«A Morte Sem Mestre»
Herberto Helder
383- «A MORTE SEM MESTRE»
Um profundo exercício sobre a vida e a norma. Um poema
inteiro, feito de cinzas e restos.
Debaixo da pele, despida de ismos, o poeta
deambula entre as trevas e a luz e, no gesto, constrói a esperança de um território
primordial - o eu nu. Uma inquietação levada à alma. Sem disfarces: «Esta é a
minha Elegia».
e só agora penso:
porque é que nunca olho quando passo defronte de mim
mesmo?
para não ver quão pouca luz tenho dentro?
ou o soluço atravessado no rosto velho e furioso,
agora que o penso e vejo mesmo sem espelho?
- cem anos ou quinhentos ou mil anos devorados pelo
fundo e amargo espelho velho:
e penso que só olhar agora ou não olhar é finalmente
o mesmo
Herberto Helder
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