segunda-feira, 3 de outubro de 2011

POESIA - LOUIS ARAGON

O poeta e escritor francês Louis Aragon, nasceu em Paris a 3 de Outubro de 1897. Iniciou a sua carreira literária ainda muito jovem e, mais tarde, durante a segunda guerra mundial, conheceu o poeta André Breton num hospital de campanha; os dois fundaram a revista «Littérature» voltada essencialmente para o surrealismo. Em 1957 foi-lhe atribuído o «Prémio Lenine da Paz». Louis Aragon faleceu na sua cidade natal, a 24 de Dezembro de 1982.
Poet'anarquista
Louis Aragon
Poeta Francês
BIOGRAFIA

Poeta, romancista e ensaísta francês nascido em Paris a 3 de Outubro de 1897, um dos iniciadores do surrealismo (1919), com André Breton e Philippe Soupault.

Audacioso nas invenções da juventude, quando indicou novos caminhos ao aderir ao verso livre, os seus primeiros sucessos vieram com a publicação dos seus primeiros livros de poemas, como «Le Mouvement Perpétuel» (1926).

Após o romance« Le Paysan de Paris» (1926), no qual já abordava temas sociais, e uma obra de inspiração ainda surrealista, o «Traité du Style» (1928), afastou-se dessa corrente e tornou-se comunista, passando a escrever romances realistas e revolucionários e abraçando as reivindicações sociais e proletárias.

A ruptura definitiva deu-se com o poema «Hourra l'Oural» (1934). Os romances «Les Cloches de Bâle» (1934), «Les Beaux Quartiers» (1936), «Les Voyageurs l’Impériale» (1942), «Aurélien» (1944) e «La Semaine Sainte» (1958).

A Sua fama cresceu ao regressar, nas obras da maturidade, aos ritmos, à rima e a outros recursos tradicionais da criação literária. Desta poesia da sua segunda fase, são exemplos «Le Crève-Coeur» (1941) e «Les Yeux d'Elsa» (1942), este dedicado à sua mulher, a escritora Elsa Triolet (1896-1970), russa de nascimento e cunhada do poeta Vladimir Maiakovski.

Morreu em Paris no dia 24 de Dezembro de 1982.
Fonte: Biografias.com

CHEGO ONDE SOU ESTRANGEIRO

Nada é tão precário quanto viver
Nada quanto ser é tão passageiro
É quase como gelo derreter
E para o vento ser ligeiro
Chego onde sou estrangeiro

Um dia passas a margem
De onde vens mas onde vais então
Amanhã que importa que importa ontem
Muda o cardo e o coração
Tudo é sem rima nem perdão

Passa na tua têmpora teu dedo
Toca a infância como os olhos veem
Baixa as lâmpadas mais cedo
A noite por mais tempo nos convém
É o dia claro envelhecendo

As árvores são belas no outono
Mas da criança o que é sucedido
Eu me olho e me assombro
Deste viajante desconhecido
Seu rosto e seu pé desvestido

Pouco a pouco te fazes silêncio
Mas não rápido o bastante
Para não sentires tua dessemelhança
E sobre o tu-mesmo de antes
Cair a poeira do tempo

É demorado envelhecer enfim
A areia nos foge entre os dedos
É como uma água fria em torvelim
É como a vergonha num crescendo
Um couro duro corroendo

É demorado ser um homem uma coisa
É demorado renunciar totalmente
E sentes-tu as metamorfoses
Que se passam internamente
Dobrar nossos joelhos lentamente

Ó mar amargo ó mar profundo
Qual é a hora da preamar
Quanto é preciso de anos-segundos
Ao homem para o homem abjurar
Por que por que esse gracejar

Nada é tão precário como viver
Nada quanto ser é tão passageiro
É quase como gelo derreter
E para o vento ser ligeiro
Chego onde sou estrangeiro

Louis Aragon

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