segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

POESIA - LUÍS DE MONTALVOR

A 31 de Janeiro de 1891, nasce, em São Vicente, Cabo Verde, o poeta português Luís Montalvor, pseudónimo de Luís Filipe de Saldanha da Gama da Silva Ramos. Pertenceu ao grupo modernista, tendo sido um dos fundadores da revista Orfeu...
Poet'anarquista
Luís de Montalvor
Poeta Cabo-Verdiano 
BIOGRAFIA
Luís de Montalvor é o pseudónimo do poeta, ensaísta e editor Luís Filipe de Saldanha da Gama da Silva Ramos. Nasceu a 31 de Janeiro de 1891, em S. Vicente, Cabo Verde, mas veio para Portugal com apenas dois meses de vida. Residiu no Brasil entre 1912 e 1915, regressando a Lisboa com a ideia de fundar uma revista modernista. Fundou a Orpheu (1915), a Centauro(1916) e, anos mais tarde, a editorial Ática (1942), um órgão fundamental na divulgação sistemática das obras completas de Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro. 
Enquanto poeta, foi, certamente, um dos nomes maiores do modernismo português, assim como um interessante prossecutor da poesia da Decadência. Devemos-lhe também a divulgação dos inéditos de Camilo Pessanha que viriam a ser reunidos no volume intitulado Clepsidra. A poesia de Luís de Montalvor ficou dispersa por várias publicações, entre as quais se destacam as revistas supracitadas e as colaborações com a Presença,ExílioAthenaContemporâneaSudoesteCadernos de Poesia e Seara Nova
Só postumamente os seus versos foram coligidos num único volume. «Não nos ilude Luís de Montalvor na expressão essencial dos seus versos: vive num mundo seu, como todos nós; mas vive com vida num mundo seu, ao passo que a maioria, em verso ou prosa, morre o universo que involuntariamente cria» (Fernando Pessoa). Faleceu a 2 de Março de 1947, afogado no rio Tejo, num acidente de viação que vitimou, igualmente, a sua mulher e o filho único de ambos. Acidente? Suicídio? «Façamos com a dor, sem um queixume, / as guirlandas formosas desta vida!»
Fonte: Antologia do Esquecimento


ENTARDECER

Sol-posto ungindo o mar: incensos de ouro!

Recolhe funda a tarde em sonho e mágoa.
Surdina fluida: anda o silêncio a orar –
E há crepúsculos de asas e, na água,
O céu é mármore extático a cismar!


E nas faces marmóreas dos rochedos
Esboçam-se perfis,
- Cintilações,

Penumbra de segredos!

Ó painéis de nuvens sobre a terra,
Ogivas delirantes
Na água refractando…
Encheis de sombra o mar de espumas rasas,
Iniciando
A hora pânica das asas!


E, à meia luz da tarde,
Na areia requeimada,
São vultos sonolentos
As proas dos navios…


Ó tristeza dos balões
Iluminando,
Na água prateada,
Os pegos e baixios…


Dormentes constelações
Que, em fundos lacustres
E musgosos,
Pondes reverberações
Em nossos olhos ansiosos.


Ó tardes de aquático esplendor,
Descendo em meu olhar!


Num sonho de regresso,
Numa ânsia de voltar,
Em mim todo me esqueço
E fico-me a cismar.


A tarde é toda um sonho moribundo.
É já olor da cor que amorteceu.
O céu vive no mar: sono profundo.
A asa do rumor no ar adormeceu!

Luís de Montalvor
                        TARDE

Ardente, morna, a tarde que calcina,
como em quadrante a sombra que descora,
morre − baixo relevo que domina −
como um sol que sobre saibros se demora.

Inunda a terra a vaga de ouro: fina
chuva de sonho. Paira, ao longe, e chora
o olhar errado ao sol que já declina
sobre as palmeiras que o deserto implora.

A um zodíaco de fogo a tarde abrasa,
em terra de varão que o olhar esmalta.
− Estagnante plaino de ouro e rosas − vaza

nele a sombra, sem dor, que em nós começa
e galga, sobe, monta e vive e exalta.
E a noite, a grande noite, recomeça!

Luís de Montalvor

MÚSICA - SCHUBERT

Franz Peter Schubert nasceu a 31 de Janeiro de 1797. Foi um compositor austríaco de transição da era clássica para a era romântica, com um estilo pessoal muito marcante, de grande inovação e ao mesmo tempo poético. Escreveu cerca de seiscentas composições para canção, óperas, sinfonias e sonatas, mas estranhamente não teve na sua curta vida, (faleceu contava apenas 31 anos) o reconhecimento público da sua vasta e grandiosa obra. Hoje é considerado um dos maiores compositores do séc. XIX pela sua imaginação, o seu lirismo e as suas melodias, marcando a passagem do estilo clássico para o estilo romântico. 
Poet'anarquista
Franz Peter Schubert
Compositor Austríaco

BIOGRAFIA

Franz Peter Schubert escreveu cerca de 600 canções, além de óperas, sinfonias e sonatas, entre outros trabalhos. É considerado um dos maiores compositores do século 19, marcando a passagem do estilo clássico para o estilo romântico.

Franz Schubert nasceu em 1797 em Lichtenthal, nos arredores de Viena. Seu pai era mestre-escola e músico amador. Aos seis anos, Schubert entrou na escola de Lichtenthal. Seu pai iniciou-o no violino e seu irmão, Ignaz, ensinou-lhe piano. 

Em 1805 Schubert foi encaminhado a Michael Holzer, organista da paróquia de Lichtenthal, para desenvolver os seus estudos de música. Schubert passou a tocar violino e a cantar no coro da paróquia.

Em 30 de setembro de 1808, participou no concurso para se tornar corista da capela imperial, onde Antonio Salieri, compositor oficial da Corte, selecionava novos cantores. A sua voz de soprano garantiu-lhe um lugar no coro e uma bolsa de estudos em Stadtkonvikt, um dos melhores colégios de Viena. Schubert estudou ali até ter quase 17 anos. A sua primeira composição catalogada data de 1 de maio de 1810: a "Fantasia a Quatro Mãos". 

Em 30 de março de 1811, Schubert compôs o seu primeiro lied: "Hagars Klage", o que fez com que Salieri se tornasse seu professor. 

Em outubro de 1813, Schubert compôs a sua "Primeira Sinfonia em Ré Maior", dedicada ao director da escola em Stadtkonvikt. No final daquele ano deixou o conservatório e, para evitar o serviço militar, começou a lecionar na escola do seu pai.

Durante dois anos, Schubert dividiu o seu tempo entre a sala de aula e sua paixão pela música e chegou a compor quase duzentas obras. Escreveu uma dúzia de óperas, que não obtiveram êxito. Mas Schubert revelou-se um exímio compositor de um género que aperfeiçoaria: o lied, a canção lírica. Em apenas um ano, compôs cerca de 150 lieder, baseados em textos de Shakespeare, Heinrich Heine e Goethe, entre outros autores.

Essas canções fariam enorme sucesso no público e na crítica, a ponto do seu autor ter sido considerado, posteriormente, o maior poeta lírico da música universal.

No final de 1816 o compositor rompeu com o pai e entregou-se a uma vida boémia, sobrevivendo com a ajuda de amigos.

Em 1818, conseguiu o emprego de professor de Maria e Caroline, as duas filhas do conde Esterhazy, em Zseliz, na Hungria. Mas a nostalgia fez com que abandonasse o emprego e retornar a Viena, onde voltou a compor.

Até 1820, Schubert teve dificuldade de ver a sua obra publicada, mas entre 1821 e 1828 foram lançadas no mercado 106 obras suas em edições separadas, editadas por onze editoras diferentes. Apesar disso, Schubert não sabia lidar com dinheiro e, sem espírito comercial, recebia pequenas retribuições pelo seu trabalho.

No início de 1823, acometido pela sífilis, foi internado diversas vezes. A doença, que naquele tempo era considerada incurável, levou-o a uma fase de depressão.

Em 1824, sentindo-se mais recuperado compôs diversas peças, entre elas "A Bela Moleira". O conde Esterházy pediu a Schubert que voltasse a dar aulas às suas filhas. Ele aceitou, ficando lá de Maio a Setembro, altura em que voltou para Viena. Em Janeiro de 1825, foi internado novamente e em Dezembro teve outra recaída.

Nesse ano compôs a "Missa Alemã", uma coleção de pequenos coros, "Jornadas de Inverno", uma série de cantos de despedida, e diversas outras obras expressivas, entre elas o "Trio para Piano e Cordas em Si Bemol Maior", uma das suas obras mais populares.

O último ano da vida de Schubert foi marcado por uma contínua solicitação dos editores por trabalhos curtos para piano. Estas obras líricas representam diversos estados de ânimo. Aparecem nesse período obras como o ciclo de canções "Canto do Cisne", a obra-prima "Nona Sinfonia em Dó Maior" e a "Missa em Mi Bemol Maior".

Em Setembro de 1828 Schubert mudou-se para a casa do seu irmão Ferdinand, onde completou as suas três últimas sonatas para piano.

Schubert morreu de tifo, no dia 19 de Novembro de 1828, com apenas 31 anos. O seu corpo foi sepultado no cemitério de Währing e em 1888 foi trasladado para cemitério central de Viena.

31/01/1797,Viena, Áustria - 19/11/1828, Viena, Áustria
Fonte: UOL Educação

SCHUBERT - "AVE MARIA"

Ave Maria on Ocarina (featuring HeartBtrue)

domingo, 30 de janeiro de 2011

CLIP DE MICHAEL JACKSON

Al Tejo fez o favor de enviar para o meu mail o link «http://sorisomail.com/email/12091/clip-censurado-nos-eua-mickael-jackson-html». Trata-se de um vídeo clip de Michael Jackson censurado nos Estados Unidos, o país mais poluidor do planeta, durante o mandato presidencial de George Walker Bush, e que hoje se publica no Poet'anarquista. Os temas abordados são a poluição, a devastação e desertificação associadas, e o flagelo das guerras que têm assolado o mundo. O tirano George W. Bush e outros que o antecederam na presidência americana, muito contribuíram para o estado lamentável do nosso planeta Terra. É tempo de parar para pensar e poder respirar...
Poet'anarquista 

O que os americanos nunca mostraram de Michael Jackson. 
Filmado em África, Amazónia, Croácia e New York

O vídeo é do single de maior sucesso de Michael Jackson no Reino Unido, que não foi nem "Billie Jean", nem "Beat it", e sim a ecológica "Earth Song", de 1996. A letra fala de desmatamento, sobrepesca e poluição, e, por um pequeno detalhe, talvez você nunca terá a oportunidade de assistir na televisão. 

O Detalhe: "Earth Song" nunca foi lançada como single nos Estados Unidos, historicamente o maior poluidor do planeta. Por isso a maioria de nós nunca teve acesso ao clipe. 

Vejam, então, o que os americanos nunca mostraram de Michael Jackson. 

Filmado em África, Amazónia, Croácia e New York. 
Fonte: Sorisomail.com

«EARTH SONG»

 By MICHAEL JACKSON - Clip censurado nos EUA 


BEATLES - "ABBEY ROAD"

A 30 de Janeiro de 1969 os Beatles faziam a sua última apresentação ao vivo, no telhado do último andar do estúdio de gravação da Apple. A ideia partiu de John Lennon e, durante quarenta minutos, com a rua do prédio apinhada de gente, tocaram pela última vez em público. O concerto terminou antes do previsto com o aparecimento da polícia, invocando o som muito alto dos instrumentos. Terminava assim a banda rock "The Beatles", com uma carreira recheada de sucessos ao longo da década de sessenta. Os seus acordes melodiosos ficarão para sempre na história da música!
Poet'anarquista
«ABBEY ROAD»

THE BEATLES
     

JANIS JOPLIN - "ME AND BOBBY MCGEE"

Em 30 de Janeiro de 1971 era lançado postumamente o tema de Janis Joplin, "Me and Bobby Mcgee". Cantou a música num concerto ao vivo poucos meses antes da sua morte, no ano de 1970. "The Pearl" ou "A Pérola", nome por que era conhecida no meio artístico,viria a falecer a 4 de Outubro de 1970 com uma overdose de heroína. Deixo-vos com esse momento do concerto ao vivo interpretando "Me and Bobby Mcgee", e um outro concerto em que interpreta o tema musical "Maybe".
Poet'anarquista
«ME AND BOBBY MCGEE»

JANIS JOPLIN

«MAYBE»

JANIS JOPLIN

sábado, 29 de janeiro de 2011

CURIOSIDADES

Foi no dia 29 de Janeiro de 1886 que Karl Benz registou a patente do primeiro carro movido a gasolina. Com motor a 4 tempos, 1 cilindro e 958 centímetros cúbicos, tinha ignição eléctrica, diferencial e era arrefecido a água. O carro foi construído em 1885 e a sua patente foi registada no ano seguinte.
Poet'anarquista
DRP - 37.435
Primeiro Veículo a Gasolina 

HISTÓRIA

O automóvel é um engenho que tem vários pais. O seu desenvolvimento não se deu de forma linear. Mas tem uma certidão de nascimento: o registro de patente nº 37.435, de 29 de janeiro de 1886, concedido à Fábrica de Motores a Gás Benz & Cia., de Mannheim, por um veículo movido a gasolina. Com isso, Carl Benz, seu inventor, passou a ser considerado construtor do primeiro automóvel.

Claro que a ideia de um veículo que se locomovesse por seus próprios meios é muito mais antiga. As primeiras tentativas datam da Antiguidade, mas na verdade, até o surgimento da máquina a vapor, no século XVIII, não houve veículo capaz de se mover sem a força muscular.

Foi em 1769 que surgiram as primeiras máquinas que se moviam sobre rodas impulsionadas pelo vapor. No entanto, por serem barulhentas e pesadas, nunca deixaram de ser uma mera curiosidade. Mesmo as locomotivas e locomóveis inventados posteriormente eram tão pesados que não se prestavam ao uso como meio de locomoção.

Uma alternativa para a máquina a vapor apareceu apenas em 1860, quando o francês Étienne Lenoir construiu o primeiro motor de combustão interna à base de gás de iluminação. Em 1863, o inventor afirmou ter adaptado um desses motores a um veículo, porém não existem provas deste experimento.

DE TRÊS PARA QUATRO TEMPOS

O passo mais importante no desenvolvimento da técnica de motores foi dado por Nicolaus Otto. O negociante estabelecido em Colônia conseguiu melhorar o desempenho do motor criado por Lenoir, acrescentando uma etapa aos três ciclos até então costumeiros. 

Além da injeção, explosão e exaustão, o motor de Otto passou a comprimir o combustível, o que aumentava consideravelmente seu rendimento. O inventor obteve em 1876 uma patente básica para o princípio dos quatro tempos, mas outros fabricantes de motores passaram a contestá-la, para não terem que pagar licenças a Otto. O motor desenvolvido por ele tinha sido concebido para máquinas estacionárias. Para poder ser adaptado a um veículo, era preciso que fosse consideravelmente reduzido nas suas dimensões, sem que isso prejudicasse o desempenho. 

Tentativas neste sentido foram realizadas por inúmeras pessoas que trabalhavam independentemente, entre as quais Gottlieb Daimler, em Cannstatt, e o engenheiro Carl Benz, em Mannheim.

Gottfried Daimler conhecia bem a técnica dos motores de Otto, já que tinha sido director técnico da fábrica de motores deste. Em 1885, conseguiu desenvolver um motor compacto de quatro tempos, aplicando-o a uma motocicleta e a um barco a motor. 

Daimler considerava-se apenas um construtor de motores e foi só a muito custo que seu colega Wilhelm Maybach conseguiu convencê-lo a adaptar o motor compacto a uma carruagem.

Construído por Karl Benz em 1885
Patenteado em 1886

VEÍCULO MOTORIZADO

Carl Benz, por sua vez, via motor e chassi como unidade, cujos detalhes ele estipulava minuciosamente em seus projetos. Inicialmente, fez experiências com um motor de dois tempos, para não ter que pagar licença a Otto. Só passou a se dedicar ao motor de quatro tempos em 1884, quando um tribunal suspendeu temporariamente a patente de Otto.

Ao instalar um motor de quatro tempos num triciclo, Benz obteve, em janeiro de 1886, uma patente para o primeiro veículo autopropulsionado, uma verdadeira obra-prima da engenharia da época, que conseguia fazer 15 quilômetros por hora.

Em julho do mesmo ano, o inventor saiu pela primeira vez com seu "automóvel" pelas ruas de Mannheim. Um repórter visionário escreveu com entusiasmo: "Não há dúvida de que este velocípede motorizado logo conquistará muitos amigos, já que será extremamente útil e prático para médicos, viajantes e amantes do esporte."

Palavras proféticas, sem dúvida, pois ainda demoraria décadas até que fossem desenvolvidos automóveis realmente "úteis e práticos".
Fonte: Deustche Welle

POEMA "THE RAVEN"

Foi a 29 de Janeiro do ano de 1845, que pela primeira vez teve honras de publicação no jornal New York Evening Mirror, o poema do escritor e poeta norte-americano Edgar Allan Poe, "The Raven". Com tradução do poeta Fernando Pessoa para a língua portuguesa, "The Raven" ou "O Corvo", passados que são cento e sessenta e seis anos da sua primeira publicação no jornal americano, agora com honras no Poet'anarquista.
Poet'anarquista
Edgar Allan Poe
Escritor e Poeta Norte-Americano
BIOGRAFIA

Poeta e contista estadunidense nascido em Boston, Massachusetts, conhecido sobretudo pelas suas histórias de mistério e horror. Filho de um casal de actores, ficou órfão aos dois anos e foi adoptado por John Allan, rico comerciante de Richmond, Virgínia. Enviado à Europa, recebeu esmerada educação clássica (1815-1820) na Escócia e Inglaterra. Em seguida frequentou a Universidade da Virgínia, porém envolveu-se com jogo e álcool, até que rompeu relações com o seu tutor (1827). 

No mesmo ano publicou, em Boston, o seu primeiro livro de poesia, Tamerlane, and Other Poems (1827). Tentou a carreira militar mas foi expulso da Academia Militar de West Point e, então, decidiu dedicar-se por completo à literatura e começou a publicar contos em revistas (1830), e foi morar em Baltimore com uma tia. Recebeu um prémio em dinheiro pelo seu Manuscript Found in a Bottle (1833). Tornou-se editor literário do Southern Literary Messenger, de Richmond (1835), e no mesmo ano casou-se com a prima Virginia Clemm, de apenas 13 anos de idade. 

Os seus problemas alcoólicos levaram-no à demissão e mudou-se para Nova York, onde passou a escrever freneticamente livros e contos para revistas, especialmente com temas que abordavam a morte, o horror sobrenatural e os desvarios da mente humana, possivelmente inspirados nos próprios tormentos do autor. Por outro lado, possuía grande capacidade analítica, e escreveu contos que assentaram as bases do género policial e de mistério que se difundiu no século XX. Também deixou textos nos campos da estética, da crítica e teoria literária. 

Apesar da popularidade, os seus vícios e escândalos fizeram com que fosse incompreendido pelos seus compatriotas. Foram os simbolistas franceses e, em particular Charles Baudelaire, que lhe reconheceram o génio, cuja obra constituiu uma fonte de inspiração directa para a renovação literária europeia no final do século XIX. 

Com a morte da esposa (1847), a sua dependência alcoólica agravou-se e após vários dias de excessos alcoólicos, morreu em Baltimore, Maryland. 

Outros grandes sucessos do autor foram Al Aaraaf, Tamerlane, and Minor Poems (1829), Poems (1831), The Narrative of Arthur Gordon Pym (1838), Tales of the Grotesque and Arabesque (1839), The Prose Romances of Edgar A. Poe (1843), The Raven and Other Poems (1845), Tales (1845), Philosophy of Composition (1845) e o póstomo The Poetic Principle (1850).
Fonte: NetSaber
Edgar Allan Poe - «The Raven»
Desenho por Mirror Cradlle


Edgar Allan Poe

Tradução de Fernando Pessoa
O CORVO

Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais
"Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.
É só isso e nada mais."

Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão) a amada, hoje entre hostes celestiais -
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome que jamais !

Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais !
Mas, a mim mesmo infundindo força, eu ia repetindo,
"É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isso e nada mais".

E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
"Senhor", eu disse, "ou senhora, decerto me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi..." E abri largos, franquendo-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais.

A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
Isto só e nada mais.

Para dentro estão volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
"Por certo", disse eu, àquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais."
Meu coração se distraia pesquisando estes sinais.
"É o vento, e nada mais."

Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais
Foi, pousou, e nada mais.

E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
"Tens o aspecto tosquiado", disse eu, "Mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá das trevas infernais."
Disse-me o corvo, "Nunca mais".

Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos seus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Com o nome "Nunca mais".

Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
Perdido, murmurei lento, "Amigo, sonhos - mortais
Todos - todos lá se foram. Amanhã também te vais".
Disse o corvo, "Nunca mais".

A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
"Por certo", disse eu, "são estas vozes usuais.
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais
Era este "Nunca mais".

Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu'ria esta ave agoureira dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais
Com aquele "Nunca mais".

Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onda a luz punha vagas sombras desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as sombras desiguais,
Reclinar-se-á nunca mais!

Fez-me então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
"Maldito!", a mim disse, "deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais"
Disse o corvo, "Nunca mais".

"Profeta", disse eu, "profeta - ou demónio ou ave preta!
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais,
Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".

"Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!", eu disse. "Parte!
Torna à noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".

E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha dor de um demónio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão mais e mais,
E a minh'alma dessa sobra, que no chão há mais e mais,
Libertar-se-á... nunca mais!

Edgar Allan Poe

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

LITERATURA - TEÓFILO BRAGA

Joaquim Teófilo Fernandes Braga, escritor, político e ensaísta português, faleceu em Lisboa a 28 de Janeiro de 1924. Açoriano de nascimento, Ponta Delgada, 24 de Fevereiro de 1843, viria a ter uma acção muito importante com as suas obras de história literária, poesia, ficção e filosofia, tendo sido ele o impulsionador do Positivismo em Portugal. Foi Presidente da República Portuguesa em substituição de Manuel d'Arriaga, entre 29 de Maio e 4 de Agosto de 1915.
Poet'anarquista
Retrato de Teófilo de Braga
Pintura a Óleo sobre Tela (1917)
BIOGRAFIA

Doutor em Direito pela Universidade de Coimbra; lente de Literatura no Curso Superior de Letras; sócio efectivo da Academia Real das Ciências, de Lisboa; da Academia Real de História, de Madrid, e de numerosas corporações literárias e científicas de Portugal e do estrangeiro, onde o seu nome é bastante conhecido, como escritor infatigável, a quem as letras portuguesas devem os mais relevantes serviços. 

Nasceu em Ponta Delgada a 24 de Fevereiro de 1843; é filho de Joaquim Manuel Fernandes Braga, natural da cidade de Braga, e de D. Maria José da Câmara Albuquerque, natural da ilha de Santa Maria. 

Depois deter feito os primeiros estudos no liceu de Ponta Delgada, veio para o continente do reino em 1861, seguindo para Coimbra, em cuja Universidade fez com distinção o curso de Direito, que completou em 1867, recebendo o grau de doutor em 26 de Julho de 1868. É cheio de verdade o seguinte trecho em que o Sr. Ramalho Ortigão descreve o notável escritor: «Simples, sóbrio, duro, com hábitos de uma austeridade de espartano, sabendo reduzir as suas necessidades a toda a restrição a que lhe reduzam os seus meios, vivendo no seu isolamento como Robinson na sua ilha, Teófilo Braga tem uma única paixão, a paixão prosélita da ciência. Não publica um volume por semana pela razão única de que não há prelos em Portugal que acompanhem a velocidade vertiginosa da sua pena. Escreve de graça, desinteressadamente, em satisfação do seu prazer supremo, o prazer de espalhar ideias. Esta enorme força é ao mesmo tempo a sua única fraqueza; nunca se lhe conheceu outra. Tem no estado mais acerbo a paixão da sua ideia ... no século XIX com a sua actividade sistematizada e com a sua impaciência dirigida pela filosofia profundamente pacificadora de Augusto Comte, Teófilo Braga é o tipo mais perfeito do obreiro benemérito e do cidadão útil. No meio da sociedade portuguesa ... consola-nos o poder contemplar, em uma figura como a de Teófilo Braga a curiosidade rara que se chama – um homem.» Os vários biógrafos do Sr. Dr. Teófilo Braga vêm nas obras de tão fecundo escritor duas manifestações do seu espírito, como artista e como sábio. Efectivamente, com essa dupla individualidade, se impõe à, admiração dos seus contemporâneos, embora para o grande público, que o respeita e aprecia, o segundo aspecto tenha ofuscado o primeiro. Teixeira Bastos, numa das biografias que escreveu, afirma que o «artista não é inferior ao sábio, antes lhe leva certa vantagem em razão da espontaneidade do talento, fecundada a aperfeiçoada pelo saber enciclopédico e rigorosamente disciplinado.» Foi, como artista, que Teófilo Braga primeiramente se revelou, publicando aos quinze anos em Ponta Delgada um volume de versos, intitulado Folhas Verdes. Em Coimbra foi ainda como artista que, lançando-se impetuoso na grande ebulição literária que agitava então a academia, se destacou então com a publicação, em 1864, da Visão dos Tempos. Nesse poema mostrou logo a sua poderosa superioridade, conquistando o público que o encheu de aplausos. Em breve as Tempestades sonoras confirmaram a reputação ganha com o poema anterior. Porém o triunfo converteu-se em suplício para o artista. Mal tinham desaparecido, diante do grande êxito do poeta, as dificuldades dos primeiros anos de Coimbra, vencidas à custa de uma tenacidade inquebrantável, quando renasceram com maior vigor a adquiriram mais forte intensidade no meio das lutas literárias da célebre Questão coimbrã. Foi então que, o artista, guerreado de todos os lados, cedeu o lugar ao homem de ciência. No preliminar da segunda edição dos Contos Phantasticos conta o Sr. Dr. Teófilo Braga como se deu essa transição: «De repente achei-me cercado de ódios; cortaram-me os viveres na empresa do jornal, nas aulas de Direito tiraram-me a mesquinha distinção académica, os críticos espalmaram-me rudemente, os livreiros recusaram-se a dar publicidade ao que escrevia, e os patriarcas das letras com o peso da sua autoridade sorriam com equívocos sobre o meu valor intelectual, chegando a circularem lendas depressivas do meu carácter e costumes, que só consegui desfazer com uma vida às claras e cheia de ignorados sacrifícios. Outro qualquer se teria rendido. Vi-me forçado a inverter as bases da minha existência, abandonando a Arte que me seduzia, porque me abandonara a serenidade contemplativa, e lancei-me à crítica, à erudição, à ciência, à filosofia.» 

Foi já neste período de combate que apareceram os poemas que continuam a epopeia da humanidade inaugurada com a Visão dos Tempos. São eles, em 1866, a Ondina do Lago e em 1863 as Torrentes. As Miragens seculares, ainda que só publicadas em 1884, ligam-se a esta primeira fase da evolução do escritor. Nestes poemas o autor tem em vista apresentar a história da humanidade, resumida nas tendências mais profundas do sentimento humano através das idades. As antigas civilizações são evocadas pela vara mágica do poeta, com verdadeira originalidade e inspiração. Para uns biógrafos o culto da poesia devia naturalmente conduzir o espírito investigador do artista ao estudo das origens tradicionais, começando-se uma nova fase da vida do escritor. Segundo outros biógrafos, e como o próprio escritor diz na sua autobiografia, lança-se noutro rumo; em 1867 elabora a Historia do Direito Portuguez, colige e estuda as tradições no Cancioneiro popular; em 1869 prossegue com o Romanceiro geral portuguez com os Contos populares do archipelago açoriano, com a Floresta de varios romances, estudo sobre as transformações do romance popular, e termina com os Contos tradicionaes e o Povo portuguez nos seus costumes, crenças e tradições. Do Cancioneiro Portuguez da Vaticana fez como que a tradução em vulgar, reconstituindo-lhe o texto antiquado e difícil de compreender. Este exame das tradições permite ao autor o passar facilmente para os estudos históricos, aplicando-lhes a crítica moderna. Agrupa-os sob o título geral de Historia da Litteratura Portugueza, que compreende uma série de livros em que se apreciam igualmente a grande documentação, muitas vezes absolutamente nova, e a segurança da crítica. Segue-se uma nova fase na actividade do operoso escritor; refaz a sua doutrina filosófica escrevendo os Traços geraes de philosophia positiva; inicia a publicação de uma Historia Universal; elabora o seu Systema de Sociologia; intervêm na política fazendo conferências democráticas, criticando a situação em artigos de jornais, nas Soluções positivas da politica portugueza e na Dissolução do systema monarchico-conatitucional; investiga as Origens poeticas do Christianismo e as Lendas Christãs; aborda a critica da instrução pública portuguesa na suaHistoria da Universidade de Coimbra, e finalmente assenta os fundamentos da nossa história nacional na Patria Portugueza. Na Alma Portuguezarecolhe alguns versos dispersos que não entraram na Visão dos Tempos, a grande epopeia, que em 1896 se publicou com toda a sua unidade dogmática numa edição completa e definitiva. Nos últimos anos tem-se dedicado o Sr. Dr. Teófilo Braga ao aperfeiçoamento da sua obra, revendo e publicando novas edições dos livros que constituem a Historia da Litteratura Portugueza. Começou, refundindo-os, pelos que julgou mais precisados de correcções, graças aos novos materiais pacientemente adquiridos. Pertencem a essa remodelação os volumes Sá de MirandaBernardim RibeiroBocage, etc. Na colecção Alma Portugueza ainda ultimamente enfileirou o doutíssimo escritor o seu volume de epo-historia intitulado Viriato.
Fonte: Portugal- Dicionário Histórico (transcrito por Manuel Amaral)

ACALENTAR MENINOS

Embala, preta, embala
Menino do teu senhor;
Canta-lhe bem amoroso,
Anima-lo com amor.
Embala, preta, embala,
Como o fez San José,
Que os anjos cantarão:
Pater nostre domine.


San José, a trabalhar,
Embalava com seu pé:
“Calai-vos, Jesus Menino,
Nascido em Nazaré,”
Meu San José, acudi
Dai-me da vossa graça,
Com que enxugue ao meu menino
Suas lágrimas de prata.


Embala, preta, embala,
Como a Virgem faria,
Que os anjos cantarão:
“Gratia Plena Ave-Maria”.
Cantigas embalou Jesus:
-Calai-vos, meu bento filho,
Que haveis de morrer na cruz.
Nossa Senhora, acudi,
Dai-me o vosso tesouro,
Com que cale o meu menino
Que chora lágrimas de ouro.”



Teófilo Braga

CARLOS MAGNO

Carlos Magno ou Carlos, o Grande, faleceu a 28 de Janeiro do ano 814 da nossa era. Foi o primeiro Imperador do Sacro Império Romano, além de rei dos Francos e rei dos Lombardos. A sua influência na Reforma da Educação do seu tempo foi notável, e entre as muitas mudanças reformistas efectuadas neste domínio, destaca-se o aparecimento das universidades medievais.
Poet'anarquista
« Magno»
Carlos, O Grande
DATA DE NASCIMENTO

Até meados do século XX, acreditava-se que Carlos Magno tivesse nascido a 2 de abril de 742, mas várias razões levaram a reconsiderar a veracidade da data tradicional. Em primeiro lugar, o ano de 742 foi calculado a partir da idade que lhe era atribuída na altura e não a partir directamente de documentos históricos. Em segundo lugar, 742 precede o casamento dos seus pais (em 744) – e não há qualquer referência a que Carlos Magno fosse filho ilegítimo, o que, aliás, impossibilitaria que este fosse designado seu herdeiro. Nos Annales Petarienses é indicado que o seu nascimento teria ocorrido a 2 de abril de 747 – dia de Páscoa, nesse ano. Como o nascimento de um imperador, na Páscoa, provocaria, sem dúvida, comentários dos cronistas da época – e como esses comentários não existem em lado algum, suspeita-se que a atribuição seja apenas uma ficção piedosa, com o único intuito de honrar o imperador. Outros historiadores, ponderando as fontes históricas, sugerem que o seu nascimento tenha ocorrido um ano mais tarde, em 748. Actualmente não é possível, portanto, indicar com precisão a data de nascimento de Carlos Magno. Os melhores palpites incluem, certamente, 2 de abril de 747, depois, 15 de abril de 747 ou, talvez, 2 de abril de 748.
VIDA
Carlos Magno foi o filho mais velho de Pepino, o Breve, que foi o primeiro rei carolíngio, e de Berta de Laon. Foi irmão de Lady Berta, mãe de Rolando, marquês da Bretanha. A sua ascendência paterna chega até Arnulfo de Metz, um bispo cuja filiação é incerta.
Pepino, o Breve empossou o monopólio da cunhagem da moeda, decidindo sobre a actividade das casas de cunhagem, o peso das moedas, o seu valor e os caracteres representados.
A cunhagem de moeda na Europa foi, pois, reiniciada com Pepino, o Breve, que recuperou o sistema utilizado pelos antigos gregos e romanos e mantido no Império Romano do Ocidente (1 libra = 20 solidi = 240 denarii).
Com a morte de Pepino, o reino foi dividido entre Carlos Magno e o seu irmão Carlomano (que governou a Austrásia). Carlomano morreu em 5 de Dezembro de 771, deixando Carlos Magno como líder de um reino Franco reunificado. Carlos Magno esteve envolvido constantemente em batalhas durante o seu reinado. Conquistou a Saxónia no século VIII, um objectivo que foi o sonho inalcançável de Augusto. Foram necessários mais de dezoito batalhas para que Carlos Magno conseguisse esta vitória definitiva. Procedeu à conversão forçada ao cristianismo dos povos conquistados, massacrando os que se recusavam a converter-se. Um dos seus objectivos era, também conquistar a Península Ibérica, mas nunca o alcançou.
Em 800, durante a missa de Natal em Roma, o Papa Leão III coroou Carlos Magno como imperador, título em desuso no ocidente desde a abdicação de Rómulo Augusto em 476 (aproveitando o facto de então reinar no Oriente uma mulher, a imperatriz Irene, o que era considerado um vazio de poder significativo). Ainda que o título o ajudasse a afirmar a sua independência em relação a Constantinopla, Carlos Magno apenas o usou bastante mais tarde, já que receava ficar dependente, por outro lado, do poder papal.
Continuando as reformas iniciadas pelo seu pai, Carlos Magno avançou com um sistema monetário baseado no soldo de ouro - procedimento seguido também pelo rei Offa de Mércia. Instituiu um novo padrão monetário a partir de unidades de medida como a libra e o próprio soldo que eram, até à data, apenas unidades de medida (apenas o denier se manteve como uma das moedas do seu domínio). Note-se que o sistema monetário inglês antes da decimalização tem semelhanças com este: efectivamente, a libra inglesa (pound) valia 20 xelins (analogamente aos sólidos de Carlos Magno) ou 240 pence (de forma semelhante aos deniers instituídos por este imperador).
Carlos Magno aplicou este sistema a uma grande parte do continente europeu, enquanto que o padrão de Offa foi voluntariamente adaptado pela maior parte do território inglês.
Estátua de Carlos Magno
Frankfurt (Alemanha)
REFORMA DA EDUCAÇÃO
Para unificar e fortalecer o seu império, Carlos Magno decidiu executar uma reforma na educação. O monge inglês Alcuíno elaborou um projeto de desenvolvimento escolar que buscou reviver o saber clássico estabelecendo os programas de estudo a partir das sete artes liberais: o trivium, ou ensino literário (gramática, retórica e dialéctica) e o quadrivium, ou ensino científico (aritmética, geometria, astronomia e música). A partir do ano 787, foram emanados decretos que recomendavam, em todo o império, a restauração de antigas escolas e a fundação de novas. Institucionalmente, essas novas escolas podiam ser monacais, sob a responsabilidade dos mosteiros; catedrais, junto à sede dos bispados; e palatinas, junto às cortes.
Essa reforma ajudou a preparar o caminho para o Renascimento do Século XII. O ensino da dialética (ou lógica) foi fazendo renascer o interesse pela indagação especulativa, dessa semente surgiria mais tarde a filosofia cristã da escolástica; e nos séculos XII e XIII, muitas das escolas que haviam sido fundadas nesse período, especialmente as escolas catedrais, ganharam a forma de universidades medievais.
Faleceu no ano de 814.
Fonte: Wikipédia

PINTURA - JACKSON POLLOCK

Paul Jackson Pollock foi um importante pintor norte-americano e uma referência de vulto no expressionismo abstracto. Nasceu em Cody, estado americano de Wyoming, a 28 de Janeiro de 1912 e faleceu em Springs, a 11 de Agosto de 1956.
Poet'anarquista
Jackson Pollock
Pintor Norte-Americano
BIOGRAFIA
Pollock nasceu em Cody, no estado de Wyoming. Começou os seus estudos em Los Angeles e depois mudou-se para New York. Homem de personalidade volátil e tendo vários problemas com o alcoolismo, em 1945 casou-se com a pintora Lee Krasner, que se tornaria uma importante influência na sua carreira e no seu legado.
Desenvolveu uma técnica de pintura, criada por Max Ernst, o 'dripping' (gotejamento), na qual respingava a tinta sobre suas imensas telas; os pingos escorriam formando traços harmoniosos e pareciam entrelaçar-se na superfície da tela. O quadro "UM" é um exemplo dessa técnica. Pintava com a tela colocada no chão para sentir-se dentro do quadro. Pollock parte do zero, do pingo de tinta que deixa cair na tela elabora uma obra de arte. Além de deixar de lado o cavalete, Pollock também não mais usa pincéis.
A arte de Pollock combina a simplicidade com a pintura pura e suas obras de maiores dimensões possuem características monumentais. Com Pollock, há o auge da pintura de acção (action painting). A tensão ético-religiosa vivida impele-o aos pintores da Revolução Mexicana. A sua esfera da arte é o inconsciente: os seus signos são um prolongamento do seu interior. Apesar de ter o seu trabalho reconhecido e com exposições por vários países do mundo, Pollock nunca saiu dos Estados Unidos. Morreu num acidente de viação em 11 de agosto de 1956.
Fonte: Wikipédia
Pollock
«Lavagem Cerebral»

Pollock
«A Chave»

Pollock
«A Loba»

Pollock
«Moby-Dick Azul»

Pollock
«Cabeça»

Pollock
«Eco Número 25»

Pollock
«Homem Nu com uma Faca»

Pollock
«A Loba»

Pollock
«Masculino e Feminino»

Pollock
«Mulher Lua»

Pollock
«Mulher»

Pollock
«O Guardião do Segredo»

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

ÓPERA - GIUSEPPE VERDI

Giuseppe Fortunino Francesco Verdi, grande compositor italiano de ópera, faleceu no dia 27 de Janeiro de 1901, em Milão. No romantismo italiano foi considerado o maior compositor em Itália e um dos mais importantes do séc.XIX.
Poet'anarquista
Giuseppe Verdi
Compositor Italiano
BIOBRAFIA

Verdi nasceu no seio de uma família humilde. Depois de revelar interesse pela música, ganhou do pai uma espineta (antigo instrumento de teclado e corda, semelhante ao cravo), comprada com grande sacrifício. Aos 12 anos já era o organista da igreja da sua cidade natal. 

Sob a protecção do comerciante Barezzi, que lhe financiará os estudos, segue para Milão. Apesar de ser recusado pelo Conservatório, graças a Barezzi estuda com professores particulares. Mais tarde, casará com a filha do seu mecenas, Margherita, com quem terá dois filhos. Mãe e filhos morrerão poucos depois de 1840. 

Buscando reconstruir a sua vida, Verdi alcança ruidoso sucesso com a ópera Nabuco, em 1842. O enredo, que relata o conflito entre assírios e judeus, incendiou a imaginação do povo italiano, que encontrou semelhanças entre os judeus e a sua própria luta contra a opressão austríaca. A música de Verdi acompanharia a transformação da península italiana em Estado independente, livre e unitário.

Até aquele momento, a ópera italiana era dominada por Rossini, Donizetti e Bellini, cujas composições permitiam aos cantores exibir seus talentos em árias espectaculares. Verdi, no entanto, estava mais preocupado com os aspectos dramáticos da ópera. Por exemplo, ao dirigir Macbeth, sua ópera de 1847, ele pede uma cantora "de voz algo rude, rouca e triste, com algo de diabólico em si" para fazer o papel de Lady Macbeth, e não a soprano já escolhida, que apenas sabia cantar com perfeição.


ROMANTISMO SINGULAR


As óperas Rigoletto (1851), Il Trovatore (1853) e La Traviata (1853) foram os maiores sucessos de Verdi e são até hoje as mais representadas no mundo inteiro. 

A crítica reagiu contra essa extraordinária popularidade, considerando as três obras como vulgares, inspiradas por um falso romantismo, mas não percebeu, contudo, a riqueza da invenção melódica e os elementos realistas: nas óperas, até então ocupadas por personagens mitológicos ou históricos, Verdi dá vida a um corcunda (Rigoletto) e a uma prostituta (em La Traviata). Em termos de valor estritamente musical, o quarteto do último acto de Rigoletto e o prelúdio instrumental do último acto de La Traviata são trechos geniais.

O romantismo de Verdi é singular: ele crê na capacidade redentora do amor, tem simpatia pelos humilhados e ofendidos, protesta contra as injustiças e concede aos finais um caráter profundamente trágico.

A qualidade das obras iniciais se repetirá nos trabalhos da maturidade: Un ballo in mascheraLa forza del destino e Don Carlo (uma sombria ópera histórica).

Giuseppe Verdi
Pintado por Giovanni Boldini (1886)

Para a abertura do canal do Suez foi encomendada a Verdi a ópera Aida (1871), um dos seus grandes triunfos. Na velhice compõe um Réquiem (1874) - música apaixonada e mística, feita em homenagem ao seu grande amigo, o romancista e poeta Alessandro Manzoni -, a ópera Otello (o seu trabalho mais trágico) e Falstaff, quase uma ópera-bufa, o olhar irónico de um génio que se despede da vida.

As últimas obras de Verdi são quatro peças sacras: Ave MariaStabat Mater,Laudi e Te Deum. No seu testamento, o compositor deixou a sua grande fortuna a uma fundação para ajudar músicos pobres.
Fonte: UOL Educação
"LA FORCE DU DESTIN" - OUVERTURE

GIUSEPPE VERDI