«A Ideia»
Soneto de Antero de Quental
962- «A IDEIA»
Conquista, pois, sozinho o teu Futuro,
Já que os celestes guias te hão deixado,
Sobre uma terra ignota abandonado,
Homem ‑ proscrito rei ‑ mendigo escuro!
Se não tens que esperar do céu (tão puro
Mas tão cruel!) e o coração magoado
Sentes já de ilusões desenganado,
Das ilusões do antigo amor perjuro;
Ergue-te, então, na majestade estóica
De uma vontade solitária e altiva,
Num esforço supremo de alma heróica
Faze um templo dos muros da cadeia.
Prendendo a imensidade eterna e viva
No círculo de luz da tua Ideia!
Antero de Quental
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