domingo, 26 de fevereiro de 2017

OUTROS CONTOS

«Elegia do Entrudo», conto poético por Luís d'Oliveira Guimarães.

(Ilustrações de Rafael Bordalo Pinheiro)

«Elegia do Entrudo»
Rafael Bordalo Pinheiro

985- «ELEGIA DO ENTRUDO»

Já Entrudo não sou! À' lama escura
Meu estro foi parar desfeito em vento…
Eu o mundo ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a sepultura!

Conheço agora quão triste figura
De mil maneiras fiz - que louco intento! -
Máscara!... Tivera algum merecimento
Se a linha da razão seguisse pura!

Eu me arrependo: a língua quase fria
Brade em alto pregão sobre a cidade
Que atrás de mim fantástica corria:

Já não sou quem fui... Nem sei que quero...
Rapazes do meu tempo! Ó' mocidade!
Vou para o Outro-Mundo - e lá os espero…

Pela deturpação.

Luís d’Oliveira Guimarães

Rafael Bordalo Pinheiro
Ilustrações/ Carnaval

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