Morreu hoje a «diva dos pés descalços», como era conhecida Cesária Évora, aos 71 anos de idade. Foi a cantora com maior reconhecimento mundial de toda a história da música popular cabo-verdiana. Apesar de bem sucedida em diversos estilos musicais, foi a «morna» onde mais se notabilizou, ficando por este motivo também conhecida como a «rainha da morna». Paz à sua alma!
Poet'anarquista
Cesária Évora
Cantora Cabo-Verdiana
Morte de Cesária Évora
O músico cabo-verdiano Tito Paris lamentou este sábado a morte de Cesária Évora, companheira de palcos e de brincadeiras, salientando que a música da cantora não morre e será ouvida «até ao último dia das nossas vidas».
Em declarações à Lusa, Tito Paris afirmou estar «muito triste» com a morte da sua amiga, referindo que «o mundo da música e Cabo Verde a partir de hoje ficaram mais pobres, tal como enriqueceram no dia em que ela nasceu».
«O artista e o poeta praticamente não morrem. Desaparecem mas não morrem e nós vamos ouvir Cesária até ao fim da nossa vida, ela vai existir com as suas mornas e coladeras até ao último dia das nossas vidas», considerou.
Tito Paris recordou as «brincadeiras» de muitos anos de cumplicidade com a cantora, uma «pessoa muito bem-disposta, muito porreira» que praticamente o viu nascer.
«Eu fazia-lhe cócegas, ela tinha muitas cócegas, e brincava com ela chamando-lhe «a minha namorada», dizendo que ia casar com ela. Ela respondia-me: «você diz isso só no meio das pessoas, quando estamos sozinhos você não diz nada disso», recordou.
Quando ia a casa da cantora, Tito Paris tinha também especial gosto em provocá-la, abrindo as suas gavetas e indo-lhe ao frigorífico, o que levava Cesária Évora a censurá-lo: «você pensa que isto aqui é a sua casa?!».
«Cesária Évora é conhecida em todo o mundo e, hoje, é o mundo que também chora connosco. Queremos enviar um abraço de conforto a todos, em todos os cantos do mundo», afirmou Mário Lúcio, ministro da Cultura de Cabo Verde, ele próprio músico e compositor que cantou inúmeras vezes com a «Diva dos Pés Descalços» e cuja vida, disse, aprendeu a admirar.
«A cultura cabo-verdiana acaba de perder uma das suas figuras mais proeminentes. Cesária é a tradução mais universal da palavra Cabo Verde. É um momento de profunda consternação e de dor, que atravessa todos os sentimentos bons que nos deixou», acrescentou. Tinha uma «alma que representava» todo o povo cabo-verdiano.
O ministro da Cultura cabo-verdiano indicou ser ainda cedo para se pensar nas cerimónias fúnebres, indicando que o Governo vai reunir-se, ainda neste fim-de-semana, para definir os pormenores. Lembrando a amizade de muitos anos, Mário Lúcio disse sentir-se como se sentem todos os cabo-verdianos: «fiquei sem um pedaço de mim».
Fonte: IOLMúsica
«SODADE»
CESÁRIA ÉVORA
SODADE
Quem mostrava esse caminho longe?
Quem mostrava esse caminho longe?
Esse caminho pa São Tomé
Quem mostrava esse caminho longe?
Quem mostrava esse caminho longe?
Esse caminho pa São Tomé
Sodade, sodade
Sodade dessa minha terra, São Nicolau
Sodade, sodade
Sodade dessa minha terra, São Nicolau
Quem mostrava esse caminho longe?
Quem mostrava esse caminho longe?
Esse caminho pra São Tomé
Quem mostrava esse caminho longe?
Quem mostrava esse caminho longe?
Esse caminho pra São Tomé
Sodade, sodade
Sodade dessa minha terra, São Nicolau
Sodade, sodade
Sodade dessa minha terra, São Nicolau
Se vou escrever muito a escrever
Se vou esquecer muito a esquecer
Até dia que vou voltar
Se vou escrever muito a escrever
Se vou esquecer muito a esquecer
Até dia que vou voltar …
Cesária Évora
É reconfortante ouvir o ministro da cultura de Cabo Verde Mário Lúcio, dizer sobre a morte de Cesaria Évora: «fiquei sem um pedaço de mim».
ResponderEliminarE eu fiquei sem palavras...
Kabé