sexta-feira, 3 de agosto de 2012

POETAS DO CONCELHO D' ALANDROAL

XXXVII DÉCIMAS

Trigésimas sétimas e penúltimas décimas publicadas no espaço «Amigos d'Arte», do livro de poetas populares editado pela Câmara Municipal de Alandroal no ano de 1993. Esta semana as décimas vão estar a cargo do poeta popular Manuel Inácio Leitão, de alcunha Pisco, nascido a 27 de Janeiro de 1951 na aldeia de Hortinhas, freguesia de São Pedro de Terena do concelho de Alandroal. Na sua vida profissional exerceu o ofício de pedreiro e começou a fazer poesia aos vinte anos.
Poet'anarquista
Manuel Inácio Leitão (Pisco)
Poeta Popular

MOTE

Na rua onde fui criado
Tudo vive na solidão
As pessoas que estão a habitar
Digo-lhe o nome e quantas são.

Glosas

Começo pelo ti Mourão
A sobrinha e o cunhado
E também ali ao lado
Está o velho Gatarrão.
Depois está Zaquiel e Durão
Naquele beco isolado
Todos dali têm abalado
P'ra outra terra mais fina,
Mora Inácio Fortes e Angelina
Na rua onde fui criado.

A seguir estão os meus pais
O Pirata e o ti Bento
Cá em baixo está o Momento
P'rós copos é dos principais.
Os cunhados também já foram iguais
Também gostavam do balcão
O ti Moreira esse já não
Pode beber um copo de vinho,
Está o Limpas e o Rainho
Vive tudo na solidão.

Maria da Horta e Chapão
O Prates e o Sapateiro
E também está um forasteiro
Que é vizinho do ti João.
Cá em baixo ao pé do casão
Está o Manuel Pisco a morar
Ainda tenho mais uns metros a andar
Que é para ficar tudo dito,
Falta o senhor António e o Marquito
As pessoas que a estão a habitar.

Viúvos e pessoal casado
Não chegam a quatro dezenas
Até as crianças pequenas
Tudo isso está contado.
Temos o solteiro* avançado
Alguns da minha geração
Cá na minha opinião
Esta conta não se inventa,
Ao todo são cinquenta
Digo-lhe o nome e quantas são.

Pisco
*Pessoa que não casou apesar da idade.

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