Décimas pelo poeta popular José Dias Solda, mais conhecido por Zé Duro. Natural de Azenha dos Pinheiros, onde nasceu a 1 de Outubro de 1909, residiu grande parte da sua vida na vila de Alandroal. De profissão trabalhador rural, começou a fazer poesia contava apenas 15 anos. As décimas que hoje se publicam de sua autoria, embora escritas numa outra conjectura política, não deixam de estar muito actuais. Boas leituras!
Poet'anarquista
José Dias Solda (Zé Duro)
Poeta Popular
MOTE
Não se pode resistir
Com este tamanho aperto
Não ganhamos só para o pão
Isto assim tem pouco jeito
Glosas
1ª
Portugueses, portugueses
Temos muito que penar
Está a miséria a chegar
Não demora muitos meses.
Até nem os burgueses
Querem mandar produzir
Só se pensa em destruir
Uma coisa fora do termo,
Com este mau governo
Não se pode resistir.
2ª
Já não vejo o povo em paz
Na minha vida se calha
Estão roubando a quem trabalha
Para aquele que nada faz.
Não sei bem se sou capaz
De dizer as coisas com acerto
Isto já não tem conserto
E não olham para o desgraçado,
Fica tudo magoado
Com este tamanho aperto.
3ª
Está subindo o alimento
Que é uma carestia
Sobem as coisas dia para dia
Outras logo de momento.
Há muitos a cem por cento
Conforme é a duração
Há gente sem coração
Que só olha p'ró que come,
Os outros morrem de fome
Não ganhamos só para o pão.
4ª
O Alto Alentejo ainda tem
Em pedra mármore defesa
Em Lisboa há muita empresa
Mas não pagam a ninguém.
Nós todos sabemos bem
Que ninguém anda satisfeito
De onde vem o defeito
Todos devem saber,
Trabalhar sem receber
Isto assim tem pouco jeito.
Zé Duro
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