Hoje é a vez do poeta Anastácio Francisco Pires, nascido a 26 de Agosto de 1924 no Monte do Carril, aldeia de Orvalhos da freguesia de Santiago Maior, concelho de Alandroal. Profissionalmente foi trabalhador rural toda a sua vida, e começou a fazer poesia aos 10 anos.
Poet'anarquista
Anastácio Francisco Pires
Poeta Popular
Mote
A minha mulher amada
Que nunca ralha comigo
Quando ela estiver zangada
O gato sofre um castigo.
Glosas
1ª
Se o gato em casa entrar
Prega-lhe com um sapato,
Tal é o estupor do gato
Anda só a patear!
Andei a casa a lavar
Já está toda pateada
Já que não me ajudas nada
Não me estragues o que eu fiz,
Mas a mim nada me diz
A minha mulher amada.
2ª
Se o gato estiver sentado
Lá ao lume à chaminé
Ela dá-lhe um pontapé
Que ele abala de alma ao lado,
Aqui está escarrapachado
Só gosta de bom abrigo
Por causa dele nem consigo
Pôr as panelas ao lume,
Mas tem um belo costume
Que nunca ralha comigo.
3ª
Se o gato se for deitar
Em cima de uma cadeira
Dois sopapos na lombeira
Não está livre de apanhar.
Só de o ouvir miar
Põe-se ela desafinada,
O que é que quer a empada
Se queres comer vai fazê-lo,
Não lhe queria estar no pêlo
Quando ela estiver zangada.
4ª
Se eu no café me descuido
Chego a casa não se queixa
Mas só que o gato se mexa
Carrega com o canudo*
O gato papa com tudo
Sem perceber do artigo
Eu percebo mas não ligo
Finjo até não perceber,
Sem culpa nenhuma ter
O gato sofre um castigo.
Anastácio Pires
* Tubo de cana ou de ferro para atear o lume de chão.
É SEMPRE COM ENORME PRAZER QUE LEIO A POESIA DOS POETAS DO MEU CONCELHO!!!
ResponderEliminarMUITO OBRIGADA SR. ANASTÁCIO PIRES!
GOSTEI!
Uma Alandroalense (L...)