quinta-feira, 25 de outubro de 2012

POESIA - JOÃO DE BARROS

O poeta português João de Barros nasceu na Figueira da Foz, a 4 de Fevereiro de 1881. Foi igualmente um pedagogo e publicista português, autor de obras adaptadas para os mais jovens sobre textos clássicos em prosa, tais como «Os Lusíadas» de Luís Vaz de Camões e a «Odisseia» de Homero. João de Barros faleceu em Lisboa, a 25 de Outubro de 1960.
Poet’anarquista
João de Barros
Poeta Português
SOBRE O ESCRITOR...

Filho terceiro de Afonso Ernesto de Barros, 1.º visconde da Marinha Grande, e de sua primeira mulher Mariana da Ascensão da Costa Guia, João de Barros licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra. Dedicou-se às letras, sendo autor de uma vasta obra, na sua maior parte dispersa por publicações periódicas. No campo da poesia revelou-se sensível e inspirado, sendo autor de uma obra ainda mal conhecida.

Foi um entusiasta da aproximação luso-brasileira, tendo dirigido, com João do Rio, a revista Atlântida (1915-1920), que incluiu colaboração dos principais escritores lusófonos da geração de 1910-1920. Em consequência, no ano de 1920 foi eleito sócio da Academia Brasileira de Letras.

Tendo ingressado na política activa, foi um dos últimos Ministros dos Negócios Estrangeiros da Primeira República Portuguesa, tendo feito parte de um dos governos que se sucederam em 1925.

Dedicou os seus últimos anos de vida à adaptação para a juventude de alguns dos mais famosos textos clássicos, publicando versões em prosa de Os Lusíadas de Luís Vaz de Camões e da Odisseia de Homero.

Em 1945, foi agraciado com a grã-cruz da Ordem do Cruzeiro do Sul.

João de Barros é patrono da escola Escola Básica do 2.º e do 3.º Ciclos Dr. João de Barros, situada na Figueira da Foz.
Fonte: Wikipédia

SONETO DO AMOR

Tantos passaram pelo teu caminho
antes que fosse a hora de eu passar,
que tenho a dor de me não ver sozinho
na memória fiel do teu olhar.

Nenhum te disse frases de carinho,
nenhum parou, talvez, para te amar...
E vão perdidos no redemoinho
da vida, e nunca mais hão de voltar.

Para ti, nenhum foi o mesmo que eu...
- Mas porque a tua vista os abrangeu
mesmo sem alegria, amor ou fé,

deles alguma coisa em ti existe,
- alguma coisa que me deixa triste
porque não posso adivinhar o que é!...

João de Barros

CAMINHO

Dizem aqueles tristes que julgaram
Ter vivido num dia toda a vida:
-- É tudo engano e a alma aborrecida
Morre dos ideais que alucinaram...

E aos outros gritam: -- Onde, esta subida
Atrás das ilusões que vos chamaram?
-- Loucos, parai... Só esses que pararam
Chegaram à verdade apetecida!

Mas nós -- nem os ouvimos, nós, os fortes
Que através de mil prantos e mil mortes,
Sabemos que a verdade ou a ilusão,

-- Ideia altiva ou corpo de mulher --
Nunca podem fugir a quem tiver
Beijos de amor e garras de ambição!

João de Barros

VIDA VITORIOSA

Foi uma vida vitoriosa, é certo,
A vida que vivi nesta jornada,
-- Não da vitória que se vê de perto,
E que se alcança, apenas desejada.

Não do triunfo que sorri, incerto,
E logo é fumo, e é pó, e é cinza, e é nada,
-- Mas doutra glória que ao meu peito aperto,
E só eu vejo, pura e recatada.

Porque em silêncio conquistei, lutando,
-- Quantas vezes perdido e miserando,
Quantas vezes vencendo a própria dor --

Esta alegria de passar na vida
Sendo uma força, que jamais duvida,
E uma voz clara como a voz do Amor!

João de Barros

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