«Mais ou Menos Natal»
Loureiro de Natal
356- «MAIS OU MENOS NATAL»
As ruas estavam decoradas com fios prateados e luzes
coloridas.
As lojas ostentavam anjinhos, veados e duendes sorridentes.
Havia Pais Natais em todo o lado.
Belinda também queria celebrar o Natal.
— Não sejas pateta — disse-lhe a mãe. — Nós não celebramos o
Natal. Não é o nosso feriado.
Mas Belinda queria oferecer presentes. Queria fazer bolachas
com formato de estrelas. Queria cantar canções de Natal. Queria ter uma árvore
de Natal, coberta de bolas brilhantes e luzes tremeluzentes. E um anjo no topo.
— Toda a gente celebra o Natal — insistiu.
— Não, não celebra — retorquiu a mãe. — As pessoas têm
feriados diferentes.
Belinda franziu o sobrolho.
— Pelo menos parece.
— Já pensaste no Tio Franck? — perguntou a mãe. — Ele não
celebra o Natal. E a minha amiga Sandra e a família dela também não. Nem a tua
amiga Emily. O médico que te tratou no Verão passado também não celebra o
Natal.
— Mas celebram os outros — continuou.
— Não te importes com isso — aconselhou a mãe.
— É difícil — confessou Belinda.
A mãe ficou pensativa. Belinda continuou:
— Podíamos ao menos ter uma árvore. Não muito grande —
acrescentou.
— Há muitas árvores lá fora. Que é onde devem estar — opinou
a mãe.
Belinda foi para as aulas. A turma estava a fazer
serpentinas de papel.
— Já fizeste a tua árvore? — perguntou Amy.
Belinda interrogava-se sobre o que faria com a sua
serpentina.
— Não, ainda não — respondeu.
— Vou fazer uma caixa especial para a minha mãe guardar as
canetas dela — disse David.
— E eu vou fazer uma jarra para a minha. O que vais fazer
para a tua mãe, Belinda ? — perguntou Amy.
— Ainda não decidi — respondeu ela.
— Vou pedir ao Pai Natal que me traga um skate — disse Amy.
— E tu, David, o que vais pedir-lhe?
— Eu quero uma bicicleta nova — disse David.
— E tu, Belinda?
— Acho que a minha serpentina é comprida demais — respondeu
esta.
Nessa noite, Belinda estava a ver televisão com os pais.
Três ursos polares cantavam canções, com chapéus de Pai Natal.
— Estás muito calada, filha — reparou o pai.
— Hum — retorquiu Belinda.
— O que se passa? — insistiu o pai.
— Nada — respondeu a filha.
— O que é aquela coisa verde e vermelha que puseste no cesto
de papéis? — perguntou a mãe.
— Nada — respondeu Belinda.
A mãe soergueu a serpentina de papel.
— Não me parece que seja nada — comentou.
— É uma coisa sem interesse que fizemos na escola.
— Oh! — exclamou o pai.
A mãe debruçou-se sobre o marido e sussurrou:
— A nossa filha está aborrecida porque não celebramos o
Natal.
─ Ah! — exclamou o pai.
Era véspera de Natal. Não havia ninguém com quem brincar ou
sequer ver um vídeo. Todos estavam a preparar-se para o Natal. Todos excepto
Belinda, que observava da janela a neve a cair lá fora.
— Vais ficar aí o dia todo? — perguntou a mãe.
— Talvez — respondeu Belinda.
— Porque não vais brincar lá para fora? — sugeriu a mãe.
— Não me apetece — respondeu a filha.
— E se levasses o teu trenó?
— Não me apetece — respondeu Belinda.
— E que tal veres um vídeo?
— Não me apetece.
— Queres ajudar-me a fazer bolachas? — perguntou por fim a
mãe.
— Bolachas? — admirou-se Belinda.
— Sim. Até tenho algum açúcar vermelho e verde que podemos
pôr-lhes em cima.
— Como se fossem bolachas de Natal? — perguntou Belinda.
A mãe sorriu:
— Mais ou menos.
O pai entrou em casa.
— Cheira bem! — gritou do patamar.
— São bolachas mais ou menos de Natal — anunciou Belinda.
Foi então que viu que o pai trazia uma árvore muito
pequenina num vaso.
— O que é isso? — quis saber a filha.
— É um pequeno louro que estava à venda no supermercado —
respondeu o pai.
Colocou a árvore em frente da janela.
— Penso que ficaria bonita com a tua serpentina de papel —
disse o pai.
— E sabes que mais? — perguntou a mãe de Belinda. — Penso
que tenho alguns lacinhos que lhe ficariam bem.
— E que tal se pendurássemos algumas bolachas? — continuou o
pai. — Ficava mais alegre.
Belinda olhou para a mãe e para o pai.
— Querem dizer que podemos decorá-la como se fosse uma
árvore de Natal?
— Mais ou menos — respondeu o pai.
Chegou, por fim, o Dia de Natal. O pai de Belinda estava
sentado na sala, a olhar para a árvore-mais-ou-menos-de-Natal.
— É muito bonita, sobretudo por causa da tua serpentina de
papel. É pena que mais ninguém a veja.
— É mesmo isso que eu estava a pensar — disse a mãe. — Temos
tantas bolachas deliciosas e ninguém para ajudar a comê-las.
O pai exclamou:
— Tive uma ideia. Porque não convidamos alguns amigos para
as partilharem connosco?
— Mas hoje estão todos a celebrar o Natal — disse Belinda,
com tristeza.
— Nem todos. O Tio Frank, a Sandra e a família dela, a Emily
e a família dela, e aquele médico simpático que te tratou no Verão passado…
Belinda estava a divertir-se imenso. A sala estava cheia de
gente. Estavam todos a comer bolachas, a beber ponche e a jogar jogos. O médico
estava a contar anedotas. Todos se riam.
— E vejam só o que encontrei no sótão — disse a mãe de
Belinda. — Luzinhas da festa de aniversário da Belinda!
— Perfeito! ─ exclamou o pai. — Podemos pô-las na árvore.
Todos se puseram em círculo a observar.
— Que bonito! — admiraram, quando as luzes se acenderam.
— Que festa bonita! — disse a Emily.
— É a melhor de todas as que assisti — disse a Sandra.
— Concordo plenamente — assentiu o médico.
— Até parece uma festa de Natal — sorriu o Tio Frank.
— Oh, Tio Frank! — exclamou Belinda — Mais ou menos.
Dyan Sheldon e Sally Grindley
Dyan Sheldon e Sally Grindley
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