«Uma Árvore, um Rochedo, uma Nuvem»
Conto de Carson McCullers
285- «UMA ÁRVORE, UM ROCHEDO, UMA NUVEM»
Nessa manhã, chovia e estava ainda escuro. Quando o rapaz
passou pelo café ambulante(1), chegara quase ao fim do seu caminho, e entrou
para tomar uma chávena de café. O estabelecimento, aberto a noite toda,
pertencia a um homem azedo e mesquinho, chamado Leo. Depois da rua, agreste e
vazia, o café parecia acolhedor e resplandecente: ao longo do balcão havia um
par de soldados, três operários da fiação e, a um canto, um homem curvado para
diante e com o nariz e parte da cara metidos numa caneca de cerveja. O rapaz
trazia um carapuço como usam os aviadores. Quando entrou no café, desapertou a
presilha e levantou a aba direita para cima da orelhita vermelha; muitas vezes,
ao beber o seu café, alguém lhe dirigia amigavelmente a palavra. Mas, nesta
manhã, nem Leo lhe olhou para a cara, nem qualquer dos homens estava falando.
Pagou e ia a sair do café, quando uma voz gritou por ele:
- Ó filho! Eh filho!
Voltou-se, e o homem do canto chamava-o com um dedo e
abanando a cabeça. Tirara a cara da caneca de cerveja e, de súbito, parecia
sentir-se muito feliz. O homem era alto e pálido, narigudo, de cabelo ruivo
descorado.
- Eh filho!
O rapaz dirigiu-se para ele. Era um rapaz pouco desenvolvido,
de uns doze anos, com um dos ombros mais alto do que o outro, por causa do peso
da saca dos jornais. O rosto era vulgar, sardento, e os olhos eram redondos
olhos infantis.
- O senhor chamou?
O homem pôs a mão no ombro do garoto dos jornais, depois
agarrou-lhe o queixo e voltou-lhe, devagar, a cara de um lado para o outro. O
rapaz recuou, perturbado.
- Então, que é lá isso?
A voz do rapaz era aguda; e no interior do café reinou,
subitamente, um grande silêncio.
O homem disse devagar:
- Gosto de ti.
Ao longo do balcão, os homens riram-se. O rapaz, carrancudo
e desviado, não sabia que fazer. Olhou por cima do balcão para Leo, e Leo
observava-o com um vago e cansado ar de troça. O rapaz tentou rir também. Mas o
homem ficara sério e triste.
- Eu não queria «entrar» contigo, meu filho - disse. -
Senta-te e bebe uma cerveja. Há uma coisa que eu preciso de explicar.
Cautelosamente, com o rabo do olho, o ardina interrogou os
homens do balcão, para ver o que deveria fazer. Mas haviam voltado às suas cervejas
ou aos almoços e não repararam. Leo pôs no balcão uma chávena de café e uma
leiteirinha.
- É menor - disse Leo.
O garoto dos jornais içou-se para o banco. A orelha do lado
da aba levantada do carapuço era muito pequena e estava rubra. O homem acenava-lhe
com a cabeça, gravemente.
- É importante. - E levou a mão ao bolso traseiro das
calças, tirando qualquer coisa que segurou na palma da mão, para o rapaz ver. -
Olha com muita atenção.
O rapaz fitou aquilo, mas nada havia que ver com muita atenção.
Na mão grande e encardida, o homem segurava uma fotografia. O rosto de uma
mulher, mas esmaecido, a ponto de só o chapéu e o vestido que usava
sobressaírem claramente.
- Vês? - perguntou o homem.
O rapaz acenou que sim, e o homem pôs na palma da mão outro
retrato. A mulher estava em fato de banho, numa praia. O fato fazia-lhe o
estômago muito saído e era, principalmente, o que se notava.
- Olhaste bem? - e, debruçando-se para mais perto, acabou
por perguntar: - Já a viste alguma vez?
O rapaz não se mexia no banco, fitando de esguelha o homem.
- Não, que eu saiba.
- Muito bem. O homem soprou as fotografias e voltou
aguardá-las na algibeira. - Era minha mulher.
- Morreu? - perguntou o rapaz.
Vagarosamente, o homem abanou a cabeça. Franziu os lábios
como se para assobiar e respondeu num prolongado suspiro:
- Huuuuum... Eu explico.
A cerveja no balcão, em frente do homem, estava numa grande
caneca castanha. Não a levantava para beber. Pelo contrário, curvava-se e,
pondo a cara em cima da borda, ficava assim um momento. Depois, com as mãos,
voltava a caneca e beberricava.
- Uma destas noites você adormece com a narigueta nacaneca e
afoga-se - disse Leo. - «Ilustre viandante, afoga-se em cerveja.» Que linda
morte!
O ardina tentou fazer sinal a Leo. Enquanto o homem não
olhava, franziu a cara e com a boca procurou silenciosamente perguntar: Bêbado?
- Mas Leo apenas ergueu o sobrolho e voltou-se para pôr umas rosadas fatias de
presunto na chapa do fogão. O homem afastou de si a caneca, endireitou-se e
pousou no balcão as mãos enclavinhadas. A expressão do rosto era triste, ao
olharpara o ardina. Não pestanejava, só de vez em quando as pálpebras, com
delicada gravidade, desciam sobre os olhos verdes claros. Quase amanhecia e o
rapaz acomodou o peso da saca dos jornais. - Do que eu falo é de amor - disse o
homem. - Cá para mim, é uma ciência.
O rapaz deixava-se escorregar do banco. Mas o homem ergueu o
indicador e algo havia nele que prendia o rapaz e o não deixava ir-se embora.
- Há doze anos casei com essa mulher da fotografia. Foi
minha mulher durante um ano, nove meses, três dias e duas noites. Amava-a.
Sim... - e, afinando a voz incerta e divagadora, repetiu: - Amava-a. E pensava
que ela gostava de mim. Eu era engenheiro dos caminhos de ferro. Não lhe
faltava conforto e luxo. Nunca me passou pela cabeça que ela se não sentisse
satisfeita. Mas sabes tu o que aconteceu?
- Miau!... - disse Leo.
O homem não desviou os olhos da cara do rapaz. -
Deixou-me. Uma noite, cheguei, a casa estava vazia, ela tinha-se ido embora.
Deixou-me.
- Com outro tipo? - perguntou o rapaz.
Suavemente, o homem pôs a palma da mão no balcão. - Ó meu
filho; naturalmente! Uma mulher não foge assim, sozinha.
O café estava sossegado e a chuva miudinha, escura e
infinda, lá fora. Leo calcou o presunto que fritava, com os dentes do comprido
garfo. - Pois tens então andado há onze anos atrás da borboleta, meu patife de
uma figa!
Pela primeira vez, o homem lançou um olhar a Leo. - Faça-me
o favor de não ser ordinário. Além de que eu não estou a falar consigo. - E
voltou a dirigir-se ao rapaz numa meia voz segredada e confiante: - A gente não
lhe dá atenção, O. K.?
O ardina acenou dubiamente.
- Foi assim - continuou o homem. - Sou uma pessoa que sente
muitas coisas. Durante a vida inteira, uma e outra coisa me impressionou. O
luar. As pernas de uma rapariga bonita. Uma coisa primeiro, outra depois. Mas o
caso é que, quando gozava qualquer coisa, havia em mim a peculiar sensação de
aquilo se demorar cá dentro. Nada parecia acabar ou acertar com as mais coisas.
Mulheres? Tive a minha conta. Era o mesmo. Depois, aquilo ficava a vibrar em
mim. É que eu era um homem que nunca tinha amado de verdade.
Muito devagar, fechou as pálpebras, e o gesto era como que o
cair do pano num fim de acto de uma peça. Quando falou de novo, a voz
excitara-se, e as palavras saíam rápidas - e os lobos das suas orelhas grandes
e moles pareciam tremer.
- Encontrei então esta mulher. Eu tinha cinquenta e um anos
e ela dizia ter sempre trinta. Conheci-a numa estação de serviço e casámos em
três dias. E sabes como era aquilo? Isso é o que eu não sei dizer-te. Tudo o
que eu jamais sentira se concentrou à volta desta mulher. Nunca mais tive as
sensações à solta, todas acabavam nela.
O homem calou-se de súbito e esfregou o nariz comprido. A
voz desceu a um murmúrio regular e lamentoso: - Não estou a explicar bem. O que
aconteceu foi isto. Havia dentro de mim esses sentimentos belos e pequenos
prazeres vagos. E esta mulher foi para a minha alma como que um ponto de
reunião. Através dela passei esses pedacinhos de mim e saí completo. Estás a
perceber?
- Como se chamava ela? - perguntou o rapaz.
- Oh! - respondeu ele. - Eu chamava-lhe Dodo. Mas isso é
irrelevante.
- Fez por que ela voltasse?
O homem parecia não ouvir. - Nestas circunstâncias, bem
podes imaginar como eu fiquei, depois que ela me deixou.
Leo tirou o presunto do lume e dobrou duas fatias dentro de
um pãozinho. O rosto dele era terroso, com os olhos oblíquos, e um nariz
torcido, marcado por suaves sombras azuladas. Um dos operários pediu, com um
sinal, mais café, e Leo serviu-lho. Não dava de graça tais repetições. O
operário da fiação comia ali todas as manhãs, mas Leo, quanto melhor conhecia
os fregueses, mais rudemente os tratava. E mastigava o seu pão, como se a si
próprio o regateasse.
- E nunca mais conseguiu apanhá-la?
O rapaz não sabia que pensar do homem, e o seu rosto infantil
tinha uma expressão incerta, mista de curiosidade e dúvida. Era novo na venda;
e ainda estranhava a rua, na madrugada singular e escura.
- Sim - disse o homem. - Tomei certas medidas para a fazer
voltar. Andei a tentar localizá-la. Fui a Tulsa, onde ela tinha pessoas de
família. E a Mobile. Fui a todas as terras a que ela alguma vez se referira, e
procurei cada um dos homens que ela antes de mim conhecera. Tulsa, Atlanta,
Chicago, Cheehaw, Memphis... O melhor de dois anos passei eu a ver se a
apanhava.
- Mas o par desaparecera da face da terra! - disse Leo.
- Não o ouças - disse o homem, em tom de confidência. - E
esquece também esses dois anos. Não importam. O que interessa é que, por
volta do terceiro ano, me começou a acontecer uma coisa curiosa.
- O quê? - perguntou o rapaz.
O homem inclinou-se e tombou a caneca para beberricar um
pouco de cerveja. Mas, ao pender sobre a caneca, as narinas vibraram
ligeiramente; aspirou o cheiro acre da cerveja, e não bebeu. - Para começar, o
amor é uma coisa curiosa. Primeiro, só pensava em fazê-la voltar. Era uma
espécie de mania. Mas, à medida que o tempo passava, procurei lembrar-me dela.
E sabes o que aconteceu?
- Não - respondeu o rapaz.
- Quando me deitei numa cama e fiz por pensar nela, o meu
espírito estava em branco. Não era capaz de a ver. Bem pegava nos retratos. Não
adiantava. Nem nada. Em branco. És capaz de imaginar isto?
- Eh, Mac! - clamou Leo para o extremo do balcão. - És capaz
de imaginar o espírito deste pespego em branco?
Vagarosamente, como se enxotasse moscas com um leque, o
homem adejou com a mão. Os olhos verdes concentravam-se fixamente na carita
inexpressiva do ardina.
- Mas, um caco de vidro encontrado no passeio. Ou uma
musiqueta de caixa de música. Uma sombra na parede, à noite. E eu lembrava-me.
Podia acontecer na rua, que eu chorava ou dava com a cabeça num candeeiro.
Estás a ver?
- Um caco de vidro... - repetiu o rapaz.
- Qualquer coisa. Punha-me a andar à volta, impotente para o
como ou o quando lembrar-me dela. Pode a gente pensar que se defende como com
um escudo. Mas o recordar não aparece a um homem, pela frente... Vem de esguelha,
pelos cantos. E eu estava à mercê de quanto via e ouvia. De repente, em vez de
ser eu a passar o país inteiro a pente fino à procura dela, começou ela a
perseguir-me na minha própria alma. Ela a perseguir-me, repara bem! E na minha
alma.
O rapaz perguntou, então: - Em que região estava o senhor?
- Oh! - gemeu o homem. - Fiquei numa
agonia mortal. Era como ter bexigas. Confesso, meu filho, que apanhei pielas.
Que forniquei. Que cometi qualquer pecado que de repente me tentasse. Custa-me
a confessar, mas confesso. E, quando me lembro dele, esse período enovela-se-me
no espírito, de terrível que foi.
O homem deixou pender a cabeça e bateu com a testa no
balcão. Alguns segundos ficou curvado nesta posição, com a nuca e o pescoço
encordoado cobertos de pelagem alaranjada, e as mãos de longos dedos arqueados,
palma contra palma, como que em oração. Depois, endireitou-se; sorria, e,
subitamente, o rosto iluminado, estava trémulo e envelhecido.
- Foi no quinto ano que isso aconteceu. E assim começou a
minha ciência.
A boca de Leo torceu-se, num sorriso pálido e azedo. - Ora,
nenhum de vocês fica mais novo com o passar dos anos! - exclamou. E, numa fúria
súbita, fez uma bola do pano da loiça que tinha na mão e atirou-o com força
para o chão. - Seu Romeu sebento!
- Que aconteceu? - perguntou o rapaz.
A voz do velho veio aguda e clara: - Paz.
- Anh?
- É difícil de explicar cientificamente, meu pequeno.
Suponho que a elucidação lógica é que ela e eu havíamos fugido por tanto tempo
um do outro, que, por fim, nos envencilhámos um no outro, repousámos, e pronto.
Paz. Um vazio belo e estranho. Era na Primavera, em Portland, e a chuva caía
todas as tardes. E, ao cair da noite, eu deixava-me ficar, no escuro, estendido
na cama. E foi assim que a ciência veio a mim.
As janelas do carro azulavam-se palidamente. Os dois
soldados pagaram as cervejas e abriram a porta - um dos soldados penteou o
cabelo e limpou as grevas enlameadas, antes de saírem. Os três operários da
fiação curvavam-se, silenciosos sobre os seus almoços. O relógio de Leo
tiquetaqueava na parede.
- É isto. Ouve com atenção. Meditei sobre o amor, e
esclareci tudo. Vi claramente o que está errado. Os homens apaixonam-se pela
primeira vez. E por quem se apaixonam eles?
A boca macia do garoto estava entreaberta; e o rapaz não
respondeu.
- Por uma mulher - disse o velho. - Sem ciência, sem nada
que os sustente, entregam-se à experiência mais perigosa e sagrada desta terra
de Deus. Apaixonam-se por uma mulher. Não é isto verdade, meu filho?
- É... - respondeu murmuradamente o rapaz.
- Começam pelo lado errado do amor. Começam pelo mais alto.
É para admirar a tão grande miséria resultante? Sabes como os homens deveriam
amar?
O velho estendeu a mão e agarrou o rapaz pela gola da blusa
de couro. Sacudiu-o suavemente, e os olhos verdes olhavam sem pestanejar,
graves.
- Meu filho, sabes como o amor devia começar?
O rapaz fazia-se pequeno no banco, todo ouvidos, imóvel. E,
devagar, abanou a cabeça. O velho chegou-se mais e segredou:
- Uma árvore. Um rochedo. Uma nuvem.
Lá fora, na rua, a chuva continuava: uma chuva delicada,
pardacenta, infinda. O apito da fábrica soou a chamada das seis horas e os três
fiandeiros pagaram e saíram. Não havia ninguém no café senão Leo, o velho e o
pequeno ardina.
- O tempo estava em Portland como este - disse o velho. - Na
altura em que a minha ciência começou. Meditei e iniciei-me com a maior
cautela. Apanhava qualquer coisa na rua e levava-a comigo para casa. Comprei um
peixe dourado, concentrei-me no peixe dourado, e amei-o. Formei-me de coisa
para coisa. Dia a dia ia dominando a técnica. Na estrada de Portland para San
Diego...
- Ai, cala-te! - berrou Leo, de súbito. - Cala-te! Cala-te!
O velho continuava a segurar o rapaz pela gola do blusão;
tremia e o rosto estava severo, iluminado, impetuoso. - De há seis anos para
cá que tenho andado sozinho a construir a minha ciência. E agora, meu filho,
sou um mestre. Sou capaz de amar seja o que for. Nem sequer já preciso pensar.
Vejo uma rua cheia de gente, e uma claridade bela me penetra. Observo um
pássaro no céu. Ou cruzo-me na estrada com alguém. Tudo, meu filho. Seja quem
for. Desconhecidos e amados! Vês claramente o que pode significar uma ciência
como a minha?
O rapaz mantinha-se muito direito, com as mãos fortemente
agarradas à borda do balcão. E acabou por perguntar: - E alguma vez chegou a
encontrar a senhora?
- O quê? O que é que dizes?
- Eu quero dizer... - perguntou timidamente o rapaz -
alguma vez tornou a apaixonar-se por uma mulher?
O velho largou a gola da blusa do rapaz.
Desviou-se do pequeno, e pela primeira vez os seus olhos
verdes tinham um brilho vago e perdido. Levantou do balcão a caneca, emborcou a
cerveja. Abanou devagarinho a cabeça, de um lado para o outro. E, por fim,
respondeu: - Não, meu rapaz. Bem vês que isso é o último grau da minha ciência.
Avanço com cuidado. E ainda não estou perfeitamente apto.
- Bem! - disse Leo. - Bem, bem, bem!!
O velho parou, junto da porta aberta.-Lembra-te
-disse. Recortado ali, na luz cendrada e húmida da manhã que vinha,
parecia amachucado, gasto, frágil. Mas o sorriso era vivo. - Lembra-te de que
te amo - afirmou num último aceno. E a porta fechou-se calmamente sobre ele.
Por largo tempo o rapaz não falou. Arrumou as repas de
cabelo na testa, passeou o dedito indicador na borda da chávena vazia. Depois,
sem olhar para Leo, acabou por perguntar:
- Estava bêbado?
- Não - respondeu Leo, secamente.
O rapaz elevou a sua voz límpida. - Então, era um
morfinómano?
- Não.
O rapaz olhou para Leo. A carinha apagada tinha uma
expressão desesperada, a voz era ansiosa e aguda. - Era doido? Acha que ele era
maluco? - A voz do ardina desceu subitamente, com dúvida: - Leo? Ou não?
Mas Leo é que não lhe respondia. Leo havia catorze anos que
dirigia um café nocturno, e tinha-se na conta de entendido em loucuras. Havia
as figuras típicas da cidade e também os que passavam e vinham da noite até
ali. Conhecia as manias deles todos. Mas não lhe apetecia satisfazer as
interrogações da criança perplexa. Endurecendo a face pálida, ficou silencioso.
O rapaz puxou, pois, para baixo a aba do carapuço e, ao
voltar-se para sair, emitiu o único comentário que lhe pareceu seguro, a única
observação que não seria motivo de troça ou desprezo:
- Não há dúvida que ele viajou muito.
Carson McCullers
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