O poeta português António Joaquim de Castro Feijó, ou
simplesmente António Feijó nasceu em Ponte de Lima, a 1 de Junho de 1859. A sua
obra, que habitualmente se identifica com o parnasianismo, sofreu grande influência com
a morte prematura de sua esposa, a sueca Maria Carmen Mercedes Joana Lewin. Os temas fúnebres passaram a estar presentes na sua escrita poética. António Feijó
faleceu em Estocolmo, na Suécia, a 20 de Junho de 1917.
Poet’anarquista
António Feijó
Poeta Português
SOBRE O POETA...
António Joaquim de Castro Feijó (1859-1917) nasceu em Ponte
de Lima e faleceu em Estocolmo.
Estudou Direito em Coimbra, ingressando na carreira
diplomática. Exerceu cargos diplomáticos no Brasil e na Suécia. Casou com uma
senhora sueca, que morreu prematuramente. Fundou em 1880 na cidade de Coimbra,
com Luís de Magalhães, a Revista Científica e Literária.
Colaborou nas revistas Arte, A Ilustração
Portuguesa, O Instituto, Novidades, Museu Ilustrado, e outras.
Como poeta, António Feijó é habitualmente ligado ao
Parnasianismo.
Obras: «Transfigurações» (1882), «Líricas e
Opulentas» (1884), «À Janela do Ocidente» (1885), «Cancioneiro Chinês» (1890), «Ilha
dos Amores» (1897), «Bailatas» (1907), «Sol de Inverno» (1922), «Poesias
Completas de António Feijó» (1940).
Fonte: projectovercial
Retrato do Poeta António Feijó
Por Columbano Bordalo Pinheiro
PÁLIDA E LOIRA
Morreu. Deitada num caixão estreito,
pálida e loira, muito loira e fria,
o seu lábio tristíssimo sorria
como num sonho virginal desfeito.
Lírio que murcha ao despontar do dia,
foi descansar no derradeiro leito,
as mãos de neve erguidas, sobre o peito,
pálida e loira, muito loira e fria.
Tinha a cor da raínha das baladas
e das monjas antigas maceradas
no pequenino esquife em que dormia.
Levou-a a morte em sua garra adunca,
e eu nunca mais pude esquecê-la, nunca!
pálida e loira, muito loira e fria.
António Feijó
FLOR DE PESSEGUEIRO
A melindrosa flor de pessegueiro
Deixei-a, como dádiva de amores,
A essa que tem o rosto feiticeiro
E os lábios cor das purpurinas flores.
E a tímida andorinha, de asas quietas,
Dei-a também como lembrança minha,
A essa que tem as sobrancelhas pretas,
Iguais às asas da andorinha.
No dia imediato a flor morria,
E a andorinha voava, entre esplendores,
Sobre a Grande Montanha onde vivia
O Génio oculto que preside às flores.
Mas nos seus lábios, como a flor abrindo,
Conserva a mesma carnação,
E não voaram, pelo azul fugindo
As asas negras dos seus olhos, não!
António Feijó
SALGUEIRO
Adoro esta mulher moça e formosa,
Que à janela, a sonhar, vejo esquecida,
Não por ter uma casa sumptuosa
Junto ao Rio Amarelo construída…
- Amo-a porque uma folha melindrosa
Deixou cair nas águas distraída.
Também adoro a brisa do Levante
Não por trazer a essência virginal
Do pessegueiro que floriu distante,
No pendor da Montanha Oriental…
- Amo-a porque impeliu a folha errante
Ao meu batel no lago de cristal.
E adoro a folha, não por ter lembrado
A nova primavera que rompeu,
Mas por causa de um nome idolatrado
Que essa jovem mulher n’ela escreveu
Com a doirada agulha do bordado…
E esse nome… era o meu !
António Feijó
FÁBULA ANTIGA
No princípio do mundo o Amor não era cego;
Via mesmo através da escuridão cerrada
Com pupilas de Lince em olhos de Morcego.
Mas um dia, brincando, a Demência, irritada,
Num ímpeto de fúria os seus olhos vazou;
Foi a Demência logo às feras condenada,
Mas Júpiter, sorrindo, a pena comutou.
A Demência ficou apenas obrigada
A acompanhar o Amor, visto que ela o cegou,
Como um pobre que leva um cego pela estrada.
Unidos desde então por invisíveis laços
Quando a Amor empreende a mais simples jornada,
Vai a Demência adiante a conduzir-lhe os passos.
António Feijó
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