quarta-feira, 14 de agosto de 2013

NO CAMPO DE TRIGO, POR MATIAS JOSÉ

«Campo de Trigo»
Vincent van Gogh

NO CAMPO DE TRIGO

Debaixo de um sol escaldante, abrasador,
Era assim o trabalho da ceifa no Alentejo…
Desde o nascer do dia, até o astro se pôr,
Mão e foice ceifavam o trigo com manejo.

As mãos calejadas da ceifeira portuguesa
Catarina Eufémia, trabalhadora de Baleizão,
Mulher corajosa e de forte determinação…
Líder do movimento rural, tal camponesa!

Personificação tenaz na luta pela liberdade,
Símbolo de dedicação aos grandes ideais…
Defendia os valores da justiça e igualdade,
Pão para todos, e melhores jornas salariais.

Todo o país estava em grande convulsão
Oprimido pelo regime do ditador Salazar…
Lutavam contra a repressão e exploração,
E condições mais dignas para se trabalhar.

No Alentejo, a greve e jornadas de luta
Faziam os empresários ter que recorrer
A gentes de fora para o trabalho se fazer…
Mão-de-obra barata era a sua permuta;

Descontentes, os camponeses abordaram
Grupo de trabalhadores recém-chegados…
Catarina disse: «porque não reivindicaram
Salários mais justos para os assalariados?»

Admoestada plo tenente Carrajola da GNR,
Não se intimida e responde com autoridade…
No mesmo instante, sem qualquer piedade,
Ouvem-se vários disparos, e Catarina morre!

No campo de trigo, já sem vida a campina,
Deixa três filhos e dentro de si outro leva...
O assassinato faz dela camponesa heroína,
Finalmente em paz, o seu espírito se eleva!

Matias José

«Morte de Catarina Eufémia»
José Dias Coelho

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