«Desobediência Civil – 1848»
Escritor e Filósofo Norte-Americano
Henry David Thoreau
547- «DESOBEDIÊNCIA CIVIL – 1848»
«Pequeno excerto»
A autoridade do governo, mesmo do governo ao qual estou
disposto a me submeter – pois obedecerei com satisfação aos que saibam e façam
melhor do que eu e, sob certos aspectos, obedecerei até aos que não saibam nem
façam as coisas tão bem -, é ainda impura; para ser inteiramente justa, ela
precisa contar com a sanção e com o consentimento dos governados. Ele não pode
ter sobre a minha pessoa e meus bens qualquer direito puro além do que eu lhe
concedo.
O progresso de uma monarquia absoluta para uma monarquia
constitucional, e desta para uma democracia, é um progresso no sentido do
verdadeiro respeito pelo indivíduo. Será que a democracia tal como a conhecemos
é o último aperfeiçoamento possível em termos de construir governos? Não será
possível dar um passo a mais no sentido de reconhecer e organizar os direitos
do homem? Nunca haverá um Estado realmente livre e esclarecido até que ele
venha a reconhecer no indivíduo um poder maior e independente – do qual a
organização política deriva o seu próprio poder e a sua própria autoridade – e
até que o indivíduo venha a receber um tratamento correspondente.
Fico imaginando, e com prazer, um Estado que possa enfim se
dar ao luxo de ser justo com todos os homens e de tratar o indivíduo
respeitosamente, como um vizinho; imagino um Estado que sequer consideraria um
perigo à sua tranquilidade a existência de alguns poucos homens que vivessem à
parte dele, sem nele se intrometerem nem serem por ele abrangidos, e que
desempenhassem todos os deveres de vizinhos e de seres humanos. Um Estado que
produzisse esta espécie de fruto, e que estivesse disposto a deixá-lo cair logo
que amadurecesse, abriria caminho para um Estado ainda mais perfeito e
glorioso; já fiquei imaginando um Estado desses, mas nunca o encontrei em
qualquer lugar.
Henry David Thoreau
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