domingo, 11 de março de 2012

POESIA - TORQUATO TASSO

Torquato Tasso nasceu em Sorrento, Itália, a 11 de Março de 1544. Foi o último poeta clássico renascentista, contemporâneo do grande poeta Ariosto. Este autor do séc. XVI ficou conhecido pela sua obra poética com o título «Jerusalém Libertada», onde descreve combates do imaginário entre cristãos e muçulumanos, no final da primeira cruzada, durante o grande cerco a Jerusalém. Torquato Tasso faleceu em Roma, a 25 de Abril de 1595.
Poet'anarquista
Torquato Tasso
Poeta Italiano
BIOGRAFIA

Tasso nasceu em Sorrento a 11 de março de 1544 e morreu em Roma, no convento de Sant'Onofrio, a 25 de abril de 1595. Filho do poeta Bernardo Tasso, realizou a sua formação humanística em Nápoles, Roma, Veneza, Bolonha e Pádua, onde concluiu os estudos de direito, filosofia e retórica e conheceu o filósofo Sperone, que muito o influenciaria.

Em fins de 1565 entrou para o serviço do cardeal Luigi d'Este, em Ferrara, onde residiu, com alguns intervalos, por cerca de vinte anos. Em 1571 passou ao serviço do irmão do cardeal, Alfonso II, que muito o protegeu na corte de Ferrara, proporcionando-lhe um dos períodos mais tranquilos da sua agitada existência.

Entre 1575 e 1576, Tasso esteve envolvido com a censura inquisitorial, o que, provavelmente, lançou as raízes do desequilíbrio mental a que depois viria a sucumbir. Esse desequilíbrio, agravado por frustrações eróticas e escrúpulos religiosos, provocou o delírio persecutório que determinou, em 1580, após severa crise, o seu internamento num mosteiro de Ferrara, ficando-lhe proibidas quaisquer visitas.

Assim viveu o poeta, com períodos alternados de lucidez e alucinação, até ser liberado por Afonso II d'Este em 1586. Pouco depois, entretanto, já em Roma e sob a protecção papal, o estado de saúde de Tasso iria agravar-se de forma crítica, e o poeta mergulhou na loucura absoluta, à qual pouco sobreviveu.

Na sua primeira obra, o poema «Rinaldo» (1562), Tasso procura dar unidade estilística ao material confuso da literatura de cavalaria através da centralização da narrativa em um único herói e da ênfase sobre os aspectos solenes da acção épica. Ainda que obra imatura, o «Rinaldo» é importante para a compreensão da gênese e do desenvolvimento ulterior das epopéias de Tasso.

Escrita em 1573, a comédia pastoril «Aminta» é superior a «Rinaldo». Com o seu sensualismo renascentista e a sua atmosfera idílica, «Aminta» é uma das obras-primas do género. Nessa obra, Tasso é, sobretudo, um poeta da melancolia, da nostalgia do idílio perdido, dos instintos recalcados pela austeridade moral da Contra-Reforma.

Com «Jerusalém Libertada» (1581), Tasso ascende à categoria de um dos mais célebres poetas de toda a literatura universal, o «Último Grande Clássico», cujo triste destino foi lamentado por Goethe na tragédia «Torquato Tasso» e por lorde Byron no poema «O Lamento de Tasso».

Comparado a Homero, Virgílio e Dante, Tasso foi, também, o último grande poeta italiano a exercer influência sobre a Europa inteira. A musicalidade do verso e o sensualismo das descrições são admiráveis. Mas a crítica moderna também aponta certos convencionalismos e a grandiloquência, características essas, aliás, inerentes à estrutura da grande epopéia heróica e sacra do século XVII, que paga tributo à «Jerusalém Libertada».

Ainda que cultor de um género virtualmente extinto na actualidade, Tasso sobrevive porque o substrato poético da sua obra é, em essência, de natureza lírico-musical, o que vale dizer: antiépico. Muitos episódios da sua obra são momentos de intenso e comovente lirismo.

Tasso deixou várias outras obras, entre elas, uma segunda coletânea de «Rimas» e a comédia «Intrigas de Amor», de autoria controversa. Tais obras, como as anteriores, revelam sobretudo o alto lirismo e a melancolia noturna do autor. A nostalgia romântica e as implicações teológicas da poesia de Tasso correspondem, a rigor, à agonia do universo de beleza criado pelo sensualismo dionisíaco do Renascimento, já então corroído pela reacção contra-reformista.
Fonte: UOLEducação


MADRIGAL

Qual orvalho, ou qual pranto,
Que lágrimas aquelas
Que correrem do noturno manto
E do luzente rosto das estrelas?
E por que semeou a branca lua
Nuvens negras de gotas cristalinas
À relva das colinas?
Por que na noite escura
Se ouviram, como gritos, mundo afora
Caçar o vento a aurora?
Foram sinais, talvez, de que partiste
E eu, mudo, fiquei triste?

Torquato Tasso

VIDA DA MINHA VIDA

Vida da minha vida,
Tu me pareces azeitona pálida,
Ou bem uma rosa esquálida,
Mas de beleza és diva,
E em qualquer modo sempre me és querida,
Ou anelante, ou esquiva;
E quer fujas, quer sigas,
Suavemente me destróis e obrigas.

Torquato Tasso

NA MORTE DE MARGARIDA BENTIVOGLIO

Não é isto um morrer,
Imortal Margarida,
Mas, um passa, mais cedo a uma, outra vida;
Nem dessa ignota via
Dor te descore ou prema,
Mas só piedade na partida extrema.
De nós penosa e pia,
De ti feliz, segura,
Te despedes do mundo, ó alma pura.

Torquato Tasso

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