O português Alexandre O'Neill, descendente de irlandeses, foi um importante poeta do movimento surrealista. O'Neill faleceu em Lisboa, a 21 de Agosto de 1986. Presta-se mais uma vez homenagem neste espaço, hoje com a publicação do soneto «Auto-Retrato». Boa leitura... a brincar e a sério!
Poet'anarquista
Caricatura do Poeta Alexandre O'Neill
Caricaturista: António (Antunes)
AUTO-RETRATO
O’Neill (Alexandre), moreno português,
cabelo asa de corvo; da angústia da cara,
nariguete que sobrepuja de través
a ferida desdenhosa e não cicatrizada.
Se a visagem de tal sujeito é o que vês
(omita-se o olho triste e a testa iluminada)
o retrato moral também tem os seus quês
(aqui, uma pequena frase censurada...)
No amor? No amor crê (ou não fosse ele O’Neill!)
e tem a veleidade de o saber fazer
(pois amor não há feito) das maneiras mil
que são a semovente estátua do prazer.
Mas sobre a ternura, bebe de mais e ri-se
do que neste soneto sobre si mesmo disse...
Alexandre O’Neill
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