«Ironia»
Conto Irónico de Heinrich Boll
206- «IRONIA»
– Já não aguento mais – disse a rapariga subitamente–, já
não aguento mais, é desumano o que exiges. Há homens que exigem coisas imorais
de uma rapariga, mas o que tu exiges de mim é quase mais imoral de que as
coisas que outros homens exigem de uma rapariga.
Murke suspirou.
– Meu Deus – disse.
– Querida Rina, tenho de voltar a cortar tudo isto; sê sensata, sê boazinha,
e silencia-me ainda pelo menos mais 5 minutos de fita.
(…)
– Ai, Rina – disse –, se tu soubesses o quanto me é precioso
o teu silêncio.
À noite, quando estou cansado, quando tenho de estar aqui
sentado, passo o teu silêncio.
Por favor, sê gentil e silencia-me só mais três minutos e poupa-me os cortes;
bem sabes o que significa para mim cortar.
Por favor, sê gentil e silencia-me só mais três minutos e poupa-me os cortes;
bem sabes o que significa para mim cortar.
Heinrich Boll
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