O poeta e romancista russo Boris Leonidovicht Pasternak, nasceu em Moscovo no dia 10 de Fevereiro de 1890. Ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 1958, mas por questões políticas não foi autorizado a receber a honraria. O seu famoso livro "Doutor Jivago", com fortes críticas ao regime comunista soviético, levou as autoridades russas a proibirem a sua publicação na União Soviética. Só com a entrada de Mikhail Gorbatchev foi possível os russos terem livre acesso ao livro, e assim conhecerem a saga de "Doutor Jivago".
Poet'anarquistaBIOGRAFIA
Filho de um professor de pintura e de uma pianista, teve uma juventude numa atmosfera cosmopolita. Estudou Filosofia na Alemanha e voltou a Moscovo em 1914, ano em que publicou sua primeira colecção de poesias. Primeiramente próximo do Futurismo russo, é principalmente como poeta que Pasternak se tornou conhecido na Rússia.
Durante a Primeira Guerra Mundial ensina e trabalha numa fábrica química dos Urais, o que lhe deu matéria para a sua famosa saga "Doctor Zhivago" anos mais tarde.
Pasternak caiu em desgraça com as autoridades soviéticas durante os anos 1930; acusado de subjectivismo, conseguiu, no entanto, não ser enviado para um campo de trabalho.
Foi-lhe atribuído o Nobel de Literatura de 1958, mas não foi autorizado a recebê-lo por razões políticas.
Na Rússia é mais conhecido como poeta do que romancista, em virtude de o livro "Dr. Jivago" não ter feito muito sucesso na antiga União Soviética por motivos políticos. É interessante observar, no entanto, que o personagem principal, homónimo ao livro é, justamente, um poeta que tem problemas com as autoridades soviéticas stalinistas, embora simpatizante da causa dos deserdados. O "Dr. Jivago", percebe-se, é um alter-ego do poeta Pasternak.
SOBRE "DOUTOR JIVAGO"
Em 1958, Boris Pasternak publicou o seu mais conhecido trabalho no mundo ocidental: o romance "Doctor Zhivago" (no português, Doutor Jivago). O livro não pôde ser publicado na então União Soviética, devido às críticas feitas ao regime comunista na obra. Os originais do livro foram contrabandeados para fora da "Cortina de Ferro" e editados na Itália, tornando-se rapidamente num verdadeiro best-seller, fazendo de Pasternak ganhador do Nobel de Literatura.
Entretanto, pelo fato de ser um livro proibido pelo governo de Moscovo, Pasternak foi impedido de receber o Nobel e acabou sendo obrigado a devolver a honraria. A proibição da publicação de "Dr. Jivago" dentro da União Soviética vigorou até 1989, quando a política de abertura de Mikhail Gorbatchev, então líder da URSS, liberou a publicação da obra. Somente neste ano, os russos puderam conhecer a saga de Jivago.
Em 1965, "Doutor Jivago" ganhou uma adaptação para o cinema, com Omar Shariff, no papel principal. O filme ficou famoso também pela sua grande trilha sonora, "Lara's Theme". Entretanto, Pasternak não viveu para ver o seu livro adaptado para as telas. Morreu em 1960.
Fonte: Wikipédia
DEFINIÇÃO DE POESIA
O trincar do gelo comprimido.
A noite, a folha sob o granizo.
Rouxinóis num dueto desafio.
Um doce ervilhal abandonado
A dor do universo numa fava.
Fígaro: das estantes e flautas -
Geada no canteiro, tombado.
Tudo o que para a noite releva
Nas funduras da casa de banho,
Trazer para o jardim uma estrela
Nas palmas úmidas, tiritando.
Mormaço: como pranchas na água,
Mais raso. Céu de bétulas, turvo.
Se dirá que as estrelas gargalham,
E no entanto o universo está surdo.
É indecoroso ser famoso
Porque não é isso que eleva.
E não vale a pena montar arquivos
Nem perder tempo com manuscritos antigos.
O caminho da criação é a entrega total,
E não fazer barulho ou ter sucesso.
Isso, infelizmente, nada significa
E é como uma alegoria a viajar de boca em boca.
É preciso, porém, viver sem pretensões,
Viver de tal modo que no fim das contas
Um amor ideal nos alcance
E ouçamos o apelo dos anos que virão.
O que é preciso rever
É o destino, não velhos papéis;
Nem parágrafos e capítulos de uma vida
Anotar ou emendar.
E mergulhar no anonimato,
Silenciar nele os nossos passos,
Como foge a paisagem na neblina
Em plena escuridão.
Outros, nesse rastro vivo,
Seguirão o teu caminho passo a passo,
Mas tu mesmo não deves distinguir
Derrota de vitória.
E não deves nem por um instante
Recuar ou trair o que tu és,
Deixa a palavra escorregar,
Como um jardim o âmbar e a cidra,
Magnânimo e distraído,
Devagar, devagar, devagar.
Boris Pasternak
A dor do universo numa fava.
Fígaro: das estantes e flautas -
Geada no canteiro, tombado.
Tudo o que para a noite releva
Nas funduras da casa de banho,
Trazer para o jardim uma estrela
Nas palmas úmidas, tiritando.
Mormaço: como pranchas na água,
Mais raso. Céu de bétulas, turvo.
Se dirá que as estrelas gargalham,
E no entanto o universo está surdo.
Boris Pasternak
É INDECOROSO SER FAMOSO
Porque não é isso que eleva.
E não vale a pena montar arquivos
Nem perder tempo com manuscritos antigos.
O caminho da criação é a entrega total,
E não fazer barulho ou ter sucesso.
Isso, infelizmente, nada significa
E é como uma alegoria a viajar de boca em boca.
É preciso, porém, viver sem pretensões,
Viver de tal modo que no fim das contas
Um amor ideal nos alcance
E ouçamos o apelo dos anos que virão.
O que é preciso rever
É o destino, não velhos papéis;
Nem parágrafos e capítulos de uma vida
Anotar ou emendar.
E mergulhar no anonimato,
Silenciar nele os nossos passos,
Como foge a paisagem na neblina
Em plena escuridão.
Outros, nesse rastro vivo,
Seguirão o teu caminho passo a passo,
Mas tu mesmo não deves distinguir
Derrota de vitória.
E não deves nem por um instante
Recuar ou trair o que tu és,
Mas estar vivo, só vivo,
E só vivo — até o fim.
Boris Pasternak
E só vivo — até o fim.
Boris Pasternak
O DOM DA POESIA
Como um jardim o âmbar e a cidra,
Magnânimo e distraído,
Devagar, devagar, devagar.
Boris Pasternak
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