quarta-feira, 5 de novembro de 2014

OUTROS CONTOS

«Numa Noite Qualquer», por Eduardo Oliveira Freire.

«Numa Noite Qualquer»
Vida Nocturna/ Oswaldo Goeldi 

318- «NUMA NOITE QUALQUER... »

O pai vê a filha se esfregando no travesseiro. Ele acende a luz do quarto e diz num tom repressor: - Quê isso, menina?. 

A menina responde: - Nada, só tô com dor de barriga.
O pai acreditou. Era boa filha.

Numa noite qualquer, o marido vê a mulher se esfregando no travesseiro. Ele acende a luz do quarto e fala num tom repressor: - Quê isso, mulher?. 

A mulher responde: - Nada , só tô com dor de barriga.
O marido acreditou. Era boa esposa.

Numa noite qualquer, o filho vê a mãe se esfregando no travesseiro. Ele acende a luz do quarto e fala num tom repressor: - Quê isso, mãe?-.

A mãe responde: - Nada, só tô com dor de barriga.
O filho acreditou. Era boa mãe.

Numa noite qualquer, o neto vê a avó se esfregando no travesseiro. Ele acende a luz do quarto e fala num tom repressor: - Que isso, vó? O que está fazendo?. 

A avó reponde: - Nada, só tô com dor de barriga.
O neto acreditou. Era boa avó.

Eles foram os quatros homens de sua vida, ela fez tudo por eles. Foi boa filha, boa esposa, boa mãe e boa avó. Mas, em alguns momentos, sentia-se incompleta.

Eduardo Oliveira Freire

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