segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

LITERATURA - EMILY BRONTE

Emily Jane Bronte nasceu em Thornton, Inglaterra, a 30 de Julho de 1818. Escritora e poetisa, Emily Bronte é a autora do famoso romance «O Monte dos Vendavais», hoje considerado um clássico da literatura mundial. Esta autora também escrevia com o pseudónimo masculino de «Ellis Bell». Emily faleceu aos 30 anos, vítima de doença tuberculosa, a 19 de Dezembro de 1848 em Haworth.
Poet'anarquista
Emily Bronte
Escritora Inglesa
BIOGRAFIA

Emily Jane Bronte, a autora do clássico inglês «O Monte dos Vendavais», nasceu aos 30 de Julho de 1818 em Thornton, Yorkshire. Irmã das também escritoras Charlotte e Anne Bronte, foi a quinta dos seis filhos que tiveram Patrick Bronte e Mary Branwell. Mudou-se com a família para Haworth em 1820, onde seu pai, um reverendo, passou a servir a comunidade como reitor e presidente da paróquia, local onde ela e os irmãos estudaram os clássicos da literatura e tiveram acesso a artigos contemporâneos publicados na imprensa. As crianças passaram a maior parte do seu tempo dentro da casa paroquial, lendo e compondo, ambiente este que fez o talento literário de Emily surgir.


Em 1821, a mãe de Emily Bronte morreu de câncer, e ela e suas irmãs foram enviadas pela rígida tia Branwell para Clergy Daughter's School, um colégio interno em Cowan Bridge, onde viveram em condições precárias. Depois de passarem fome, frio e sofrerem castigos constantes devido ao severo regime em que viviam, duas das irmãs de Emily, Maria e Elizabeth Bronte, morreram de tuberculose. Patrick Branwell então resolveu levar as filhas de volta para casa.

Na casa dos Bronte trabalhava Thabitha, uma empregada que costumava contar histórias às crianças e que mais tarde foi homenageada com a fiel personagem Nelly Dean, em «O Monte dos Vendavais», único romance de Emily Bronte. O mundo do faz de conta aumentou o interesse dos irmãos pela leitura, uma forma de entretenimento que fez nascerem terras fantásticas, criadas para as suas personagens. Nessa época, Emily escreveu poemas e algumas histórias, porém poucos dos seus trabalhos desse período sobreviveram.

«O Monte dos Vendavais»
Romance de Emily Bronte

Charlotte foi para Roe Head, onde, mais tarde, foi convidada para leccionar, levando a sua irmã Emily consigo. Devido à timidez, Emily não se adaptou a Roe Head e voltou para casa. O seu irmão Branwell bebia de forma imoderada e ela passava os dias solitariamente compondo os seus poemas, que escondia por conta da sua introversão.

Em 1842, Emily e Charlotte foram para a Bélgica, onde aprenderam Francês, Alemão e literatura com o objetivo de montarem a sua própria escola. A empreitada, no entanto, não obteve sucesso por ocasião da falta de alunos. Já de volta a Haworth, Charlotte descobriu os versos da irmã e teve a ideia de juntar aos dela e aos de Anne para publicá-los sob os pseudónimos de Currer, Ellis e Acton Bell. Em 1846, uma pequena editora aceitou publicar os poemas, porém as irmãs teriam de se responsabilizar pelos custos, que pagaram com a herança da tia Branwell, falecida pouco antes daquela ocasião. A despeito do elogio e da crítica, apenas dois exemplares foram vendidos, mas as irmãs continuaram a escrever, agora cada uma a sua narrativa. Charlotte publicou «Jane Eyre», que atingiu grande sucesso, e Emily, em 1847, publicou «O Monte dos Vendavais», que, devido ao clima tenso da narrativa, foi mal compreendido na época do seu lançamento. Posteriormente, a obra foi consagrada e passou a fazer parte do cânone da literatura inglesa.

A notável autora de «O Monte dos Vendavais», talvez a mais fechada e mais solitária das irmãs Bronte, morreu de tuberculose, aos 30 anos, em 19 de Dezembro de 1848, mesmo ano da morte do seu irmão Branwell.
Fonte: UOL Educação

Poesia de Emily Bronte

A PRISIONEIRA

Saibam ainda meus tiranos, que não estou disposta a vestir
Ano após ano o desespero sombrío e desolado;
Um mensageiro de Esperança vem a mim cada noite,
E ele oferece curta vida, liberdade eterna.

Vem com os ventos do oeste, com os ares errantes do anoitecer,
Com esse claro crepúsculo de céu que traz as estrelas mais densas:
Ventos tomam um tom pensativo, e estrelas um lume tenro,
E sobem, e mudam, visons que me matam de desejo.    

Desejo de nada conhecido nos meus anos mais maduros,
Quando o gozo enlouquecia com sobressalto, contando as futuras mágoas:
Quando, estando o céu do meu espírito cheio de destelhos calorosos,
Eu não sabia de onde eles vinham, se do sol ou se da trovoada.

Mas primeiro, um silêncio de paz — uma calma sem som desce;
O forcejo da angústia e a fera impaciência acaba.
Música muda acalma o meu peito — harmonia indescritível
Que nunca poderia sonhar, até que a Terra se perdesse para mim.

Então amanhece o Invisível; o Oculto revela a sua verdade;
Meu senso externo foi-se, minha interna essência sente;
Suas asas são quase livres — seu folgar, seu porto achou,
Medindo o abismo inclina-se, e ousa dar o salto final.

Oh, terrível é a prova — intensa a agonia —
Quando a orelha começa a ouvir, e o olho começa a ver;
Quando o pulso começa a palpitar — o cérebro a pensar outra vez —
A alma a sentir a carne, e a carne a sentir a cadeia.

Contudo não perda eu ardor, não deseje menor tortura;
Quanto mais a angústia atormente, mais cedo abençoará;
E togada com os lumes do inferno, ou brilhante com luz celestial,
Ainda se arauto de Morte, a visão é divina.

Emily Bronte

DERRADEIRAS LINHAS

Não é alma covarde a minha,
Não há tremor na esfera do mundo, atribulada de tormenta:
Eu vejo as glórias do Céu brilhar,
E a fé brilha igual, armando-me frente ao medo.

Oh, Deus dentro do meu peito,
Deidade todo-poderosa e oni-presente!
Vida — que em mim tem residido,
Como eu — Vida imortal — em Ti tenho poder!

Vãos são os mil credos
Que aos corações humanos movem: inexpressavelmente vãos;
Carentes de valor como ervas murchas e daninhas,
Ou como a folgazana escuma em meio do mar ilimitada,

Para despertar dúvida em uma
Tão aferrada pela Tua infinitude;
Tão seguramente ancorada
Na inquebrantável rocha da imortalidade.

Com amor oni-abrangente
Teu Espírito anima eternos anos,
Impregna e medita,
Muda, sustenta, dissolve, cria e cultiva.

Ainda se terra e homem tivessem desaparecido,
E sóis e universos deixassem de ser,
E Tu ficasses assim só,
Toda a existência existiria em Ti.

Não há habitação para a Morte,
Nem átomo que possa seu poder anular:
Tu — Tu és Ser e Alento,
E o que Tu és, nunca pode ser destruído.

Emily Bronte

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