«Grato pela Não-Cooperação»
Resistência Civil
574- «GRATO PELA NÃO-COOPERAÇÃO»
Descendo a rua têm casas de sorvete para ir lá
e o pavimento é um suave, azulado cinza-ardósia. As
pessoas riem alto.
Aqui você pode ver as estrelas. Dois amantes estão cantando
separadamente, do mesmo telhado: "Deixa pra trás teu
troco,
deixa tuas roupas e vai embora. São horas já.
Eram horas também antes, mas agora são mesmo horas.
Você nunca vai ter curtido tanto os temporais
como nessas noites pegajosas quentes que estão mais para
março
que abril. Espere. Um vento dissimulado quer ver
você ir
e lá fora no meio do rio tempestuoso endossar
passagens de ônibus a Connecticut.
E assuntos-em-árvore, e tudo aquilo sobre o que pensamos
quando deixamos de pensar.
O clima está perfeito, a estação pouco clara. Chore por sua ida
mas também espere me encontrar em um futuro próximo, quando
hei de revelar
novas aventuras mais, e que você vai seguir pensando em mim."
O vento enfraqueceu, e os amantes
não mais cantam, (se falando) comunicando-se um e outro no
tédio
da auto-expressão, e a praia encrespou-se e ficou
líquida
e assim o lamento celebrado iniciou. E como nós, pessoas
de todo incomuns uns ao outros e a nosso próprio ramo, o
explicamos
para a praia se nos é dado
andar por lá "no futuro próximo" o porquê da nossa
vinda
e por que nunca estivemos aqui antes? As contrapropostas
do estranho-hóspede impedem nossa construção de nós mesmos
qual
pessoas-objeto, os que sabíamos que chegariam aqui
de algum modo, embora possamos lembrar tão fácil como do dia
que nascemos
os vermes passados pelo caminho e como o dia vazou
e a noite ao ouvir-nos também, muito embora expressemos
somente nossas ideias
imaturas e nunca tentemos impressionar alguém mesmo quando
um tanto mais adulto.
John Ashbery
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