sexta-feira, 30 de setembro de 2011

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

SANTANA - «Soul Sacrifice»

Poet'anarquista

«CONTOS DO NASCER DA TERRA»

Mia Couto
Escritor Moçambicano

XXXI CONTO - «O general infanciado»

General Mouzinho de Albuquerque
«A Saga»

O GENERAL INFANCIADO

O General Orolando Resoluto era um homem congélido, capaz de frigorificar o mais pequeno sentimento. Desses que lambem a carta para colar o selo. Seu único amor: a pátria. Sua exclusiva paixão: a guerra. A família ele a vivia com espírito de dever, encargo biológico, contrato social. Por obrigação lhe nasceu o filho, sua primeira e única descendência. O menino veio à luz e o general Resoluto, impassível, espreitou o berço,mais inspector que parente:
- “Hum!”
E mais nada, senão essa interjeição seca. Rectilíneo, o general não despenteou nervo. A mulher Rosanita sorriu: estaria o marido apenas invisivelmente comovido? A esposa havia sido formada em credo e cruz, um terço da vida no terço. Mal saída da catequese ela catecasou-se. Rosanita sabia que os homens se comportam, neste mundo, como estrangeiros. A machice é arrogância dos que têm medo, mais excluídos que emigrantes. Só as mulheres são indígenas da vida. Paciente, a esposa ainda negociou com ele um riso:
- “Então, senhor pai?”
Rosanita arredondava os cantos às palavras mas Orolando Resoluto não desenrijeceu. Simplesmente, ajeitou a colcha no berço como se corrigisse a linha de um desenho. Nem um carinho, nem um despenhar de alma. Nada, só aquele gélido olhar de quem passa revista às tropas.
Já em casa, ele recusou dar colo ao estreado filho. A farda era imaculável, inodoável.
Haja disciplinas. A mulher muito se sofria com aquele alheamento.
O tempo ia tricotando semanas e o militarão continuava impávido, sem sequer se
chegar ao menino. No dia do registo Rosanita impôs obrigamentos de credo:
- “Quero que lhe ponha nome de santo”.
Orolando protestou: havia mandos da tradição, regulamento de família. Depois, o que se impunha era nome guerreiro, não fosse a criança amolecer logo de apelido. E sentenciou heróicas nomeações: Gungunhana, Muzila, Sochangane.
- “Quero nome de santo. Me deixe carinhar esse menino, me favoreça um nome de
santo para lhe darmos garantias”.
Cristóvão ficou. Notificado de ternura: Cristovinho. O menino cresceu e foi enchendo a casa de contentações. O general se incomodava e urgia a mulher de pôr cobro às excendentárias alegrias. Cristovinho em tudo inventava brinquedo. O pai se libertava da farda e ele, instantâneo, pegava as solenes medalhas e as pendurava em desrespeitosos lugares.
- “Deixe, Orolando. Ele só está dar riso ao metal”.
Volta e não-volta, o menino laçava os bracinhos no paterno pescoço. Nordicamente, o general rompia o abraço. Mas quanto mais afastava o filho mais ele se chegava. Até que o miúdo cresceu a ponto de aniversários. Começava o serviço da infância, voz e riso solares. Aquela alegria não tinha companhia do pai. A mãe sempre rezando para que o marido se detivesse um simples instante de ternura. Ao menos o santificado nome do miúdo operasse em Orolando um desatendido milagre. Em vão.
Certa tarde, o menino desapareceu. Perdido no jardinzal da frente, fugido da mão da tia. A mãe chamou o marido em aflição, avisando-o da tragédia. O general fez subir nos ombros as divisas. Resgatar o miúdo era missão de honra. Na falta de guerra há que inventar outros belicismos. E saiu, no encalço da procura.
Depois de muito voltear, Orolando encontra o menino junto dos falecidos balouços.Cristovinho persegue um balão vagabundo. O pai, vigoroso, intende encher o balão de imediatos furos. Com raiva, o balão lhe escapa e sobe, matreiro. Rodopiou no ar, o militar salta, as medalhas se soltam e tombam com tilintes e requintes. O menino despercebe: acredita que o soturno pai, finalmente, se decidiu a brincadeiras. E junta-se aos saltos do pai, deflagrando risos. O general em fúria dá voz de comando ao balão. E quando já crê ter o brinquedo domado, misteriosa brisa o faz soltar e ressubir em livres cambalhotações. Até que o general em fúria saca da pistola e dispara. O primeiro tiro desconsegue. No segundo tiro, o balão subita-se, deflagrado. Com o susto, o menino cai e fere o rosto numa pedra. O sangue ingénuo e inocente enche os lenços do pai. O militar, num momento, se aflige e recolhe o menino nos braços. Cristovinho se aconchega no colo dele e assim se deixa até chegar a casa, já adormecido.
No portão, a mãe espera, atarantonta. O pai abre alas e conduz a criança, dormida, ao leito. A mãe segue atrás, as mãos se recolhendo uma na outra como pássaros cegos. Vê o general sentar no leito do menino e debruçar cuidados, quase paternos. Rosanita sonha que esse momento é a terna eternidade, fracção de paraíso. E dá graças aos céus pela visão.
Nessa noite, o general é que levanta para espreitar o sossego do menino. Dia seguinte, ele chega mais cedo do serviço e acorre ao quarto para olhar o filho. E assim toda a semana: Orolando Resoluto escapa do quartel e entra em casa, urgente, sem cumprimentar esposa nem parar no televisor. Vem ver o filho, escutar suas brincriações.
Fim da tarde, ele pega a mão do menino e vai passear com ele, compra-lhe doces, mimos.
A mulher contenta-se, crendo em milagre. Mesmo que Orolando, agora, apenas lhe preste desatenções. Não é só ela a alheada. O general vai amolecendo a ponto de esquecer as invioláveis obrigações. A carreira de militar está agora descarreirando. Um dia, distraído, entrou no quartel ainda envergando a máscara com que brincava.
As botas, outrora intocáveis, agora são divertimento. As medalhas servem de
imaginários veículos, carregados de pedrinhas e poeiras. Certa manhã, Resoluto estende um bilhete à mulher e lhe pede que faça entrega dessa mensagem no quartel.
- “Está escrito que eu não vou, estou doente.
- “Verdade, mando?
- “Não. Eu quero só ficar com Cristovinho”.
Essa manhã faltou ao serviço. Outras manhãs, idem. Ao pouco e pouco ele se inseparava do menino, se distanciando das militares obrigações. Até que, definitivamente, se demitiu, prescindindo de carreira, acumuladas honras, engomadas memórias.
Agora, Orolando Resoluto só fica em casa. Se transferiu de vez para o quarto do menino. Dormem juntos, pai e filho, abraçados em bonecos. O ex-general adormece fetal, meninado. Tal pai, fatal filho. A mulher entra no quarto, noite alta, e aconchega o sono de seus dois meninos.

Mia Couto
Até prá semana...
Poet'anarquista

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

POESIA - MATIAS JOSÉ

«Anjo Caído»
Leocesar

UM ANJO NA TELA

Afinal sempre existe um anjo
Pintado em tons de rubro sangue,
(Sangue teu por sinal)
Nas asas pingos vão escorrendo
Anunciando o desfecho final!
Faz tempo que eu desejo
 Nessa tela um anjo admirar...
Os traços, as formas e cores
Para sempre no meu olhar.
Por isso, se puderes,
Traz até perto de mim
Esse Anjo que descrevi...
E com sangue foste assinar!!

Matias José

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA NO FÓRUM

OLHAR AS COISAS
(Momento Único)

O instante momento
Que passa...
A vida!
Uma imagem...
Ou um sonho
Que fica
Para sempre
No teu olhar!!

Matias  José
Fórum Cultural de Alandroal
«O Alentejo no Olhar de Vicente e Claré»

Alentejo em Exposição Fotográfica no Fórum Cultural de Alandroal

Dando continuidade ao ciclo de exposições e mostras com que tem vindo a brindar os alandroalenses, e depois da exposição do pintor “Vitor Rosa”, o Fórum Cultural de Alandroal inaugura no próximo dia 1 de Outubro a exposição de fotografia “Alentejo”, da autoria conjunta de Vicente Arrifes e José Inácio Claré, ambos artistas locais.

Composta por cerca de 30 obras, a exposição tem como tema de fundo o Alentejo e pretende mostrar ao público as diversas interpretações que os autores fazem desta região do país. O azul do céu alentejano, as imensas planícies, os verdes campos e os aspectos únicos da sua cultura, são algumas das vertentes abordadas pelos autores nas suas obras.   

O certame estará patente no Fórum Cultural de Alandroal durante todo o mês de Outubro. De referir que, depois da inauguração da exposição, marcada para as 21:00 horas do próximo dia 1 de Outubro, haverá ainda lugar para um espectáculo musical com o fadista Mário Moita, a partir das 21:30.
Fonte: gabinete inprensa/cmalandroal 

FADOS NO FÓRUM

Fórum Cultural de Alandroal
«Fados»

Alandroal Recebe Noites de Fado no Próximo Fim-de-Semana 

O Fado, essa expressão de música popular característica de Portugal, vai estar em destaque nos próximos dias 30 de Setembro e 1 de Outubro, no Alandroal.

Mário Moita, Paula Ficalho, José Geadas e João Esquetim, são alguns dos nomes que vão passar pelo Fórum Cultural de Alandroal, numa iniciativa financiada, e com entradas gratuitas. 

O espectáculo tem início na noite de sexta-feira, dia 30 de Setembro, a partir das 21:30 horas, com as actuações de João Ficalho, João Esquetim, José Geadas, Maritina e Paula Ficalho. 

Para a noite de Sábado, 1 de Outubro, também a partir das 21:30, está guardada a actuação de Mário Moita e o seu Fado ao Piano, espectáculo romântico que junta fados tradicionais portugueses e originais do artista. 

Por tudo isto, e se gosta de Fado, venha ao Fórum Cultural de Alandroal, nos próximos dias 30 de Setembro e 1 de Outubro, e experimente momentos de agradável convívio, cultura e animação, em duas noites que prometem ser inesquecíveis.
Fonte: gabinete imprensa/cmalandroal

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

GENESIS - «Carpet Crawlers»

Poet'anarquista

PINTURA - MICHELANGELO MERESI DA CARAVAGGIO

O pintor italiano Michelangelo Meresi da Caravaggio, nasceu em Milão a 29 de Setembro de 1571. Artista do período Barroco do qual foi seu representante principal, pintou em Roma, Nápoles, Malta e Secília. O nome de Caravaggio foi adoptado pelo pintor por ser o nome da aldeia natal de sua família.
Poet'anarquista
Michelangelo Meresi da Caravaggio
Retratado por Ottavio Leoni
BIOGRAFIA

Pintor italiano nascido na localidade lombarda de Caravaggio, , um dos mais originais da história da arte, que exibiu um realismo deliberadamente cru, desprezando a composição harmoniosa e a beleza ideal para encher os seus quadros religiosos de tipos populares e sujos, encontrados nas ruas de Roma.

Órfão aos 11 anos, transferiu-se para Milão, onde trabalhou no ateliê de Simone Petrazano, um discípulo maneirista de Ticiano. Em Roma, no momento em que o maneirismo fantástico e retórico era combatido pelo classicismo académico, ousou opor-se ao classicismo eclético, aos imitadores de Michelangelo e Rafael e aos adeptos da escola académica de Bolonha.

Ao mesmo tempo em que causavam sensação, os seus quadros também provocaram escândalo e por várias vezes obras encomendadas por igrejas foram rejeitadas pelos padres.

Após muitas telas passou a usar tipos populares como modelos para os próprios personagens bíblicos das suas telas e entre as obras-primas do pintor, o mais conhecido dos chamados tenebrosi, são os três quadros na igreja de San Luigi de' Francesi, em Roma: «Vocação de São Mateus», «São Mateus e o Anjo» e «Martírio de São Mateus».

Em vida e nos decénios seguintes, foi desprezado pelo dominante gosto académico, mas a sua influência, sobretudo com o claro-escuro, tornou-se enorme e internacional.

O estilo caravaggista apareceu em numerosos nomes como Ribera, Rembrandt, Georges de La Tour, Le Valentin, Guercino.

Levou vida altamente irregular, repleta de brigas violentas, duelos e prisões, e teve de fugir para a Sicília para escapar a uma condenação certa. Na viagem de volta a Roma, em sua passagem por Nápoles, foi ferido e morreu na praia de Porto Ercole.
Fonte: NetSaber
«São Jerónimo»
Michelangelo Meresi da Caravaggio

«Triunfo de Judite»
Michelangelo Meresi da Caravaggio

«Esse Homem»
Michelangelo Meresi da Caravaggio

«A Flagelação de Cristo»
Michelangelo Meresi da Caravaggio

«O Enterro de Cristo»
Michelangelo Meresi da Caravaggio

«A Ceia de Emaús»
Michelangelo Meresi da Caravaggio

«Medusa»
Michelangelo Meresi da Caravaggio

«PINTURA DO BARROCO»

MICHELANGELO MERESI DA CARAVAGGIO

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

SÉTIMA ARTE NA FORTALEZA DE JUROMENHA

Filme Documental - «O Guadiana»
Sétima Arte na Fortaleza de Juromenha

Filme documental «O Guadiana» em Juromenha no próximo dia 4 de Outubro

Depois de ter sido exibido em Mértola, Mourão, Monsaraz e Aldeia da Luz, o filme documental “O Guadiana” chega agora a Juromenha. A Junta de Freguesia de Nossa Senhora do Loreto, em Juromenha, vai ser o palco para a exibição do filme que tem como locutor o aclamado actor Rui de Carvalho, no próximo dia 4 de Outubro.

Com início marcado para as 21:00 horas, esta iniciativa com entrada gratuita, tem ainda para oferecer a actuação do poeta popular Domingos Pinto que, com os seus 87 anos de sabedoria e experiência, promete encantar o público com as suas rimas.

Realizado em 1980 por Silva e Carvalho, António Vaz da Silva, Pedro Vilas Boas e Ana Barbosa, “O Guadiana” é um filme documental que acompanha todo o percurso Rio em território nacional, desde a Ponte da Ajuda (Elvas) até ao Oceano, focando várias localidades que, então, conviviam com o Guadiana. Trata-se de um retrato criterioso das paisagens, dos costumes e dos saberes associados ao rio, comuns a todas as populações que viveram desde sempre acompanhadas pelo Guadiana, onde é mostrada a vila de Juromenha e a forma como os seus habitantes se relacionavam com o Rio.  

O Museu da Luz, em colaboração com as respectivas autarquias, faz agora uma exibição itinerante deste documentário por algumas das localidades alentejanas que nele são referidas. Como não podia deixar de ser, a Câmara Municipal de Alandroal associou-se à iniciativa e convida toda a população a estar presente na Junta de Freguesia de Juromenha, no próximo dia 4 de Outubro para, em conjunto, recordar momentos que fazem parte da história do nosso concelho e da nossa população.
Fonte: gabinete imprensa/cmalandroal 

MÚSICAS DO MUNDO

«Músicas do Mundo» é a nova rubrica a publicar diariamente no Poet'anarquista, em substituição de «Histórias Deste Dia», que teve a sua última publicação no dia 25 de Setembro de 2011. Aceitam-se sugestões, que é como quem diz, pedidos para o blogue postar música do agrado dos visitantes deste espaço Amigos d'Arte. Podem fazê-lo através da caixa de comentários ou enviando e-mail para «kgalhardas@gmail.com». Como outras artes distintas, também a música serve de alimento e companhia para a alma.
Poet'anarquista
E a música de hoje é...


THE BEATLES - «The Fool On The Hill»

Poet'anarquista

PINTURA - ALEXANDRE CABANEL

O pintor francês Alexandre Cabanel, nasceu em Montpellier a 28 de Setembro de 1823. Representante do neoclassicismo académico, dedicou a sua obra à história, mitologia e religiosidade. Excelente aguarelista, foi igualmente um bom retratista, pintor de paisagens e composições decorativas. Estudou na Escola de Belas Artes de Paris, tendo como mestre Picot, e onde mais tarde veio a ser professor. Foi mestre de pintores como António da Silva Porto, João Marques de Oliveira, Rodolfo Amoedo e Almeida Júnior. Faleceu em Paris, a 23 de Janeiro de 1889.
Poet'anarquista
Alexandre Cabanel
Achille Jaquet

«Auto-Retrato»
Cabanel
BREVE BIOGRAFIA
O pintor Alexandre Cabanel nasceu no dia vinte e oito do mês de setembro do ano de 1823, em Montpellier na França e foi um pintor muito bem aceite por todos. 
Com o estilo académico pintava relatos históricos, religiosos e clássicos e foi estudar na École des Beaux-Arts em Paris ainda bem jovem, com apenas dezessete anos. 
A sua primeira exposição foi em Paris no ano de 1844, e com vinte e dois anos de idade já havia ganho o Prix de Rome. 
No ano de 1863 já estava dando aulas na  École des Beaux-Arts.
Faleceu aos sessenta e cinco anos de idade no dia vinte e três do mês de janeiro do ano de 1889, em Paris e deixou um grande acervo com obras magníficas, que actualmente são lembradas. 
Entre essas belíssimas pinturas podemos citar: «A Morte de Moisés» pintada no ano de 1851, e se encontra no museu Dahesh em Nova Iorque, «Ninfa e Sátiro» que foi pintada no ano de 1860, e se encontra numa coleção particular, «O Nascimento de Vênus» pintado no ano de 1863, e está no museu d’Orsay em Paris e muitas outras telas que pertencem a coleções particulares e também a museus.
Fonte: CULTURA.MIX.COM
«A Morte de Francesca de Rimini e Paolo Malatesta»
Cabanel
«Fedra»
Cabanel
«Ofélia»
Cabanel
«Expulsão de Adão e Eva do Jardim do Paraíso»
Cabanel
«Albayde»
Cabanel
«A Condessa de Keller»
Cabanel
«Eco»
Cabanel
«NEOCLASSICISMO»

ALEXANDRE CABANEL

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

PINTURA versus POESIA

«O Enigma do Desejo»
Salvador Dali

 DESEJO
                                                             
Se eu pudesse voltar atrás
Por um dia que fosse,
O que eu não faria
Nesse dia,
Ou nesse instante…
As coisas que te diria!
Talvez nesse momento
Único, Divino…
O tempo parasse
E num olhar ficasse
Esse ‘Dom’ de menino!
                                               
Matias José

DIA MUNDIAL DO TURISMO

«Torre de Menagem Alandroal»
JPGalhardas

 Torre de Menagem do Castelo Aberta para Assinalar Dia Mundial do Turismo

A Câmara Municipal de Alandroal vai abrir a Torre de Menagem do Castelo, durante o dia de amanhã, para assinalar, de forma simbólica, o Dia Mundial do Turismo, que se comemora a 27 de Setembro.

Se nunca teve a oportunidade de visitar a Torre de Menagem do Castelo de Alandroal esta é a ocasião perfeita para o fazer e ficar a conhecer uma das jóias do património histórico e arquitectónico do Alandroal, que normalmente se encontra vedado ao público.

Os técnicos de Turismo da Autarquia alandroalense vão acompanhar as visitas e vão estar disponíveis para esclarecer qualquer dúvida sobre este importante monumento. Para usufruir desta visita guiada basta que se dirija ao Posto de Turismo de Alandroal, na Praça da República, entre as 09:00 e as 16:00 horas.

Erguido sob o reinado de D. Dinis (1279-1325), o Castelo de Alandroal viu a sua primeira pedra lançada em 6 de Fevereiro de 1294. A Torre de Menagem, elemento mais característico do Castelo, foi construída em 1744.
Fonte do texto: gabinete imprensa/cmalandroal

ESCULTURA - ARISTIDE MAILLOL

O escultor e pintor francês do neoclassicismo, Aristide Maillol, nasceu em Banyuls-sur-Mer, a 8 de Dezembro de 1861. Começou como pintor, sendo fortemente influenciado pelos artistas Paul Gaugin e Maurice Denis. Porém, no início do séc. XX, passou a dedicar-se exclusivamente a trabalhos escultóricos. Aristide Maillol, vítima de acidente de automóvel nas proximidades da sua terra natal, faleceu a 27 de Setembro de 1944.
Poet'anarquista
Aristide Maillol
Escultor Francês

«Aristide Maillol»
Retrato por Rippl Rónai

BIOGRAFIA
Estudou pintura em Perpignan na École des Beaux-Arts, em Paris, tendo como mestres Gérome e Cabanel. Aí permaneceu de 1882 a 1886, quando abandonou a pintura pela tapeçaria e pela gravura em madeira. Sofreu a influência de Gauguin e de Maurice Denis. No começo do séc.XX passou a dedicar-se exclusivamente à escultura.Uma viagem à Itália e à Grécia levou-o a uma reapreciação da escultura arcaica, afastando o seu estilo da influência então poderosa de Auguste Rondin. Morreu em desastre de automóvel nas vizinhanças de sua terra natal.
Maillol é primordialmente um escultor do nu feminino, isolado ou em grupo. O seu poderoso neoclassicismo é baseado no estudo constante do modelo vivo. Enquanto a obra de Rodin revela maior carga emocional, as esculturas de Maillol demonstram maior tranquilidade e maior preocupação com o equilíbrio das massas. Ressentem-se, por isso mesmo, de certo formalismo; mas não podem ser tachadas de académicas ou de academicismo. A sua primeira e mais poderosa influência foi a de um anti-académico, Gauguin. As formas dos seus nus são sensualmente arredondadas, podendo em certos casos adquirir conotação ingénua.
Em argila,mármore ou bronze, a obra de Maillol oferece grande unidade, apesar da sua extensão.
Fonte: Wikipédia
«A Musa Dina Vierny»
Maillol
«A Musa Dina Vierny»
Maillol
«A Musa Dina Vierny»
Maillol
«A Musa Dina Vierny»
Maillol
«A Musa Dina Vierny»
Maillol
«A Musa Dina Vierny»
Maillol
«A Musa Dina Vierny»
Maillol
«NEOCLASSICISMO»

ARISTIDE MAILLOL

domingo, 25 de setembro de 2011

HISTÓRIAS DESTE DIA

Chega hoje ao fim a rubrica «HISTÓRIAS DESTE DIA». Faz amanhã 1 ano de publicação ininterrupta no Poet'anarquista dos vídeos sapo «NESTE DIA», assinalando resumidamente factos importantes da história mundial política, social e cultural ao longo dos tempos. Agradeço a todos os Amigos d'Arte que foram acompanhando esta publicação no blogue! Brevemente será anunciada nova rubrica diária com o título...
Poet'anarquista
Aconteceu a 25 de Setembro...

Aconteceu a 25 de Setembro... último dia de publicação da rubrica «Histórias Deste Dia»  Poet'anarquista

sábado, 24 de setembro de 2011

SOBRE ABUSO DE PODER

«O Abuso de Poder»
A EXCEPÇÃO E A REGRA
 Estranhem o que não for estranho.
Tomem por inexplicável o habitual.
Sintam-se perplexos ante o cotidiano.
Tratem de achar um remédio para o abuso.
Mas não se esqueçam
de que o abuso é sempre a regra.
Bertold Brecht

DESABAFO CONTIDO 

Hoje, sinceramente, estou num daqueles dias
Em que o melhor era nem ter despertado.
Ninguém dava pela minha falta…
Nem sequer eu próprio.
Estou assim nesta inquietude,
Esperando que os próximos tempos
Passem o mais rápido possível
E eu possa finalmente respirar de novo.
Resolvi escrever para o blogue este desabafo contido
Para me proteger dos espíritos maus.
Este amigo, embora não me responda, é de todo fiável.
Quem entrar no blogue saberá apenas uma pequena parte…
Nada mais!
Faz tempo que as coisas não andam bem.
Começou há cerca de dois anos atrás
E, como não podia deixar de ser,
Com reflexos negativos nas relações familiares e de amigos.
Fico muitas vezes sem paciência para aqueles que mais gosto
E que habitualmente me dão alguma da sua atenção.
Comecei também a ter dificuldade de concentração
E, por conseguinte... 
A poesia que me serve de alimento e companhia, não flui. 
Para esquecer um pouco toda esta situação
Saio à rua para ir ao café e encontrar os amigos.
Puro engano… os amigos estão lá, mas eu não!
De seguida volto para casa…
E assim se têm passado um pouco os últimos dias,
Neste vai-vém entre me encontrar fugindo,
E fugindo de me encontrar.
Tudo isto é passageiro, como passageira é a existência de uma vida.
Deus levou João Paulo apenas com trinta anos de idade…
Eu já tenho cinquenta!
Sou um felizardo, já vivi mais vinte anos,
No entanto tudo parece tão recente…
Olho em redor, uma casa vazia e em silêncio.
No quintal, refugiados da esturrinha do sol,
Os cães permanecem no telheiro dos fundos
Esperando que a noite traga temperaturas mais agradáveis.
Dentro de casa o mesmo silêncio
Só interrompido pelo bater das teclas do computador. 
Dou por mim escrevendo uma prosa desalinhada e sem sentido,
Quem ler pensará que tudo não passa de uma mistura de palavras
Para esconder o que realmente vai na alma.

Matias José

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

MÚSICA versus POESIA

The Lamb Lies Down on the Broadway
«Carpet Crawler»

TAPETE RASTEJANTE

Está alguém detrás dessa porta,
Ouvem-se ruídos estranhos;
A porta range ao se abrir...
Do outro lado uma criatura à solta!
Vagueio sem destino os caminhos
Pelo corredor perdido, não posso sair;
Dou comigo na sala 30, deserta,
Nas quatro paredes há desenhos
Que fixamente teimam sorrir,
Um sorriso que ninguém nota.
-«Não estamos sozinhos!»…
Diz uma voz que se faz ouvir
Com seu grito de revolta;
Na sala 30 formam-se sonhos…
Tenho pouco tempo para fugir,
Tapete rastejante traz-me de volta!!

Matias José


«CARPET CRAWLER»
GENESIS

CARTOON versus QUADRA

«A Justa Causa»
HenriCartoon

A JUSTA CAUSA

Então pá, eu pago-te para trabalhar, ou quê?...
Ao escritório acertar contas, estás despedido!
Finges mal estar morto, pois ninguém crê,
Que com excesso de trabalho tenhas morrido!!

POETA 

«CONTOS DO NASCER DA TERRA»

Mia Couto
Escritor Moçambicano

XXX CONTO - «O homem da rua»

«Mendigo Lapita»
Henrique Pousão

O HOMEM DA RUA

Ainda o dia andava à procura do céu, vinha eu em vagaroso carro que mais a mim me conduzia. De repente, um homem atravessou a calçada,  desavultado vulto avulso. Uma garrafa o empunhava.  E ele, todo súbito e poentio, se embateu frentalmente na viatura. Saltou pelos ares, se aplacando lá mais adiante, onde se iniciava o passeio. Saí do susto para inspeccionar sua sobrevivência.
Me debrucei sobre o restante dele, seu rolado enrodilhado. Não havia sangue nem quebradura de osso. O maltrapalhado estava a salvo, salvo erro. Todavia, me meteu pena: suas vestes eram a sujidade. Havia quase nenhuma roupa em seu sarro. Mesmo o corpo era o que menos lhe pesava. Os olhos estavam parados, na grade do rosto. Me pareciam pedir, o quê nem sei.
De inesperado, o vagabundo se ergueu e apressou umas passadas para encalçar o longe. Se entrecruzou com sua sombra, assustado de haver escuro e luz. Em muito zig e pouco zag ele acabou por se devolver ao chão. Voltei a acudir, cheio dessa culpa que não cabe na razão. Apanhei o vulto, desarranjado, sem estrutura. Pareceu tontolinho, sempre agarrado ao arregalado gargalo. Me deitou olhos muito espantados e pediu desculpa por incómodos. Apalpou o lugar onde se deitava, e disse:
- “Um de nós está morrendo”.
Entre olhei-me a mim e ao restante mundo. Ele se precisou:
- “Estou falando da terra, parece ela está moribundando”.
Lhe disse que o levaria dali para um sítio que fosse dele. Ajudei-lhe a entrar no meu
carro. Ele recusou com terminância:
- “Não entro em coisa que serve para levar morto”.
Amparei o desandrajoso. Se sustentou em meu ombro e me foi levando pelo passeio
sombrio, através dessa desvastidão onde o negro escurece a preto.
- “Agora o senhor me entorne aqui...
- “Aqui?”
Esfregando-se no pescoço como se as mãos fossem de outrem, acrescentou:
- “Aqui, sim. Quero acordar com dormência de lua”.
Dali ele passou a esbanjar conversa. Quem sabe o homem desjejuava palavra? E dizia
sem aparência nenhuma:
- “Bem hajam as folhas, minha cama!”
E explicava-se enquanto alisava as folhagens mortas: quando se deitava lhe doía a curva da terra, a costela quebrada do próprio universo. Assim deitadinho, todo simetrado com o planeta, um subterrâneo rio falava com suas veias.
- “Até foi bom me aleijar um bocado. Ri-se? Nem sabe como é bom haver um chão
para a gente ter onde cair”.
E nos trocamos nessa conversa com vontade de ser corpo, encosto, adormecimento. Ficámos a ver as luzinhas da cidade, lá em baixo, a lembrar que o homem sofre de incurável medo de ser noite. O país daquele homem seria a noite. Meu território era o dia, com sua luminesciência tanta que serve mais é para deixarmos de ver.
E pensei: o primeiro alimento é a luz. Nos invade logo quando nascemos. Depois, a luminosidade, com suas infinitas cascatas, nos fica a engordar a alma. Em mim, pelo menos, a primeira saudade é da luz. Direi, então: me falta a minha luz natal? Quem sabe a alma deste homem, sempre ninhado no escuro, emagrecera assim a olhos não-vistos? Ohomem é bicho diurno. O dia é bicho humano?
Me foi descendo, espesso, o sono. Avancei despedida não sem retirar do bolso
algumas notas que estendi em direcção ao desastrado:
- “Deixo o senhor com algum dinheiro. Quem sabe lhe virão, mais tarde, as dores do
acidente?”
Para meu espanto ele recusou. Sem veemência, sem nenhum ênfase. Era recusa
verdadeira.
- “Posso pedir uma qualquer coisa?
- “Peça.
- “Me dê um pouco mais da sua acompanhia. Só isso: acompanhia”.
Ainda hesitei, inesperando aquele pedido. O homem nem me fitava, estivesse
envergonhado. E assim, de cabeça baixa, insistiu:
- “É que, sabe, eu não tenho ninguém. Antes ainda tinha quem me dispensasse
migalha de conversa. Mas, agora, já nem. E me dá um medo de me sozinhar por esses aís”.
Quase que falava para dentro, eu devia baixar orelha para o entender. Assim,
cabismudo, prosseguiu:
- “Sabe o que faço? Vou dizer... mas o senhor me prometa que não zanga...
- “Prometo.
- “O que eu faço, agora, é me deixar atropelar. É. Ser embatido num resvalo de quase
nada. Indemnização que peço é só esta: companhia de uma noite”.
Fiquei quieto sem me achar conveniência. Nem gesto nem palavra me defendiam. O atropelado centrou esforço em se erguer, mão sobre o joelho. Já de pé me segurou o cotovelo:
- “Pode ir, à vontade. Nem imagina como senhor me faz bem, me bater e, depois,
me falar. Agora já nem sinto dor nem dentro nem fora”.
Anda fiz menção de ficar, perdido entre garganta e coração. Mas o andrajoso
levantou o braço, em serena sentença:
- “Vá, meu amigo, vá na sua vida”.
Regressei ao carro. Arranquei-me dali, devagar. Olhei no espelho para retrover o vagabundo. Me lembrei então que nem o nome dele eu anotara. Lhe chamo agora: o homem da rua. Seu nome ficará assim, inominável, simplesmente: homem da rua. Lembrando este tempo em que deixou de haver a rua do homem.

Mia Couto
Até prá semana...
Poet'anarquista