Décimas populares pelo poeta Augusto Garcia Toucinho, mais conhecido por «Cabo Toucinho». Nasceu a 3 de Agosto de 1900 em Monforte, mas grande parte da sua vida foi passada no Alandroal. Foi de profissão 2º. Cabo da Guarda Fiscal, motivo pelo qual herdou o nome de Cabo Toucinho. Este poeta, meu amigo e vizinho já falecido começou a fazer poesia aos 11 anos, existindo a particularidade de ter sido ele quem me ensinou a forma como as décimas se constroem. Recordo com muita saudade as noites que passei em sua casa junto à lareira, ouvindo com muito entusiasmo as palavras que fluíam da sua memória, e o carinho que nutria pela minha querida filha Linda. Fica aqui registado, para quem não conheça bem a sua história de vida, Augusto Toucinho foi um grande democrata e humanista, tendo salvo a vida a muitos presos políticos durante a Guerra Civil de Espanha. A minha homenagem ao poeta e ao homem... viva a Liberdade, viva o 25 de Abril!
Poet'anarquistaAugusto Toucinho
Poeta Popular
Mote
Temos os astros em guerra
Turvam-se as águas do mar
Quando é que reina na terra
A paz de que ouço falar.
Glosas
1ª
Aonde é que isto irá parar
Com o decorrer dos tempos
Assim com tantos inventos
No que é que tudo irá dar.
Anda um conflito no ar
O que é que dali se espera
Cruzam a atmosfera
Os satélites e os foguetões,
Devido a tantas invenções
Temos os astros em guerra.
2ª
Estão os povos alarmados
Com o que se passa no mundo
Navios metidos no fundo
E marinheiros afogados.
Muitos barcos naufragados
Sem se poderem salvar
As pessoas que lá possam estar
Ali têm o seu fim,
Com estes sinistros assim
Turvam-se as águas do mar.
3ª
Não devia haver falsidade
Devia haver boa união
Quando é que os povos se entenderão
Como sendo uma irmandade?
Se houvesse só lealdade
Que muito bom que isso era
O povo pergunta e espera
Um futuro mais conveniente,
Sossego para toda a gente
Quando é que reina na terra?
4ª
Luta-se por todo o lado
Muitos querem o poleiro
Outros lutam pelo dinheiro
Está o mundo desgraçado.
O que é explorado
Também anda a lutar
Não se pode conformar
Com isso tal como está,
Pergunto eu quando virá
A paz de que ouço falar.
Cabo Toucinho
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