como pintor - «Campo de Trigo com Corvos». Pode rever aqui- «PINTURA - VAN GOGH», e apreciar a obra mencionada. O quadro ficou concluído poucos dias antes de pôr fim à vida; as cores e a paisagem são reveladoras do estado de espírito e inquietude do artista.
Poet'anarquista
«Auto-Retrato»... como artista
Van Gogh

«Campo de Papoilas»
Van Gogh

«CAMPO DE PAPOILAS»

 «Campo de Papoilas»... é genial!...
Com erva verde a fazer lembrar
As cores da bandeira de Portugal...
(Ou o Alentejo em flor nesse lugar!)

POETA

CARTOON versus QUADRAS

A Miopia do 'Nuestro Hermano'
 HenriCartoon

«A MIOPIA DO ‘NUESTRO HERMANO’»

-Mas qual fora de jogo, seu bobo…
‘Atão' mas tu não vês nitidamente
Que aquele gajo o mete em jogo?
Não percebes nada do expediente…

-De quien habla usted, Zé d’el pueblo?
-Como é óbvio, do árbitro assistente...
Pra tirar a miopia aos ‘fuera de juego’,
Dá sempre jeito ter um bom suplente!

POETA

CARTOON versus QUADRAS

Tragédia no Horizonte
HenriCartoon

«TRAGÉDIA NO HORIZONTE»

Que Diabo de desgraça agoirenta!...
Em Espanha um descarrilamento
De comboio, ceifou vida a oitenta!
(Cento e muitos era o andamento…)

Como a desgraça nunca anda só…
Na Itália um autocarro sinistrado
Matou d’assentada, trinta sem dó…
(Não há duas sem três, triste fado!)

Em Portugal já assim não se passa…
Vamos ao fundo mais suavemente
Até nos afogarmos definitivamente…
(Tragédia no horizonte, traz a desgraça!!)

POETA

ESPECIAL MÚSICAS DO MUNDO

E a música especial de hoje é...
(«Criança no Tempo», para JP Galhardas)

DEEP PURPLE - «Child in Time»
Child in Time by Deep Purple on Grooveshark
Poet'anarquista

CRIANÇA NO TEMPO

Doce criança no tempo, você verá a fronteira
A fronteira que foi desenhada entre o bem e o mal

Veja um homem cego atirando ao mundo
Balas voando, levando tristeza

Se você tem sido mau, Senhor eu aposto que sim
E você não se feriu por uma bala perdida

Você deve fechar seu olhos
Você deve curvar sua cabeça

Espere o ricochete

Deep Purple

«O BODE», POR JP GALHARDAS

Recebi ontem esta pintura, imagem partilhada pelo meu filho na minha página do facebook. O desenho a cores, da autoria de JP Galhardas representando «O Bode», encontra-se no tecto de um sótão, numa casa de gente amiga situada em Évora, que o pintor visitava com frequência quando estudou na capital alentejana. Tudo se passou no seio de um grupo de amigos, entre os quais se encontrava JP e eu próprio, à conversa, ouvindo música e umas 'cenas' para fluir. Na passagem da data do seu nascimento (30 de Julho de 1964), publica-se pintura inédita prestando homenagem a JP, com sentidos agradecimentos ao Rolando pela bela foto que me enviou, e a sua avó materna, a Madalena que ao longo dos anos tão bem estimou a obra de arte do nosso amigo João Paulo. Bem-hajam!
Poet'anarquista
Representação do Bode (Mitologia)
JP Galhardas

O BODE (MITOLOGIA)

Era um fim de tarde, d' esplendoroso sol!...
Reunidos no sótão da casa de Madalena
Começava o ritual, preparava-se a 'cena', 
Ao som de acordes do velho Rock & Roll.

JP, esfumaçando a 'dita' com algum fervor,
Falava do diabo na representação mitológica...
Do pentagrama invertido, da estrela simbólica,
E o demónio em forma de bode assustador!

Pediu as tintas... por aí se ficou de conversa!...
Começou a riscar no tecto do sótão uma figura
Que fazia interrogar: que desenha a criatura?

Passado algum tempo, a tal forma perversa
Conseguida numa posição deveras adversa,
 Mostrava a cabeça do bode em bela pintura!

Matias José

segunda-feira, 29 de julho de 2013

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...
(29 de Julho de 1856, morre o compositor alemão, Robert Schumann)

ROBERT SCHUMANN
«Flores Solitárias»

domingo, 28 de julho de 2013

POESIA - MATIAS JOSÉ

Cisterna de Monsaraz
Foto: Poet'anarquista

A CISTERNA

Pendem do tecto da antiga cisterna
Cordões doirados a ornamentar,
Iluminados p’ los raios de luz solar
Em cenário natural da era moderna.

Abobadada, com arcada perfeita,
Recolhe as águas no seu interior
Que escorrem de um piso superior…
No silêncio da noite, a paz aí se deita.

Ao longe, na imensidão do horizonte,
Uma vasta planície de terra alagada
Faz despertar no olhar outra alvorada;

A vila adormece com a lua defronte
Guardando histórias de antigamente...
Na cisterna, a água descansa acoplada.

Matias José

ESPECIAL MÚSICAS DO MUNDO

E a música especial de hoje é...
(28 de Julho de 1943, nasce o compositor e teclista dos Pink Floyd, Richard Wright)

RICHARD WRIGHT - «Holiday»
Poet'anarquista

FÉRIAS

Era para ser umas férias
Construindo castelos junto ao mar
Outra maneira de viver para você e eu
Tempo de parar, considerar o que temos feito
O vento está soprando, então venha
Vamos tirar umas férias

Como eu ia saber tão cedo
Que os sonhos podem se transformar uma vida
Além do que parece
Não há só uma maneira de viver os nossos dias
Entre essas linhas eu sei que você vê um homem

Que não está completamente certo de quem é
Ou onde ele está

Velejar
Velejar, através do mar
Passar pelas ondas, sentir a brisa
Velejar
Não há outra maneira que eu prefira ser

Destino, realidade, ou apenas um sonho
Levante as velas, o vento é de graça
Todo dia se torna mais confuso
Qual o caminho a seguir, como escolher

De volta a casa, o que me prende aqui
Fechado, imóvel, apenas meio vivo
Nuvens pesadas passam, elas me deixam com frio
Isso não tem que ser desse jeito
O vento está soprando, então venha

Vamos tirar umas férias

Velejar
Velejar, através do mar
Passar pelas ondas, sentir a brisa
Velejar
Não há outra maneira que eu prefira ser

Velejar
Velejar, através do mar
Passar pelas ondas, sentir a brisa
Velejar
Não há outra maneira que eu prefira ser

Velejar
Velejar
Velejar
Velejar
Não há outra maneira eu prefira ser

Velejar
Velejar

Richard Wright

MÚSICAS DO MUNDO

E as músicas de hoje são...
(De relaxamento)

(28 de Julho de 1741, morre o compositor italiano, Antonio Vivaldi)

ANTONIO VIVALDI 
«Concerto em D para Guitarra»
Concerto In D For Guitar by Antonio Vivaldi on Grooveshark
Poet'anarquista

(28 de Julho de 1750, morre o compositor alemão, Johann Sebastian Bach)

JOHANN SEBASTIAN BACH
«Courante de Lute Suite Nº. 1 BWV 996»
Courante from Lute Suite No. 1 BWV 996 by Johann Sebastian Bach on Grooveshark
Poet'anarquista

sábado, 27 de julho de 2013

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

TEN YEARS AFTHER - «Working on the Road»
Working on the Road by Ten Years After on Grooveshark
Poet'anarquista

TRABALHAR NA ESTRADA

Eu trabalhei na estrada cerca de 15 anos
Soprando minha mente, eu tenho explodindo meus ouvidos
Você não sabe, querida?
Eu tenho dormido todo o dia e trabalhar a noite toda
Eu fiz um monte de dinheiro, mas não me sinto bem
Você não sabe, querida?

Bem, eu vi o mundo e ele me viu
 Numa estranha  maneira que eu acho que sou livre
Você não sabe, querida?
Bem, eu já vi isso ruim e já vi que é bom
Mas, agora, eu quero limpar o meu sangue
Você não sabe, querida?

Eu tenho um sentimento para casa
Em algum lugar que eu possa chamar de meu

Bem, eu tentei viver da maneira que deveria
Eu já derramei algumas lágrimas e suor
Você não sabe, querida?
E eu acho que é hora de fazer uma pausa
Porque eu tenho tomado tudo o que posso tomar
Você não sabe, querida?

Eu tenho um sentimento para casa
Em algum lugar que eu possa chamar de meu

Ten Years Afther

sexta-feira, 26 de julho de 2013

ESPECIALÍSSIMA «MÚSICAS DO MUNDO»

E a música especialíssima de hoje é...
(26 de Julho de 1943, nasce o vocalista e compositor da banda inglesa «The Rolling Stones», Mick Jagger)

MICK JAGGER - «Lucky in Love»
Lucky in Love by Mick Jagger on Grooveshark
Poet'anarquista

SORTE NO AMOR

Um bobo apostando, um homem jogando,
Nenhum mais cedo para cima você está abaixo novamente
A mamãe disse que você não será doído
Não jogue os cartões, você não será queimado
Mas há um lugar onde eu ainda ganho
Mas não há nenhum dinheiro nesta coisa
O jogo de corações me põe em pás
O único jogo eu adquiri isto feito
Oh, eu tenho sorte apaixonado!
Sim, eu tenho o toque premiado
Afortunado apaixonado!
De repente, eu sou perigoso
Eu estou apostando em uma potranca abaixo no rasto
Um vencedor natural-nascido que é um fato
Cem jardas do posto premiado
O cavalo se caiu abaixo, deva visto um fantasma
Mas há um lugar onde eu ainda ganho
Isso ainda é minha coisa de seguro-fogo
Eu jogarei o ice de pás
Você joga a rainha, eu jogarei o knave
Oh, eu tenho sorte apaixonado!
Sim, eu tenho o toque premiado
Afortunado apaixonado!!
De repente, eu sou perigoso
Eu sei que é um mistério quando os números surgem
'Matemática de causa é grega a eu
Mas eu tenho sorte, eu tenho sorte, eu tenho sorte apaixonado
Yeah, Las Vegas à noite à roda de roleta
Yeah, Monte Carlo tentam cortar uma porção
Cidade Atlântica, eu perco a defeca
Atrás em Londres tente ganhar atrás em
E tarde à noite eu me deito em cama
Com uma pistola para minha cabeça
Jure eu não pude levar nenhum mais
E nela direito caminha por minha porta
Oh, eu tenho sorte apaixonado!
Quando eu penso que eu tive bastante
Afortunado apaixonado!
Sim, eu tenho o toque premiado
De repente, eu sou perigoso
Sim eu tenho sorte, Sim eu tenho sorte
Sim eu tenho sorte, sim eu tenho sorte
Sim eu tenho sorte, sim eu tenho sorte
Afortunado com as senhoras
Agradeça Deus pelas senhoras
Caso contrário, eu iria, eu enlouqueceria louco
Como sobre uma linha de crédito
Para diga, dez mil dólares?
Dezoito no vermelho
Me ponha, me ponha casa para cama
Sim eu tenho sorte, sim eu tenho sorte
Sim eu tenho sorte, sim eu tenho sorte
Sim eu tenho sorte, sim eu tenho sorte
Afortunado com as senhoras
Eu estou me sentando aqui com uma casa cheia
Eu há pouco não posso acreditar que eu perderei fora nisto
Aprovadamente! Aprovadamente! Seus dez mil e dez mil mais
Você quer me elevar, você quer me elevar? Como sobre isto?
Vinte mil e vinte mil mais
Aprovadamente! Você quer me ver? Eu melhorei, eu adquiri uma casa cheia
O que é isso? Um rubor real?
Bem, ai não que um busto, eu sou sem dinheiro!

Mick Jagger

26 DE JULHO, DIA DOS AVÓS

26 de Julho de 2013, data de celebração dos avós de todos nós. Pode consultar aqui- «DIA DOS AVÓS», e ainda aqui- «DIA MUNDIAL DOS AVÓS».
Poet'anarquista
AVÓS

Guardo eterna gratidão
Dos meus avós, gente amiga... 
Antónia Cardoso na educação,
Amigo dos netos Manuel Biga!  

POETA

Ford A 1918 - 1º Carro no Alandroal
Avós Maternos: Manel Biga e Antónia Cardoso

A VOLTA DE MOTA

Em outro tempo, num certo dia
Quis Manel Biga andar de mota…
Tinha na ideia dar uma volta,
E ver como a dita desenvolvia.

Foi assim que tudo começou
Num certo dia, em outro tempo,
Manel Biga não mais parou
Com o seu novo passatempo.

(Fizeram-se horas pra ir almoçar)…
Ouve-se Antónia da sua varanda:
-Manel, então não pensas parar?...

-É só mais uma voltinha redonda
Até o combustível se acabar…
(Parar devia, mas ela não abranda!)

POETA

Bisavô, Mãe e Avós Maternos
Esquerda/direita: António Biga, Francisca Biga, 
Antónia Cardoso Biga, Manuel Biga
Poet'anarquista/ Em Memória

ESPECIAL MÚSICAS DO MUNDO

E  a música especial de hoje é...
(Dedicada ao mago da harmónica, Paul Butterfield)

PAUL BUTTERFIELD BLUES BAND
«Born in Chicago»
Born in Chicago by The Paul Butterfield Blues Band on Grooveshark
Poet'anarquista

NASCIDO EM CHICAGO

Eu nasci em Chicago 1941
Eu nasci em Chicago em 1941
Bem, meu pai me disse:
«Filho, é melhor você pegar uma arma»
Meu primeiro amigo desceu
Quando eu tinha 17 anos de idade
Oh meu primeiro amigo desceu
Quando eu tinha 17 anos de idade
Bem, há uma coisa que posso dizer sobre esse menino
Ele tem que ir

Bem, meu segundo amigo caiu
Quando eu tinha 21 anos de idade
Oh meu segundo amigo caiu
Quando eu tinha 21 anos de idade
Bem, há uma coisa que posso dizer sobre esse menino
Ele tem que rezar

Bem, agora as regras estão bem
Se alguém deixou de jogar o jogo
Bem, agora as regras estão bem
Se alguém deixou de jogar o jogo
Todos os meus amigos estão indo
E tudo o que simplesmente não parece o mesmo
As coisas simplesmente não parecem o mesmo, baby

Paul Butterfield Blues Band

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

THE J. GEILS BAND 
«Serves you Right to Suffer»

quinta-feira, 25 de julho de 2013

CARTOON versus QUADRA

A Moinha
HenriCartoon

«A MOINHA»

-Águia, doem-te os dentes queixais?
Diz-me quais os que te moem mais…
-As muitas falhas dos centrais e laterais,
E fortes moinhas nos descontos finais!

POETA

CARTOON versus QUADRA

A Traição de Kate
HenriCartoon

«A TRAIÇÃO DE KATE»

-Kate, estou completamente desolado,
Traíste-me, esse filho só pode ser teu…
O sangue dele não é azul como o meu,
Não me enganas mais, fui encornado!

-William, desconfio que estás drogado…

POETA

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...
(25 de Julho de 1924, nasce o compositor brasileiro, Nelson Sargento)

NELSON SARGENTO - «Amante Vadio»
Amante Vadio by Nelson Sargento on Grooveshark
Poet'anarquista

AMANTE VADIO

Amei profundamente um certo alguém
Que durante algum tempo
Me amou também
Depois partiu, sem me dar explicação
Muito eu tenho chorado
Pra desabafar, meu coração
Meu coração, amante vadio
Ficou vazio com a sua ingratidão
E pra perdoar
Me sinto tão frio
Quisera ter a chama
Do início da nossa paixão
Como eu te amei
Ninguém te amará
Desejo que você seja bem feliz
Estou chorando, desabafando
E não lamento
Todo bem que eu lhe fiz


Nelson Sargento

CARTOON versus QUADRAS

Papa no Sambódromo
HenriCartoon

«PAPA NO SAMBÓDROMO»

-O Papamóvel não abre a coberta?
Preciso de saudar o meu rebanho…
-Santidade, estão em traje de banho,
Se não olhar, o pecado não desperta!

-Mas qual pecado?... cala essa matraca,
Francisco resiste a qualquer tentação!
-Santo Padre, a carne por vezes é fraca
E o Diabo anda à solta neste povão…

POETA

quarta-feira, 24 de julho de 2013

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...
(Como o melhor vinho do Porto!)

JOSÉ MÁRIO BRANCO  
«FMI/ Ser Solidário»
FMI by Jose Mario Branco on Grooveshark
Poet'anarquista


FMI  (Fundo Monetário Internacional)

Vou, vou-vos mostrar mais um pedaço da minha vida, um pedaço um pouco especial, trata-se de um texto que foi escrito, assim, de um só jorro, numa noite de Fevereiro de 79, e que talvez tenha um ou outro pormenor que já não é muito actual. Eu vou-vos dar o texto tal e qual como eu o escrevi nessa altura, sem ter modificado nada, por isso vos peço que não se deixem distrair por esses pormenores que possam ser já não muito actuais e que isso não contribua para desviar a vossa atenção do que me parece ser o essencial neste texto.
Chama-se FMI.
Quer dizer: Fundo Monetário Internacional.
Não sei porque é que se riem, é uma organização democrática dos países todos, que se reúnem, como as pessoas, em torno de uma mesa para discutir os seus assuntos, e no fim tomar as decisões que interessam a todos... 
É o internacionalismo monetário!
FMI

Cachucho não é coisa que me traga a mim
Mais novidade do que lagostim
Nariz que reconhece o cheiro do pilim
Distingue bem o Mortimore do Meirim
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Há tanto nesta terra que ainda está por fazer
Entrar por aí a dentro, analisar, e então
Do meu 'attaché-case' sai a solução!

FMI Não há graça que não faça o FMI
FMI O bombástico de plástico para si
FMI Não há força que retorça o FMI

Discreto e ordenado mas nem por isso fraco
Eis a imagem 'on the rocks' do cancro do tabaco
Enfio uma gravata em cada fato-macaco
E meto o pessoal todo no mesmo saco
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Não ando aqui a brincar, não há tempo a perder
Batendo o pé na casa, espanador na mão
É só desinfectar em superprodução!

FMI Não há truque que não lucre ao FMI
FMI O heróico paranóico harakiri
FMI Panegírico pró lírico daqui

Palavras, palavras, palavras e não só
Palavras para si, palavras para dó
A contas com o nada que swingar o sol-e-dó
Depois a criadagem lava o pé e limpa o pó
A produtividade, ora nem mais, celulazinhas cinzentas
Sempre atentas
E levas pela tromba se não te pões a pau
Um encontrão imediato do 3º grau!

FMI Não há lenha que detenha o FMI
FMI Não há ronha que envergonhe o FMI
FMI ...

Entretem-te filho, entretem-te,
não desfolhes em vão este malmequer que
bem-te-quer, mal-te-quer, vem-te-quer, ovomalte-quer-messe gigantesca,
vem-te bem, bem te vim,
vim na cozinha, vim na casa-de-banho,
vim-me no Politeama, vim-me no Águia D’ouro, vim-me em toda a parte,
vem-te filho, vem-te comer ao olho, vem-te comer à mão,
olha os pombinhos pneumáticos como te arrulham por esses cartazes fora,
olha a música no coração da Indira Gandhi,
olha o Moshe Dayan que te traz debaixo d'olho,
o respeitinho é muito lindo e nós somos um povo de respeito, né filho?
nós somos um povo de respeitinho muito lindo,
saímos à rua de cravo na mão sem dar conta de que saímos à rua de cravo na mão a horas certas, né filho?

Consolida filho, consolida,
enfia-te a horas certas no casarão da Gabriela que o malmequer vai-te tratando do serviço nacional de saúde.

Consolida filho, consolida, que o trabalhinho é muito lindo,
o teu trabalhinho é muito lindo, é o mais lindo de todos,
com'ò Astro, não é filho? O cabrão do astro entra-te pela porta das traseiras, tu tens um gozo do caraças, vais dormir entretido, não é?
Pois claro, ganhar forças, ganhar forças para consolidar,
para ver se a gente consegue num grande esforço nacional estabilizar esta desestabilização filha-da-puta, não é filho?
Pois claro!

E estás aí a olhar para mim, estás aí a ver-me dar 33 voltinhas por minuto,
pagaste o teu bilhete,
pagaste o teu imposto de transacção
e estás a pensar lá com os teus zodíacos: "Este tipo está-me a gozar, este gajo quem é que julga que é?" né filho?

Pois não é verdade que tu és um herói desde que nasceste?
A ti não é qualquer totobola que te enfia o barrete, meu grande safadote!
Meu Fernão Mendes Pinto de merda, né filho?
Onde está o teu Extremo Oriente, filho?
Aniki-bé-bé, aniki-bó-bó, tu és Sepúlveda, tu és Adamastor,
pois claro, tu sozinho consegues enrabar as Nações Unidas com passaporte de coelho, não é filho? Mal eles sabem, pois é, tu sabes o que é gozar a vida!

Entretem-te filho, entretem-te!
Deixa-te de políticas que a tua política é o trabalho,
trabalhinho, porreirinho da Silva,
e salve-se quem puder que a vida é curta e os santos não ajudam quem anda para aqui a encher pneus com este paleio de sanzala em ritmo de pop-chula, não é filho?

A-one, a-two, a-one-two-three

FMI dida didadi dadi dadi da didi
FMI ...

Camòniú sanòvabiche! Camóne beibi a ver se me comes!
Camóne Luís Vaz, amanda-lhe co'os decassílabos que eles já vão saber o que é meterem-se com uma nação de poetas!
E zás! enfio-te o Manuel Alegre no Mário Soares,
zás! enfio-te o Ary dos Santos no Álvaro de Cunhal,
zás! enfio-te a Natalia Correia no Sá Carneiro,
zás! enfio-te o Zé Fanha no Acácio Barreiros,
zás! enfio-te o Pedro Homem de Melo no Parque Mayer
e acabamos todos numa sardinhada ao integralismo Lusitano, a estender o braço, meio Rolão Preto, meio Steve McQueen,
ok boss, tudo ok, estamos numa porreira meu,
um tripe fenomenal, proibido voltar atrás, viva a liberdade, né filho?
Pois, irreversível, pois claro, irreversívelzinho,
pluralismo a dar com um pau,
nada será como dantes, agora todos se chateiam de outra maneira, né filho?
Olha que porra, deixa lá correr o marfil, homem, andas numa alta, pá,
é assim mesmo, cada um a curtir a sua, podia ser tão porreiro, não é?

Preocupações, crises políticas pá?
A culpa é dos partidos pá!
Esta merda dos partidos é que divide a malta pá,
pois pá, é só paleio pá, o pessoal não quer é trabalhar pá!
Razão tem o Jaime Neves pá!
(Olha deixaste cair as chaves do carro!)
Pois pá!
(Que é essa orelha de preto que tens no porta-chaves?)
É pá, deixa-te disso, não desestabilizes pá!
Eh, faz favor, mais uma bica e um pastel de nata.
Uma porra pá, um autêntico desastre o 25 de Abril,
esta confusão pá,
a malta estava sossegadinha, a bica a 15 tostões, a gasosa a sete e coroa...
Tá bem, essa merda da pide pá, Tarrafais e o carago,
mas no fim de contas quem é que não colaborava, ah?
Quantos bufos é que não havia nesta merda deste país, ah?
Quem é que não se calava, quem é que arriscava coiro e cabelo, assim mesmo, o que se chama arriscar, ah?
Meia dúzia de líricos, pá,
meia dúzia de líricos que acabavam todos a fugir para o estrangeiro, pá,
isto é tudo a mesma carneirada!

Oh sr. guarda venha cá - á,
venha ver o que isto é - é,
o barulho que vai aqui - i,
o neto a bater na avó - ó,
deu-lhe um pontapé no cu, né filho?

Tu vais conversando, conversando,
que ao menos agora pode-se falar...
...ou já não se pode?
Ou já começaste a fazer a tua revisãozinha constitucional tamanho familiar, ah?
Estás desiludido com as promessas de Abril, né?
As conquistas de Abril!
Eram só paleio a partir do momento que tas começaram a tirar e tu ficaste quietinho, né filho?
E tu fizeste como o avestruz, enfiaste a cabeça na areia, "não é nada comigo, não é nada comigo", né?
E os da frente que se lixem...
E é por isso que a tua solução é não ver, é não ouvir, é não querer ver, é não querer entender nada,
precisas de paz de consciência,
não andas aqui a brincar, né filho?
Precisas de ter razão,
precisas de atirar as culpas para cima de alguém
e atiras as culpas para os da frente,
para os do 25 de Abril,
para os do 28 de Setembro,
para os do 11 de Março,
para os do 25 de Novembro, para os do...
... que dia é hoje, hã?

FMI Dida didadi dadi dadi da didi
FMI ...

Não há português nenhum que não se sinta culpado de qualquer coisa, não é filho?
"Todos temos culpas no cartório", foi isso que te ensinaram, não é verdade?
Esta merda não anda porque a malta, pá, a malta não quer que esta merda ande. Tenho dito.
A culpa é de todos, a culpa não é de ninguém, não é isto verdade?
Quer-se dizer, há culpa de todos em geral e não há culpa de ninguém em particular!
Somos todos muita bons no fundo, né?
Somos todos uma nação de pecadores e de vendidos, né?
Somos todos, ou anti-comunistas ou anti-fascistas,
estas coisas até já nem querem dizer nada, ismos para aqui, ismos para acolá,
as palavras é só bolinhas de sabão, parole parole parole
e o Zé é que se lixa,
cá o pintas é sempre mexilhão...

Eu quero lá saber deste paleio vou mas é ao futebol, pronto,
viva o Porto, viva o Benfica,
Lourosa! Lourosa!
Marrazes! Marrazes!
Fora o arbitro! gatuno! Qual gatuno, qual caralho!

Razão tinha o Tonico Bastos para se entreter, né filho?
Entretem-te, filho, com as tuas viúvas e as tuas órfãs
que o teu delegado sindical vai tratando da saúde aos administradores,
entretem-te, que o ministro do trabalho trata da saúde aos delegados sindicais,
entretem-te, filho, que a oposição parlamentar trata da saúde ao ministro do trabalho,
entretem-te, que o Eanes trata da saúde à oposição parlamentar,
entretem-te, que o FMI trata da saúde ao Eanes,
entretém-te, filho,
e vai para a cama descansado
que há milhares de gajos inteligentes a pensar em tudo neste mesmo instante,
enquanto tu adormeces a não pensar em nada,
milhares e milhares de tipos inteligentes e poderosos
com computadores, redes de policia secreta, telefones, carros de assalto, exércitos inteiros, congressos universitários, eu sei lá!
Podes estar descansado que o Teng Hsiao-Ping está a tratar da tua vida com o Jimmy Carter,
o Brejnev está a tratar de ti com o João Paulo II,
tudo corre bem,
a ver quem se vai abotoar com os 25 tostões de riqueza que tu vais produzir amanhã nas tuas oito horas.
A ver quem vai ser capaz de convencer de que a culpa é tua e só tua se o teu salário perde valor todos os dias,
ou de te convencer de que a culpa é só tua se o teu poder de compra é como o rio de S. Pedro de Muel
que se some nas areias em plena praia, ali a 10 metros do mar em maré cheia e nunca consegue desaguar de maneira que se possa dizer: porra, finalmente o rio desaguou!

Vão-te convencer de que a culpa é tua e tu sem culpa nenhuma, estás tu a ver? Que tens tu a ver com isso, não é filho?
Cada um que se vá safando como puder, é mesmo assim, não é?
Tu fazes como os outros, fazes o que tens a fazer:
- votas à esquerda moderada nas sindicais,
- votas no centro moderado nas deputais,
- e votas na direita moderada nas presidenciais!
Que mais querem eles? que lhes ofereças a Europa no natal?!
Era o que faltava!

É assim mesmo, julgam que te levam de mercedes?
toma, para safado, safado e meio, né filho? nem para a frente nem para trás!
e eles que tratem do resto, os gatunos, que são pagos para isso, né?
Claro! Que se lixem as alternativas, para trabalho já me chega.

Entretem-te meu anjinho, entretem-te,
que eles são inteligentes,
eles ajudam,
eles emprestam,
eles decidem por ti,
decidem tudo por ti:
- se hás-de construir barcos para a Polónia ou cabeças de alfinete para a Suécia,
- se hás-de plantar tomate para o Canada ou eucaliptos para o Japão,
descansa que eles tratam disso,
- se hás-de comer bacalhau só nos anos bissextos ou se hás-de beber vinho sintético de Alguidares-de-Baixo!

Descansa, não penses em mais nada,
que até neste país de pelintras se acha normal haver mãos desempregadas e se acha inevitável haver terras por cultivar!

Descontrai baby, come on descontrai,
afinfa-lhe o Bruce Lee, afinfa-lhe a macrobiótica, o biorritmo, o horoscópio, dois ou três ovniologistas, um gigante da ilha de Páscoa
e uma Grace do Mónaco de vez em quando para dar as boas festas às criancinhas!

Piramiza filho, piramiza,
antes que os chatos fujam todos para o Egipto,
que assim é que tu te fazes um homenzinho
e até já pagas multa se não fores ao recenseamento.
Pois pá, isto é um país de analfabetos, pá!

Dá-lhe no Travolta,
dá-lhe no discossáunde,
dá-lhe no pop-chula,
pop-chula pop-chula,
yeah yeah, jo-ta-pi-men-ta-for-e-ver!

Quanto menos souberes a quantas andas melhor para ti!
Não te chega para o bife? - antes no talho do que na farmácia!
Não te chega para a farmácia? - antes na farmácia do que no tribunal!
Não te chega para o tribunal? - antes a multa do que a morte!
Não te chega para o cangalheiro? - antes para a cova do que para não sei quem que há-de vir,
cabrões de vindouros!

Hã? Sempre a merda do futuro! E eu que me quilhe!
Pois, pá!
Sempre a merda do futuro, a merda do futuro, e eu hã?
Que é que eu ando aqui a fazer?
Digam lá! e eu? José Mário Branco, 37 anos,
isto é que é uma porra!
anda aqui um gajo cheio de boas intenções,
a pregar aos peixinhos,
a arriscar o pêlo,
e depois?
É só porrada e mal-viver, é?
"O menino é mal criado", "o menino é pequeno-burguês", "o menino pertence a uma classe sem futuro histórico"...

Eu sou parvo ou quê?
Quero ser feliz, porra,
quero ser feliz agora,
que se foda o futuro,
que se foda o progresso,
mais vale só do que mal acompanhado!

Vá: mandem-me lavar as mãos antes de ir para a mesa, filhos da puta de progressistas do caralho da revolução que vos foda a todos!

Deixem-me em paz, porra,
deixem-me em paz e sossego,
não me emprenhem mais pelos ouvidos, caralho,
não há paciência, não há paciência,
deixem-me em paz caralho,
saiam daqui,
deixem-me sozinho só um minuto,
vão vender jornais e governos e greves e sindicatos e policias e generais para o raio que vos parta!

Deixem-me sozinho, filhos da puta,
deixem só um bocadinho,
deixem-me só para sempre,
tratem da vossa vida que eu trato da minha, pronto, já chega,
sossego porra, silêncio porra,
deixem-me só, deixem-me só, deixem-me só,
deixem-me morrer descansado.

Eu quero lá saber do Artur Agostinho e do Humberto Delgado,
eu quero lá saber do Benfica e do bispo do Porto,
eu quero se lixe o 13 de Maio e o 5 de Outubro e o Melo Antunes e a rainha de Inglaterra e o Santiago Carrilho e a Vera Lagoa,
deixem-me só porra!
rua!
larguem-me!
desòpila o fígado,
arreda!
t’arrenego Satanás!
filhos da puta!

Eu quero morrer sozinho ouviram?
Eu quero morrer,
eu quero que se foda o FMI,
eu quero lá saber do FMI,
eu quero que o FMI se foda,
eu quero lá saber que o FMI me foda a mim,
eu vou mas é votar no Pinheiro de Azevedo se ele tornar a ir para o hospital, pronto, bardamerda o FMI,
o FMI é só um pretexto vosso seus cabrões,
o FMI não existe,
o FMI nunca aterrou na Portela coisa nenhuma,
o FMI é uma finta vossa para virem para aqui com esse paleio,
rua!
desandem daqui para fora!
a culpa é vossa!
a culpa é vossa!
a culpa é vossa!
a culpa é vossa!
a culpa é vossa!
a culpa é vossa!

oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe...

(...)
Mãe, eu quero ficar sozinho...
Mãe, não quero pensar mais...
Mãe, eu quero morrer mãe.
Eu quero desnascer,
ir-me embora, sem sequer ter de me ir embora.
Mãe, por favor!
Tudo menos a casa em vez de mim,
útero maldito que não sou senão este tempo que decorre entre fugir de me encontrar e me encontrar fugindo...
de quê mãe?

Diz, são coisas que se me perguntem?

Não pode haver razão para tanto sofrimento.

E se inventássemos o mar de volta?
E se inventássemos partir, para regressar?
Partir, e aí, nessa viajem, ressuscitar da morte às arrecuas que me deste.
Partida para ganhar,
partida de acordar, abrir os olhos,
numa ânsia colectiva de tudo fecundar,
terra, mar, mãe...

Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto,
lembrar - nota a nota - o canto das sereias,
lembrar o "depois do adeus",
e o frágil e ingénuo cravo da Rua do Arsenal,
lembrar cada lágrima,
cada abraço,
cada morte,
cada traição,
partir aqui,
com a ciência toda do passado,
partir, aqui, para ficar...

Assim mesmo,
como entrevi um dia,
a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila,
o azul dos operários da Lisnave a desfilar,
gritando ódio apenas ao vazio,
exército de amor e capacetes.

Assim mesmo, na Praça de Londres, o soldado lhes falou:
- Olá camaradas, somos trabalhadores, e eles não conseguiram fazer-nos esquecer; aqui está a minha arma para vos servir.

Assim mesmo,
por trás das colinas onde o verde está à espera,
se levantam antiquíssimos rumores,
as festas e os suores,
os bombos de Lavacolhos,
assim mesmo senti um dia,
a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila,
o bater inexorável dos corações produtores, os tambores.
- De quem é o carvalhal?
- É nosso!

Assim te quero cantar, mar antigo a que regresso.
Neste cais está arrimado o barco-sonho em que voltei.
Neste cais eu encontrei a margem do outro lado, Grandola Vila Morena.

Diz lá: valeu a pena a travessia? Valeu pois.

Pela vaga de fundo se sumiu o futuro histórico da minha classe.
No fundo deste mar, encontrareis tesouros recuperados, de mim que estou a chegar do lado de lá para ir convosco.
Tesouros infindáveis que vos trago de longe e que são vossos,
o meu canto e a palavra.
O meu sonho é a luz que vem do fim do mundo, dos vossos antepassados que ainda não nasceram.
A minha arte é estar aqui convosco
e ser-vos alimento e companhia
na viagem para estar aqui
de vez.

Sou português,
pequeno-burguês de origem,
filho de professores primários,
artista de variedades,
compositor popular,
aprendiz de feiticeiro.
Faltam-me dentes.

Sou o Zé Mário Branco,
37 anos, do Porto,
muito mais vivo que morto.

Contai com isto de mim
para cantar e para o resto.

José Mário Branco 
(texto escrito de um só jorro numa noite de Fevereiro de 1979)

  SER SOLIDÁRIO

Ser solidário assim pr’além da vida
Por dentro da distância percorrida
Fazer de cada perda uma raiz
E improvavelmente ser feliz

De como aqui chegar não é mister
Contar o que já sabe quem souber
O estrume em que germina a ilusão
Fecundará por certo esta canção

Ser solidário assim tão longe e perto
No coração de mim por mim aberto
Amando a inquietação que permanece
Pr’além da inquietação que me apetece

De como aqui chegar nada direi
Senão que tu já sentes o que eu sei
Apenas o momento do teu sonho
No amor intemporal que nos proponho

Ser solidário sim, por sobre a morte
Que depois dela só o tempo é forte
E a morte nunca o tempo a redime
Mas sim o amor dos homens que se exprime

De como aqui chegar não vale a pena
Já que a moral da história é tão pequena
Que nunca por vingança eu te daria
No ventre das canções sabedoria

José Mário Branco

terça-feira, 23 de julho de 2013

ESPECIAL MÚSICAS DO MUNDO

E as músicas especiais de hoje são...
(23 de Julho de 1920, nasce a cantora portuguesa e musa do fado, Amália Rodrigues)

AMÁLIA RODRIGUES -«Casa das Tabuinhas»
Casa Da Mariquinhas by Amália Rodrigues on Grooveshark
Poet'anarquista

CASA DAS TABUINHAS

Foi no Domingo passado que passei
À casa onde vivia a Mariquinhas
Mas está tudo tão mudado
Que não vi em nenhum lado
As tais janelas que tinham tabuinhas

Do rés-do-chão ao telhado
Não vi nada, nada, nada
Que pudesse recordar-me a Mariquinhas
E há um vidro pegado e azulado
Onde via as tabuinhas

Entrei e onde era a sala agora está
À secretária um sujeito que é lingrinhas
Mas não vi colchas com barra
Nem viola nem guitarra
Nem espreitadelas furtivas das vizinhas

O tempo cravou a garra
Na alma daquela casa
Onda às vezes petiscávamos sardinhas
Quando em noites de guitarra e de farra
Estava alegre a Mariquinhas

As janelas tão garridas que ficavam
Com cortinados de chita às pintinhas
Perderam de todo a graça porque é hoje uma vidraça
Com cercaduras de lata às voltinhas

E lá pra dentro quem passa
Hoje é pra ir aos penhores
Entregar o usurário, umas coisinhas
Pois chega a esta desgraça toda a graça
Da casa da Mariquinhas

Pra terem feito da casa o que fizeram
Melhor fora que a mandassem prás alminhas
Pois ser casa de penhor
O que foi viver de amor
É ideia que não cabe cá nas minhas

Recordações de calor
E das saudades o gosto eu vou procurar esquecer
Numas ginjinhas

Pois dar de beber à dor é o melhor
Já dizia a Mariquinhas
Pois dar de beber à dor é o melhor
Já dizia a Mariquinhas

Amália Rodrigues

(23 de Julho de 2004, morre o mestre da guitarra portuguesa, Carlos Paredes)

CARLOS PAREDES - «Dança»
Dança by Carlos Paredes on Grooveshark
Poet'anarquista

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...
(23 de Julho de 1944, nasce a pianista portuguesa Maria João Pires)

MARIA JOÃO PIRES
«Chopin: Nocturno Nº.3 em B, Op.9 Nº.3»

segunda-feira, 22 de julho de 2013

CARTOON versus QUADRA

Anúncio Histórico
HenriCartoon

«ANÚNCIO HISTÓRICO»

-Podtugueses:
O glande vencedod do Big Bdothed
É o Guedes, uma peganhosa lesma…?
Peddão, continua tudo na mesma.
Ó Madia, tdocaste o texto ao Fathed!?...
-Reveses!

Traduzindo…

-Portugueses:
O grande vencedor do Big Brother
É o Guedes, uma peganhosa lesma…?
Perdão, continua tudo na mesma.
Ó Maria, trocaste o texto ao Father!?...
-Reveses!

POETA

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...
(22 de Julho de 1946, nasce a cantora francesa Mireille Mathieu)

MIREILLE MATHIEU - «Der Pariser Tango»
Der Pariser Tango by Mireille Mathieu on Grooveshark
Poet'anarquista

O TANGO PARISIENSE

Este é o Tango Senhor Paris
Toda a Paris dançando este Tango Senhor
E eu mostro-lhes como este passo
 Porque eu sei como eles fazem.

Paris Tango Tango
Eu dou meu coração ao Tango
A noite é azul e o vinho doce
Dançamos na felicidade
Em Paris Tango Tango
Com isso espero que permaneça
Assim por muito tempo

Uma vida tão bonita quanto hoje
Com você e eu para todas as vezes.

Num pequeno café
Perto de Champs-Elysées
Onde Robert vem jogando há anos
Que nunca foram atingidos
Como ele se fez
Mas você apenas riu
Então, ele tocou uma música
E um milagre aconteceu:

Este é o Tango Senhor Paris
Toda a Paris dançando o Tango Senhor
E eu mostro-lhes este passo
Porque eu sei como eles fazem.

Num Tango Tango em Paris
Eu dou meu coração ao Tango
A noite é azul e o vinho doce
Dançamos na felicidade
Em Paris Tango Tango

Com isso espero que permaneça 
Assim por muito tempo
Uma vida tão bonita quanto hoje
Com você e eu por todo o tempo.

Uma vida tão bonita quanto hoje
Com você e eu por todos os tempos.

Mireille Mathieu

PINTURA - ANTONIO SAURA

O pintor e escritor espanhol Antonio Saura, nasceu em Huesca, a 22 de Setembro de 1930. Foi um dos mais importantes pintores do pós-guerra a surgir em Espanha na década de cinquenta, e o seu trabalho marcou várias gerações de artistas. A voz crítica deste representante da arte espanhola do séc. XX , continua a ser bastante recordada nos dias de hoje. Saura faleceu em Cuenca, a 22 de Julho de 1998.
Poet’anarquista
Antonio Saura
Pintor e Escritor Espanhol

«Retrato Imaginário»
António Saura
SOBRE O ARTISTA...

Antonio Saura nasce em Huesca em 1930 e morre em Cuenca em 1998.

Começa a pintar e escrever, em Madrid, em 1947,enquanto permanece imobilizado durante cinco anos, doente de tuberculose.

Reivindicando a influência de Arp e Tanguy, distinguindo, no entanto, com um estilo muito pessoal, fez inúmeros desenhos e pinturas de sonho e de caráter surrealista, nomeadamente representações de paisagens imaginárias, criando uma área plana, suave e rica em cores.

Primeira viagem a Paris em 1952.

Sucessivas estadias em Paris, em 1954 e 1955.

Nesta segunda ocasião, ele conheceu Benjamin Péret e frequenta o grupo surrealista de que se distancia com seu amigo, o pintor Simon Hantaï.

Emprega a técnica de Grattage, adopta um estilo gestual e faz uma pintura radicalmente abstracta, colorida, de design funcional e aleatório.

Começa a pintar ocupando o espaço da tela de várias maneiras muito diferentes, criando estruturas formais próprias, que a partir desse momento não deixará de desenvolver.

São as primeiras formas que irá em breve tornar-se arquétipos do corpo feminino e da figura humana.
Estas são duas questões fundamentais que dominam grande parte do seu trabalho.

Após 1956, Saura iniciou a sua grande série: Meninas, Nudês, Autoretrato, Sudario, crucificação, pintando tanto em tela como em papel. Funda em Madrid, o grupo El Paso, em 1957, e dirige-a até à sua dissolução em 1960.

Conhece Michel Tapié.

Primeira exposição individual na  galeria de Rodolphe Stadler em París, onde expõe regularmente durante toda a sua vida.

Através de Stadler conhece Otto van Loo em Munique e Pierre Matisse, em Nova York, que exibiu o seu trabalho e também o representam.

Limita a sua paleta de preto, cinza e marrom.

Declarou no seu próprio estilo, independente dos movimentos e tendências da sua geração.

O seu trabalho está em consonância com Velázquez e Goya.

As suas pinturas estão em grandes museus. A partir de 1959, desenvolve uma obra prolífica e ilustrações originais em inúmeros livros tais como Don Quijote de Cervantes,  1984 de Orwell, Pinocho na adaptação de Nöstingler, Diarios de Kafka, Trois visions de Quevedo, e muitos mais.

Em 1960, começa a esculpir criando obras compostas por elementos de metal soldados, que representam a figura humana, personagens e cruxificações.

Em 1967 instala-se definitivamente em Paris.

Está envolvido na oposição à ditadura franquista e participou em inúmeros debates e controvérsias na arena política e na estética e criação artística.

Amplia o seu registo temático e pictórico.

Aparecem junto a las Mujer-sillón, as séries Retrato imaginario, El Perro de Goya y Retrato imaginario de Goya.

Em 1971 abandonou a pintura sobre tela (que será retomado em 1979) para dedicar-se à escrita, desenho e pintura sobre papel.

A partir de 1977 iniciou a publicação de seus escritos.

Realiza vários cenários para o teatro, ballet e ópera.

De 1983 até sua morte prematura, retoma e desenvolve completamente todos os seus temas e figuras criando, talvez, o seu melhor trabalho.
Fonte: http://www.alphartgallery.com/
«Crucificação»
António Saura

«Dom Quijote»
António Saura

«Dona Jeronima de la Fuente»
António Saura

«Grito VII»
António Saura

«O Bispo»
António Saura

«O Rabo do Touro»
António Saura

«Sem Título- Técnica de Raspagem»
António Saura

«O ABSTRACTISMO»

ANTONIO SAURA