«Numa Noite Qualquer»
Vida Nocturna/ Oswaldo Goeldi
318- «NUMA NOITE QUALQUER... »
O pai vê a filha se esfregando no travesseiro. Ele acende a
luz do quarto e diz num tom repressor: - Quê isso, menina?.
A menina responde: - Nada, só tô com dor de barriga.
O pai acreditou. Era boa filha.
Numa noite qualquer, o marido vê a mulher se esfregando no
travesseiro. Ele acende a luz do quarto e fala num tom repressor: - Quê isso,
mulher?.
A mulher responde: - Nada , só tô com dor de barriga.
O marido acreditou. Era boa esposa.
Numa noite qualquer, o filho vê a mãe se esfregando no
travesseiro. Ele acende a luz do quarto e fala num tom repressor: - Quê isso,
mãe?-.
A mãe responde: - Nada, só tô com dor de barriga.
O filho acreditou. Era boa mãe.
Numa noite qualquer, o neto vê a avó se esfregando no
travesseiro. Ele acende a luz do quarto e fala num tom repressor: - Que isso,
vó? O que está fazendo?.
A avó reponde: - Nada, só tô com dor de barriga.
O neto acreditou. Era boa avó.
Eles foram os quatros homens de sua vida, ela fez tudo por
eles. Foi boa filha, boa esposa, boa mãe e boa avó. Mas, em alguns momentos,
sentia-se incompleta.
Eduardo Oliveira Freire
Eduardo Oliveira Freire
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