No dia 10 de Novembro de 1913, nasce em Coimbra o artista plástico, escritor e político português, Álvaro Cunhal. Como político foi um convicto opositor ao Estado Novo, tendo dedicado a sua vida ao ideal comunista. Mas é outra face de Cunhal que hoje vos quero mostrar, o artista plástico. Álvaro Cunhal faleceu em Lisboa, a 13 de Junho de 2005.
Poet'anarquista
Álvaro Cunhal
Artista Plástico Português
SOBRE O HOMEM...
Álvaro Barreirinhas Cunhal, filho de Avelino
Cunhal e Mercedes Cunhal, nasceu na freguesia da Sé Nova em Coimbra,
no dia 10 de Novembro de 1913.
Álvaro Cunhal teve dois irmãos mais velhos, António José,
que morreu em 1933, com vinte e dois anos, vítima de tuberculose, e Maria
Mansuenta, que morreu em Seia, em 1921, com apenas nove anos, também vítima de
tuberculose.
A sua infância foi vivida em Seia, terra de seu pai.
Com onze anos de idade muda-se com a família para Lisboa,
onde faz os seus estudos secundários no Pedro Nunes e mais tarde no liceu
Camões.
Em 1927, nasce a sua irmã mais nova, Maria
Eugénia.
Em 1931, com dezassete anos, ingressa na Faculdade de
Direito de Lisboa, onde inicia a sua actividade política. Neste mesmo ano
filia-se no PCP e faz parte da Liga dos Amigos da URSS e do Socorro Vermelho
Internacional.
Em 1934 torna-se representante dos estudantes de Lisboa no
Senado Universitário, mas devido à intensa actividade política a faculdade
acaba por passar para segundo plano.
Segundo uma biografia publicada em 1954, pelo Secretariado
do PCP, Álvaro Cunhal terá entrado na clandestinidade em 1935 e participado no
VI Congresso da Internacional Juvenil Comunista em Moscovo.
Em 1936 entra para o Comité Central do PCP, que o envia a
Espanha, onde vive os primeiros cinco meses da guerra civil.
Em Junho de 1937 é preso pela primeira vez. É levado para o
Aljube e posteriormente transferido para Peniche. Um ano depois é libertado,
mas por razões políticas é obrigado a cumprir o serviço militar, em Dezembro de
1939, na Companhia Disciplinar de Penamacor. Por razões de saúde, Álvaro Cunhal
acaba por ser dispensado pela Junta Médica Militar.
Ao longo da década de 30, Cunhal foi colaborador de vários
jornais e revistas, entre os quais se contam "O Diabo"; "Sol
Nascente"; "Seara Nova"; "Vértice"; e
nas publicações clandestinas do PCP,"Avante" e "Militante", onde
escreveu artigos de intervenção política e ideológica.
Em Maio de 1940 é novamente preso e faz o seu exame final na
Faculdade de Direito de Lisboa sob escolta policial. Apresenta uma tese sobre a
realidade social do aborto, que seria avaliada por um júri composto por Marcelo
Caetano, Paulo Cunha e Cavaleiro Ferreira, figuras destacadas do regime
Salazarista. A sua classificação final foi de 16 valores.
Em 1941 trabalhou como regente de
estudos no Colégio Moderno, a convite de João Soares, pai de Mário Soares,
função que desempenhou até Dezembro do mesmo ano, altura em que entrou de novo
na clandestinidade.
Em 1947, faz uma viagem clandestina à URSS, Jugoslávia,
Checoslováquia e França, a fim de restabelecer as relações do PCP, com o
movimento internacional.
A 25 de Março de 1949, Álvaro Cunhal é preso pela terceira
vez, numa casa clandestina do Luso. Com ele são também presos Militão Ribeiro e
Sofia Ferreira.
O seu julgamento ocorreu um ano depois. Neste julgamento
Cunhal fez uma declaração em que se afirmava "filho adoptivo do
proletariado" e dirigiu um forte ataque ao regime salazarista.
Foi condenado e preso na Penitenciária de Lisboa, sendo
transferido para a prisão-fortaleza de Peniche em 1958.
Em 1953 desenvolve-se um movimento internacional de
solidariedade pela sua libertação, que conta com a participação de inúmeros
intelectuais e artistas estrangeiros. Destes destacam-se Jorge Amado e Pablo
Neruda, que lhe dedica o poema "Lámpara
Marina".
Dos onze anos que esteve encarcerado, foi mantido
incomunicável durante catorze meses e passou oito em total isolamento.
Em Janeiro de 1960 dá-se a famosa fuga
do Forte de Peniche.
A 25 de Dezembro de 1960 nasce a sua única filha, Ana
Cunhal, fruto da sua relação com Isaura Maria Moreira.
Após a fuga, Cunhal fica ainda cerca de dois anos em
Portugal, na clandestinidade. Durante este período viveu em casas clandestinas
de vários pontos do país como: Sintra, Ericeira, Amadora, Coimbra, Porto.
Em 1961 é eleito Secretário-geral do PCP.
Em 1962 é enviado pelo PCP para o estrangeiro, primeiro para
Moscovo, depois para Paris onde vive clandestino durante cerca de oito anos.
Assiste em Paris ao Maio de 68 e é lá que a Revolução de Abril o vai
surpreender.
Regressa a Portugal a 30 de Abril de 1974.
A 15 de Maio do mesmo ano toma posse como ministro sem pasta
no I Governo Provisório. Mantém o mesmo cargo nos II, III e IV Governos
Provisórios.
Em 1975 é eleito deputado à
Assembleia Constituinte e até 1992, altura em que se afasta do cargo de
Secretário-geral do PCP, é eleito deputado à Assembleia da República, por
Lisboa, em todas as eleições legislativas (1976; 1979; 1980; 1983; 1985; 1987).
Só por curtos prazos ocupará esse lugar.
Em 1982 torna-se membro do Conselho de Estado, cargo que
abandona em 1992.
Em Janeiro de 1989 parte para Moscovo, onde será sujeito a
uma intervenção cirúrgica cardiovascular. Já recuperado, regressa a Portugal em
Junho do mesmo ano.
No ano de 1992 abandona o cargo de Secretário-geral do PCP,
que passa a ser ocupado por Carlos Carvalhas, e é eleito pelo Comité Central
para o então criado cargo de Presidente do Conselho Nacional do PCP.
Liberto das suas funções de liderança partidária, Álvaro
Cunhal, a par da actividade política corrente, assume claramente a sua condição
de romancista e esteta. Neste sentido, em 1995 reconhece publicamente ser o
romancista Manuel Tiago e um ano mais tarde publica um ensaio sobre
estética, onde apresenta as suas reflexões neste domínio.
Fonte: http://www.citi.pt/
Arte Plástica/ Projectos de Álvaro Cunhal
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