«A Viagem Definitiva»
Conto Poético de Juan Ramón Jiménez
161- «A VIAGEM DEFINITIVA»
Ir-me-ei embora. E ficarão os pássaros
Cantando.
E ficará o meu jardim com sua árvore verde
E o seu poço branco.
Todas as tardes o céu será azul e plácido,
E tocarão, como esta tarde estão tocando,
Os sinos do campanário.
Morrerão os que me amaram
E a aldeia se renovará todos os anos.
E longe do bulício distinto, surdo, raro
Do domingo acabado,
Da diligência das cinco, das sestas do banho,
No recanto secreto de meu jardim florido e caiado
Meu espírito de hoje errará nostálgico…
E ir-me-ei embora, e serei outro, sem lar, sem árvore
Verde, sem poço branco,
Sem céu azul e plácido…
E os pássaros ficarão cantando.
Juan Ramón Jiménez
(Prémio Nobel da Literatura/ 1956)
(Prémio Nobel da Literatura/ 1956)
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