sexta-feira, 6 de julho de 2018

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

ROBBIE ROBERTSON - «Sweet Fire Of Love»

Poet'anarquista

DOCE FOGO DO AMOR

(ooh hmmyeah)
(oh yeah, oh...)

Nós não quebramos o silêncio
Nós não temos medo da tempestade
Nós não movemos a terra
Nós não atiramos para o céu
E nós não pegamos o fogo
E nós não chamamos os espíritos
E nós não caímos juntos
E nós não morremos por amor

Dias correndo
Noites se escondendo
Esperando que você foi
Curando dentro de mim

Respirando no doce fogo do amor
Eu não tenho medo de mais nada
Doce, doce fogo eu não estou sozinho
Respirando no doce fogo do amor
Eu não sou mais o mesmo
Doce, doce fogo, o doce fogo do amor

O doce fogo do amor

Não temos cruzado novas águas
Não fizemos um novo sangue
Não construímos novas pontes
Não seguramos a inundação

Quebrando ídolos pela estrada
Eles não caíram pelo lado da lei
Aqui vem ela, brilhando como uma luz
Aqui vem ela, salvando na noite

Dias correndo
Noites se escondendo
Esperando que você foi
Curando dentro de mim

Respirando no doce fogo do amor
Eu não tenho medo de mais nada
Doce, doce fogo, eu não estou sozinho
Respirando no doce fogo do amor
Eu não sou mais o mesmo
Doce, doce fogo, o doce fogo do amor

Fogo do amor
Doce fogo do amor

Não brilhamos como prata
Não ostentamos a cruz
Não descemos o martelo
Não batemos na bateria
Nós não?

Dias correndo
Aqui vem ela, brilhando como uma luz
Noites se escondendo
Aqui vem ela, salvando na noite
Esperando que você foi
Eu estou desistindo do fantasma
Curando dentro de mim
Eu estou desistindo do fantasma

Respirando no doce fogo do amor
Eu não tenho medo de mais nada
Doce, doce fogo, eu não estou sozinho
Respirando no doce fogo do amor
Eu não sou mais o mesmo
Doce, doce fogo, o doce fogo do amor

Doce fogo do amor
Fogo do amor
Amor, amor
Doce fogo do amor
Fogo, sim

Hey, hey alma
hey, hey, amor
hey hey
hey, hey amor

Robbie Robertson
Compositor, Cantor e Guitarrista Canadense

OUTROS CONTOS

«O Casamento da Emília», por Monteiro Lobato.

«O Casamento da Emília»
Casamento na Roça/ Cândido Portinari

1166- «O CASAMENTO DA EMÍLIA»

Durou uma semana o noivado de Emília. Todas as tardes, trazido à força por Pedrinho, aparecia o Marquês de Rabicó para visitar a noiva, e tinha de ficar meia hora na sala, contando casos e dizendo palavras de amor.

Mas apesar de noivo o Rabicó não perdia os seus instintos. Logo que entrava punha-se a farejar a sala, na sua eterna preocupação de descobrir o que comer. Além disso, não prestava a menor atenção à conversa. Não havia nascido para aquelas cerimônias.

Uma tarde, Pedrinho zangou-se e resolveu substituí-lo por um representante.

– Rabicó não vale a pena – disse ele aborrecido. – Não sabe brincar, não se comporta. O melhor é isto, querem ver? – e saiu.

Foi ao quintal e trouxe um vidro vazio de óleo de rícino que andava jogado por lá.

– Esta aqui. De agora em diante o noivo será representado por este vidro azul, e o tal Marquês de Rabicó vai passear – concluiu pregando um pontapé no noivo.

Rabicó raspou-se gemendo três coins , e desde esse dia, enquanto fossava a terra no pomar atrás da tal minhoca de anel na barriga, quem noivava por ele, de cartola na cabeça, era o senhor Vidro Azul.

Emília comportava-se muito bem embora de vez em quando viesse com impertinências.

– Eu já disse a Narizinho: caso, mas com uma condição.

– Eu sei qual é! – adivinhou o senhor Vidro Azul. – Não quer morar na casa do Marquês, com certeza porque não se dá bem com o futuro sogro, os Visconde de Sabugosa.

– Isso não! Até gosto muito do senhor Visconde. O que não quero é sair daqui. Estou muito acostumada.

– O senhor Vidro Azul coçou o gargalo.

– Sim, mas…

– Não tem mas, nem meio mas! Quem manda neste casamento sou eu. O Marquês fica por lá e eu fico por cá – declarou Emília, toda espevitadinha e de nariz torcido.

O representante do noivo suspirou.

– Que pena! O Senhor Marquês já mandou construir um castelo tão bonito, de ouro e marfim, com um grande lago na frente…

Emília deu uma risada.

– Eu conheço os lagos do Marquês! São como aquele célebre “lago azul” que certa vez prometeu à Libelinha lá do Reino das Abelhas.

O senhor Vidro Azul atrapalhou-se. Viu que

Emília não era nada tola e não se deixava enganar facilmente. Procurou remendar.

– Sim, um lago. Não digo um grande lago, mas um pequeno lago, um tanque…

– Uma lata d’água, diga logo! – completou Emília mordendo os beiços.

Narizinho interveio, repreensiva.

– Você esta aqui para noivar, Emília, para dizer coisas bonitas e amáveis, e não para brigar com o representante do Marquês. Veja lá, hein?

E dirigindo ao representante:

– O Senhor Marquês não escreveu ainda uns versos para a sua amada noivinha?

– Escreveu, sim – respondeu o Vidro Azul, metendo a mão no gargalo e sacando um papelzinho. – Aqui estão eles.

E recitou:

Pirulito que bate bate,
Pirulito que já bateu,
Quem adora o Marquês é ela.
Quem adora Emília sou eu.

– Bravos! – exclamou Narizinho batendo palmas. – São lindos esses versos! O Marquês é um grande poeta!…

Emília, porém, torceu o nariz e até ficou meio danadinha.

– O verso esta todo errado! Vou casar-me com Rabicó mas não “adoro” coisa nenhuma. Tinha graça eu “adorar” um leitão!

Narizinho bateu o pé e franziu a testa.

– Emília, tenha modos! Não é assim que se trata um poeta. Você vai ser marquesa, vai viver em salões e precisa saber fingir, ouviu?

Depois, voltando-se para o representante:

– Peço-lhe mil desculpas, senhor Vidro Azul! Emília tem a mania de ser franca. Nunca viveu em sociedade e ainda não sabe mentir. Não é aqui como o nosso Visconde de Sabugosa, que fala, fala e ninguém sabe nunca o que ele realmente esta pensando, não é verdade?

O Visconde fez um gesto que tanto podia ser sim como não.

Desse modo conversavam todas as noites, longo tempo, até que vinha o chá. Chá de mentira com torradas de mentira. Depois do chá, se despediam.

Passada uma semana, a menina queixou-se a Dona Benta:

– Este noivado esta me acabando com a vida, vovó. Todas as noites, tenho de fazer sala para os noivos. Como isto cansa!…

– Mas que é que esta faltando para o casamento, menina?

– Os doces, vovó…

– Já sei. Já sei. Pois tome lá estes níqueis e mande vir os doces.

Como era justamente aquilo que Narizinho queria, lá se foi aos pinotes, com os níqueis cantando na mão.

Chegou afinal o grande dia e vieram os grandes doces: seis cocadas, seis pé-de-moleque e uma rapadura, doce mais que suficiente para uma festa em quase todos os convidados ia comer de mentira.

Pedrinho armou a mesa da festa debaixo de uma laranjeira do pomar e botou em redor todos os convivas.

Lá estavam Dona Benta, Tia Nastácia e vários conhecidos e parentes, todos representados por pedras, tijolos e pedaços de pau. O inspetor de quarteirão, um velho amigo de Dona Benta que às vezes aparecia pelo Sítio do Picapau Amarelo, era figurado por um toco de pau com uma dentadura de casca de laranja na boca.

Chegou a hora. Vieram vindo os noivos. Emília, de vestido branco e véu; Rabicó, de cartola e faixa de seda em torno do pescoço. Vinha muito sério, mas assim que se aproximou da mesa e sentiu o cheiro das cocadas, ficou de água na boca, assanhadíssimo. Não viu mais nada.

Logo depois veio o padre e casou-os. Narizinho abraçou Emília e chorou lágrima de verdade, dando-lhe muitos conselhos. Depois, como a boneca não tivesse dedos, enfiou-lhe no braço um anelzinho seu. Pedrinho fez o mesmo com o Marquês; enfiou-lhe no braço uma aliança de laranja, que Rabicó por duas vezes tentou comer.

Os outros animais do Sítio, as cabras, as galinhas e os porcos, também assistiram à festa, mas de longe. Olhavam, olhavam, sem compreenderem coisa nenhuma.

Terminada a festa. Narizinho disse:

– E agora, Pedrinho?

– Agora – respondeu ele – só falta a viagem de núpcias.

Mas a menina estava cansada e não concordou. Propôs outra coisa. Puseram-se a discutir e esqueceram de tomar conta da mesa de doces. Rabicó aproveitou a ocasião. Foi se chegando para perto das cocadas e de repente – nhoc! Deu um bote na mais bonita.

– Acuda os doces, Pedrinho! – berrou a menina.

Pedrinho virou-se e, vendo a feia ação do pirata, correu para cima dele, furioso. Agarrou o inspetor de quarteirão e arrumou uma valente inspetorada no lombo do porquinho…

– Cachorro! Ladrão! Marquês duma figa!…

Rabicó deu um berro espremido e disparou pelo campo, mas sem largar a cocada.

Como era de prever, não podia dar bom resultado aquele casamento. O génios não se combinavam e, além disso, a boneca não podia consolar-se do logro que levara.

Narizinho ainda tentou convencê-la de que Rabicó era realmente príncipe e Pedrinho só dissera aquilo porque estava danado. Não houve meio. Quando Emília desconfiava, era toda a vida. E desse modo ficou casada com Rabicó, mas dele separada para sempre.

– Esta aí o que você fez! – costumava dizer em voz queixosa. – Casou-me com um príncipe de mentira e agora, esta aí, esta aí…

Narizinho dava-lhe esperanças.

– Tudo se arruma. Um dia, ele morre e eu caso você com o Visconde ou outro qualquer.

Monteiro Lobato

OUTROS CONTOS

«Princesa», conto poético por Manuel Matias.

«Princesa»
Florbela Espanca

1165- «PRINCESA»

Olhai a linda Princesa
Contemplando o mar…
Soneto do verbo amar
Escrito com delicadeza!
A chama estava acesa
E só ela por isso deu,
O amor então morreu
Na meia-praia sozinho…
Escreveu com carinho,
Mas ninguém a entendeu.

Manuel Matias

quinta-feira, 5 de julho de 2018

OUTROS CONTOS

«II Parte - No Lugar Onde se Morre», conto poético por Manuel Matias.

«II Parte - No Lugar Onde se Morre»
Poema de Manuel Matias

1164- «II PARTE - NO LUGAR ONDE SE MORRE»

Ora vamos lá voltar
Ao lugar onde se morre…
Veloz o tempo corre,
Ninguém capaz de o parar.
Difícil de suportar
Uma noite sem sono,
Morre-se no Outono
Quantas vezes já morri…
Foi quando resolvi
Morrer ao abandono.

Manuel Matias

segunda-feira, 2 de julho de 2018

SÁTIRA...

Hermanos para Siempre
Sátira...

«HERMANOS PARA SIEMPRE»

- Muy triste, hermano...
Eliminado del Mundial,
El destino de Portugal
Parecido al hispano.
- Chorei muito, mano…
Não ires à fase seguinte,
Foi por conseguinte
Deveras muito tristinho…
Meu rico maninho,
Com todo o requinte!

ATEOP

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

ZIZI POSSI & CHICO BUARQUE
«Pedaço de Mim»

Poet'anarquista

PEDAÇO DE MIM

Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar

Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar

Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim

Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais

Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu

Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi

Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Lava os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus

Zizi Possi & Chico Buarque
Dueto Brasileiro

SÁTIRA...

Triste Fado
Sátira...

«TRISTE FADO»

Triste fado chorai
Selecção de Portugal,
Acabou-se o Mundial
Aos pés do Uruguai.
Ouviu-se muito ai
No derradeiro teste,
Ao quarto La Celeste
Arrumou a questão…
Foi grande desilusão
Que ao Zé hoje deste!

POETA