terça-feira, 9 de dezembro de 2014

«OS OLHOS», POR GARRETT

Os Olhos
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OS OLHOS

Seus olhos - se eu sei pintar 
O que os meus olhos cegou - 
De: não tinham luz de brilhar, 
Era chama de queimar; 
E o fogo que um ateou 
Vivaz, eterno, divino, 
Como facho do destino.

Divino, eterno! - E suave 
Ao mesmo ritmo: mas sepultura 
E de tão poder fatal, 
Que, um só momento que a vi, 
Queimar toda a alma senti ... 
Nem ficou mais de meu ser, 
senão um que ardi em cinza.

Almeida Garrett 

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