No dia 6 de Fevereiro de 2003, morre em Maputo, o grande poeta moçambicano José Craveirinha. Da sua obra, destacam-se por ordem cronológica «Xigubo» de 1964, «Cântico a um Dio de Catrane» de 1966, «Karingana ua Karingana» ou «Era uma Vez» de 1974, «Cela I» de 1980, «Maria» de 1988 e «Haminas» de 1997. Craveirinha foi agraciado com o Prémio Camões no ano de 1991. Ler aqui- «POESIA
- JOSÉ CRAVEIRINHA», publicação de 6 de Fevereiro de 2011, ou ainda aqui- «CRAVEIRINHA
versus MALANGATANA» de 20 de Dezembro de 2012.
Poet'anarquista
Poemas de José Craveirinha
«Era uma vez»
UM HOMEM NÃO CHORA
Acreditava naquela historia
do homem que nunca chora.
Eu julgava-me um homem.
Na adolescência
meus filmes de aventuras
punham-me muito longe de ser cobarde
na arrogante criancice do herói de ferro.
Agora tremo.
E agora choro.
Como um homem treme.
Como chora um homem!
José Craveirinha
AFORISMO
Havia uma formiga
compartilhando comigo o isolamento
e comendo juntos.
Estávamos iguais
com duas diferenças:
Não era interrogada
e por descuido podiam pisa-la.
Mas aos dois intencionalmente
podiam por-nos de rastos
mas não podiam
ajoelhar-nos.
José Craveirinha
A BOCA
Jucunda boca
deslabiada a ferozes
júbilos de lâmina
afiada.
Alva dentadura
antónima do riso
às escâncaras desde a cilada.
Exotismo de povo flagelado
esse atroz formato
da fala.
José Craveirinha
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