(23 de Julho de 1920, nasce a cantora portuguesa e musa do fado, Amália Rodrigues)
AMÁLIA RODRIGUES -«Casa das Tabuinhas»
Poet'anarquista
CASA DAS TABUINHAS
Foi no Domingo passado que passei
À casa onde vivia a Mariquinhas
Mas está tudo tão mudado
Que não vi em nenhum lado
As tais janelas que tinham tabuinhas
Do rés-do-chão ao telhado
Não vi nada, nada, nada
Que pudesse recordar-me a Mariquinhas
E há um vidro pegado e azulado
Onde via as tabuinhas
Entrei e onde era a sala agora está
À secretária um sujeito que é lingrinhas
Mas não vi colchas com barra
Nem viola nem guitarra
Nem espreitadelas furtivas das vizinhas
O tempo cravou a garra
Na alma daquela casa
Onda às vezes petiscávamos sardinhas
Quando em noites de guitarra e de farra
Estava alegre a Mariquinhas
As janelas tão garridas que ficavam
Com cortinados de chita às pintinhas
Perderam de todo a graça porque é hoje uma vidraça
Com cercaduras de lata às voltinhas
E lá pra dentro quem passa
Hoje é pra ir aos penhores
Entregar o usurário, umas coisinhas
Pois chega a esta desgraça toda a graça
Da casa da Mariquinhas
Pra terem feito da casa o que fizeram
Melhor fora que a mandassem prás alminhas
Pois ser casa de penhor
O que foi viver de amor
É ideia que não cabe cá nas minhas
Recordações de calor
E das saudades o gosto eu vou procurar esquecer
Numas ginjinhas
Pois dar de beber à dor é o melhor
Já dizia a Mariquinhas
Pois dar de beber à dor é o melhor
Já dizia a Mariquinhas
Amália Rodrigues (23 de Julho de 2004, morre o mestre da guitarra portuguesa, Carlos Paredes) CARLOS PAREDES - «Dança» Dança by Carlos Paredes on Grooveshark Poet'anarquista
Sem pretender fazer comparações, aqui despropositadas, quero lembrar que este fado era cantado amiúde pelo Manuel Augusto. Aquele mesmo que agora anda lá pelas áfricas.
Para o dono do blogue e para o nosso fadista, um abraço!
Apenas uma breve nota:
ResponderEliminarSem pretender fazer comparações, aqui despropositadas, quero lembrar que este fado era cantado amiúde pelo Manuel Augusto. Aquele mesmo que agora anda lá pelas áfricas.
Para o dono do blogue e para o nosso fadista, um abraço!