Em mais uma passagem da data de aniversário do poeta português José Fontinhas (19 de Janeiro de 1923), conhecido pelo pseudónimo de Eugénio de Andrade, publica-se hoje o poema «Desde a Aurora». Pode também consultar aqui- «POESIA
- EUGÉNIO DE ANDRADE» sobre vida e obra deste grande autor português do séc. XX.
Poet'anarquista
Eugénio de Andrade
Poeta Português
DESDE A AURORA
Como um sol de polpa escura
Para levar à boca,
Eis as mãos:
Procuram-te desde o chão,
Entre os veios do sono
E da memória procuram-te:
À vertigem do ar
Abrem as portas:
Vai entrar o vento ou o violento
Aroma de uma candeia,
E subitamente a ferida
Recomeça a sangrar:
É tempo de colher: a noite
Iluminou-se bago a bago: vais surgir
Para beber de um trago
Como um grito contra o muro.
Sou eu, desde a aurora,
Eu-a terra-que te procuro
De Obscuro Domínio.
Eugénio de Andrade
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