«O Fazedor de Viúvas»
Pequeno Excerto de Valter Hugo Mãe
907- «O FAZEDOR DE VIÚVAS»
[Pequeno Excerto]
“Todos o conheciam como o fazedor de viúvas. Era o fazedor de
viúvas porque se metia com mulheres casadas que, breve tempo depois, enterravam
os maridos. Ninguém podia garantir que as incentivasse a livrarem-se deles, ao
menos não até a dona Hortênsia ter sido presa e saído de casa em braços do
polícia Tito.
Mata aos berros aflitos, que ele, o Zequelino Cutelo, é que
lhe tinha deixado um veneno para ratos nas mãos, que ele, o fazedor de viúvas,
é que a tinha posto louca, uma mulher tão simples enganada por um homem tão
perigoso. Era o que ele queria. Não queria mais nada. Só que elas matassem os
maridos. Como se depois disso lhes perdesse o desejo, ou, de certeza, nem
desejo algum lhes tivesse, só as queria deitar em perdição. Sim, porque sabia
que andara com esta e com aquela e, ainda que viúvas em liberdade sem o azar da
dona Hortênsia, ele já não as queria.
Mal o cornudo fosse à terra, ele desaparecia de beira delas.
A minha avó, que pouco opinava sobre a amizade do meu avô com tão suspeito
homem, no dia em que a dona Hortênsia foi presa disse alto à entrada da sala,
esse homem é um assassino, não o quero em minha casa. O meu avô silenciou-se
como se fosse culpado e ouviu, comigo, o bater da porta da frente. A minha avó
saíra para ver a algazarra na praça.”
Valter Hugo Mãe
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