sexta-feira, 7 de março de 2014

VIII - PINTURA versus POESIA

Mais um trabalho (o VIII) da pintora brasileira Deise Carelli. Não sei porque razão (há coisas para as quais não encontramos uma explicação muito lógica) me fui lembrar de uma quadra que o amigo Elvas (conterrâneo estabelecido em terras de Sua Majestade) enviou através do facebook. De início não reconheci, mas em busca efectuada cheguei ao seu autor: grande poeta popular António Aleixo. Depois fiz a conexão: a quadra  de Aleixo, que intitulei «A Arte» e serviu de mote para as décimas de Matias José, a pintura de Deise Carelli onde são visíveis duas torres sineiras e, as muitas saudades que o amigo Elvas vai sentir da nossa terra natal quando vir esta postagem. Pintura... poesia... saudade... para o amigo e conterrâneo... aquele abraço!
Poet'anarquista
Sem Título, por Deise Carelli

MOTE 

A arte em nós se revela
Sempre de forma diferente:
Cai no papel ou na tela
Conforme o artista sente 

António Aleixo 

***

«A ARTE»

Glosas

Certo dom surge connosco
Logo no berço, ao nascer,
Não é coisa pra entender
Nem resposta eu busco.
A quadra pode dizer pouco
Escrita assim, de forma singela,
Mas quando assomo à  janela
E sinto o mundo lá fora…
Percebo que sem demora
A arte em nós se revela.

 
Alguém disse que a arte
Não se ensina ou se aprende,
E por não haver quem mande
Nasce e morre com a gente…
Será assim exactamente
A arte tão dependente?...
Forma abstracta crescente
Que a espaços se difunde,
Em obra d’ arte se funde
Sempre de forma diferente!

3ª  
As mãos que traçam árduas
O destino da própria vida,
Riscam com alma sentida
Alegrias e velhas mágoas.
Podem ser densas névoas…
Luar de Agosto em aguarela,
Pode ser triste ou mais bela
A pincelada de uma mão…
Mas só com sentir do coração
Cai no papel ou na tela.

 
A alma desperta sentidos
Que ninguém sabe explicar,
Assim se começam a riscar
Os primeiros traços desmedidos…
Parecem desenhos perdidos
Mas não o são, certamente,
Nasce pois naturalmente
Qualquer arte, estou seguro,
Eis então o sentir mais puro
Conforme o artista sente!

Matias José

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