sexta-feira, 23 de novembro de 2012

DOIS POEMAS DE HERBERTO HELDER

O poeta português Herberto Helder, conhecido pela sua poesia experimental como poeta visionário e que de certa forma faz lembrar Ezra Pound, cumpre hoje as suas oitenta e duas primaveras. Herberto Helder nasceu no Funchal, a 23 de Novembro de 1930 e já aqui em- «POESIA - HERBERTO HELDER» o recordámos na publicação de 23 de Novembro de 2011. Deixo-vos com os poemas «Corpo do Corpo» e «Aos Amigos», e como é habitual nesta rubrica... Viva a poesia pela mão do poeta Herberto Helder!
Poet'anarquista
«Retrato de Herberto Helder»
Por Frederico Penteado

CORPO DO CORPO

Mexo a boca, mexo os dedos, mexo
a ideia da experiência.
Não mexo no arrependimento.
Pois o corpo é interno e eterno
do seu corpo.
Não tenho inocência, mas o dom
de toda uma inocência.
E lentidão ou harmonia.
Poesia sem perdão ou esquecimento.
Idade de poesia.

Herberto Helder

AOS AMIGOS

Amo devagar os amigos que são tristes
com cinco dedos de cada lado.
Os amigos que enlouquecem
e estão sentados,
fechando os olhos,
com os livros atrás a arder
para toda a eternidade.

Não os chamo,
e eles voltam-se profundamente
dentro do fogo.
- Temos um talento doloroso e obscuro.
Construímos um lugar de silêncio.
De Paixão.

Herberto Helder

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