sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

POESIA - EMANUEL FÉLIX

O poeta português Emanuel Félix Borges da Silva, conhecido por Emanuel Félix, nasceu em Angra do Heroísmo, arquipélago dos Açores, a 24 de Outubro de 1936. Foi um dos mais notáveis poetas e escritores da segunda metade do séc. XX. Emanuel Félix faleceu em Angra do Heroísmo, a 14 de Fevereiro de 2004.
Poet'anarquista
Emanuel Félix
Poeta Português
SOBRE O ESCRITOR...

Poeta português, Emanuel Félix Borges da Silva nasceu a 24 de Outubro de 1936, em Angra do Heroísmo, nos Açores, tendo falecido a 14 de Fevereiro de 2004, na mesma cidade.

Em 1952, com apenas 15 anos, lançou a sua estreia em livro, O Vendedor de Bichos, tendo sido o início de uma profícua produção literária, que só terminou em 2003 com a colectânea 121 Poemas Escolhidos. Ao longo da sua carreira dedicou-se essencialmente à poesia, tendo sido considerado o responsável pela introdução do concretismo poético em Portugal. No entanto, acabou por optar pelo surrealismo. Escreveu também ficção, livros sobre arte e centenas de artigos, comunicações e conferências, que foram publicados em diversas revistas.

Em 1958, juntamente com Rogério Silva, fundou e passou a dirigir a revista Gávea, onde fez crítica literária e de artes plásticas, ao mesmo tempo que estudava ainda nos Açores. No entanto, depois saiu de Portugal e prosseguiu os estudos no Instituto Francês de Restauro de Obras de Arte em Paris, na Escola Superior de Belas Artes de Anderlecht e na Universidade Católica da Lovaina, na Bélgica. Nesta última universidade, especializou-se no Laboratório de Estudo de Obras de Artes por Métodos Científicos do Instituto Superior de Arqueologia e História da Arte. Emanuel Félix completou a sua formação com visitas de estudo e estágios em institutos superiores e serviços científicos de museus de Paris,Bruxelas, Liège (Bélgica), Amesterdão (Holanda), Londres (Inglaterra), Roma e Florença (Itália), entre outros.

Completada a formação criou o Centro de Estudo, Conservação e Restauro de Obras de Arte dos Açores, onde deu cursos de formação para técnicos de restauro de pintura de cavalete. Foi também professor do ensino primário,secundário e universitário, nomeadamente na Escola Superior de Tecnologia de Tomar, em Portugal Continental.

Emanuel Félix integrou ainda o grupo de peritos de um projecto do Conselho da Europa destinado a estudar as dinâmicas culturais no desenvolvimento de diversas regiões europeias. Participou ainda em conferências em associações e universidades norte-americanas.

Quando morreu, em Fevereiro de 2004, vítima de uma crise de diabetes, deixou por concluir alguns ensaios sobre a arte do restauro e a história da Arte.
Fonte: Infopédia

POÉTICA

Nada digo por hábito
tudo de novo vem de ti
nasce de novo

Nada digo de novo
sobrevoo
o deserto movente das palavras
em busca de um sinal
exacto e comovente do teu corpo

Emanuel Félix

SINAL

Ergo nas mãos em concha
uma lembrança de água
oh presença subtil no deserto de um livro
a que uma folha dura

E que frágeis os trincos da memória
do que era teu e meu
a invisível tesoura
com que cortar os sonhos pela cintura

Emanuel Félix

TRISTES NAVIOS QUE PASSAM

Tristes navios que passam
na hora da nossa vida
na hora da nossa morte

escuros vasos de guerra
cargueiros tanques paquetes
brancos navios de vela

levam óleo levam ódio
luxo lixo das cidades
levam gente gente gente

deixam ficar nostalgia

tristes navios que passam
na hora da nossa morte
na hora da nossa vida

Emanuel Félix

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