segunda-feira, 30 de setembro de 2019

SÁTIRA...

Ataques de Pânico
Sátira...

«ATAQUES DE PÂNICO»

- Como vê, Xô Doutor,
A mulher não está bem.
- Diga-me… e ela já tem
Há muito este pavor?
- Não Senhor…
Isto é recente.
- E dá-lhe frequentemente
Esta tremedeira?
- Só quando a Cristina Ferreira
Muda de vestido rapidamente.

POETA

OUTROS CONTOS

«Pensamentos», por Manel da Trindade.

«Pensamentos»
Maria Da Consolação

Décimas com dedicatória a Maria Da Consolação...

(Um beijjo especial para ela!)

Do mote apresentado, só o primeiro verso é de minha autoria, 
sendo os três restantes do enorme poeta português Fernando Pessoa.

Perdido em pensamentos
«Eu tenho ideias e razões,
Conheço a cor dos argumentos
E nunca chego aos corações.»

1443- «PENSAMENTOS»

Fico por vezes no estado
De profunda introspecção,
A encontrar explicação
Para o que tenho pensado.
Quase sempre inconformado
Com estranhos sentimentos,
Aproveito esses momentos
Como reflexão interior…
Dou por mim a posterior
Perdido em pensamentos.

O conceito de justiça,
Da verdade e transparência,
Não me pesam na consciência
Se neles creio com premissa.
A inteligência insubmissa
Não se alimenta d’ ilusões,
Há que tomar decisões
Nada, pois, deves temer…
Doa então a quem doer,
«Eu tenho ideias e razões.»

Mente que seja aberta
Facilita haver diálogo…
P’ra razão não há catálogo,
Nem uma morada certa.
A discussão cedo aperta
Na busca de conhecimentos,
Se há desentendimentos
É sinal que não estás sozinho…
Digo eu p’ra meu vizinho,
«Conheço a cor dos argumentos.»

Pode dar-se por perdido
Muito tempo a magicar…
Não me estou a desculpar,
O assunto está resolvido.
Se o pensar é interrompido
Com sábias opiniões,
Daí devo extrair ilações
Que eu ache necessárias…
Já experimentei de formas várias,
«E nunca chego aos corações!»

Manel da Trindade

SÁTIRA...

O Paiol
paiol1.gif
Sátira...

«O PAIOL»

Não reconheço autoridade
Para fazer juízos morais…
No paiol de Tancos arsenais,
Atingem quem fala inverdade.
Mais uma triste contrariedade
Que a direita terá que engolir,
Os tiros nos pés vão atingir
Quem dispara as munições…
A 6 de Outubro nas eleições
Quando o paiol vai explodir!

POETA

SÁTIRA...

O Papagaio-Mor
Sátira...

«O PAPAGAIO-MOR»

Eu não sei de nada,
De nada, eu até sei…
Eu cá nunca pensei,
A cabeça está zoada.
É só gente marada
Que me quer aborrecer,
Mas eu sei-me conter
E de nada vou falar…
Se querem fotografar,
Sei de tudo sem saber!

POETA

SÁTIRA...

Bicadas na Capoeira
             Bicada1.gif
Sátira...

«BICADAS NA CAPOEIRA»

Gostam depenicar
As galinhas na bosta…
Diz o Tonho Costa:
- Chega, podem parar!...
Cristas, tu julgas estar
No país das herdades?
- Alentejo tem saudades
De me ver pelas costas…
- Tonho… tu não gostas
Dos teus ricos compadres?

POETA

OUTROS CONTOS

«Bom Dia Alegria!», por Manel da Trindade.

«Bom Dia Alegria!»
Vasco Afonso

1442- «BOM DIA ALEGRIA!»

Sou o Vasquinho
Mais novo da prole…
Tudo sob controle,
Nunca estou sozinho.
Gosto deste ninho
Onde me sinto feliz,
Por agora aprendiz
E alegria cá de casa…
Já sei bater a asa,
Mas ainda sou petiz!

Manel da Trindade

OUTROS CONTOS

«A Boa Marioneta», por Manel da Trindade.

«A Boa Marioneta»
Décima Crítica

1441- «A BOA MARIONETA»

Se houver patrocinador
Vêm nisso grande dilema?...
É de todos o problema,
O clima está um horror!
O capitalismo estrangulador
Não respeita o planeta,
Alguém que se comprometa
E de palavras, passe a actos…
Todos conhecem os factos
Apresentados pela Greta.

Manel da Trindade

SÁTIRA...

Mais do Mesmo
Sátira...

«MAIS DO MESMO»

Pode ser mau agoiro
Ou falta de cerebelo,
Treinador sem cabelo
Aqui não é duradoiro.
Isto vai dar estoiro
Ninguém tem estaleca,
O presidente peca
Com a escolha que faz…
Andar de marcha-atrás?
Fosga-se!... Outro careca!!!

ATEOP

OUTROS CONTOS

«Avance, Dona Carlota», por Manel da Trindade.

«Avance, Dona Carlota»
Bigas, a Rainha do Castelo

1440- «AVANCE, DONA CARLOTA»

Bigas, deixa passar
A vizinha Carlota
De gatos até que gosta,
Podes nela confiar!
Tens razão em duvidar
Por ser dona do Novilho,
O malandro só quer sarilho
Mas tu meteste-o na ordem…
Acabou-se a desordem,
Tira o dedo do gatilho!!

Manel da Trindade

OUTROS CONTOS

«O Perdão», por Manel da Trindade.

«O Perdão»
Cristo a carvão em tecido de serapilheira 
do colchão onde dormia/ JPGalhardas

1439- «O PERDÃO»

Sofreste tormentos inauditos
Em silêncio, calaste a tua dor...
Na cruz sucumbiste por amor
Perdoando aos teus súbditos.

Sem único queixume ali ficaste
Com a multidão a ver-te sofrer...
Ainda assim, antes do corpo ceder,
Todos os pecados nos perdoaste.

Só mesmo por infinita bondade
Se perdoa em pleno sofrimento,
A quem lhe inflige tanta maldade!

Três da tarde de um dia cinzento...
A teu Pai pedes pela humanidade
O perdão nesse preciso momento.

Manel da Trindade

SÁTIRA...

Time Out
Sátira...

«TIME OUT»

- Bruno, jura prometer
Não pontapear mais portas…
As coitadas estão mortas,
Não se podem defender!…
Vês razão pra lhe bater?
- Eu vejo, cara d’alho!...
Parto tudo, seu bandalho!!
- Calma, a casa está a ruir…
Se estás a fim de partir,
Chama o Bruno de Carvalho!!!

ATEOP

SÁTIRA...

Liga a Dois Tempos
Sátira...

«LIGA A DOIS TEMPOS»

Na primeira parte
Entramos a ‘dromir’,
O que vem a seguir…
‘Drome-se’com arte.
Resultado aparte
É a taça da liga,
Diz a águia amiga
Já chegam as que temos,
Mais não queremos...
Segunda parte, desliga!!

ATEOP

OUTROS CONTOS

«Quarto Minguante», por Manel da Trindade.

«Quarto Minguante»
A Lua

1438- «QUARTO MINGUANTE»

No banco do jardim
Com meu amigo Tristão...
A Bigas aqui à mão
Deitada ao pé de mim.
A lua está assim
Em Quarto Minguante,
Daqui p'ra diante
Vai atrasando o nascer...
Lua Nova há de ser
Este planeta mutante.

Manel da Trindade

SÁTIRA...

Perda de Peso
                  como1.gif
Sátira...

(Diálogo entre dois trogloditas)

«PERDA DE PESO»

- Ao bailinho da Madeira
Anda daí brincar,
Anda comigo bailar
Esta linda brincadeira.
- Bailas tu a primeira
Que eu bailo a segunda,
Vai ser grande desbunda
Zurzir nos comunistas…
- Esses malditos arrivistas
É só gente vagabunda!

POETA

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

OUTROS CONTOS

«Se Cada Dia Cai», por Pablo Neruda.

«Se Cada Dia Cai»
Pablo Neruda/ por M-Behroozi

1437- «SE CADA DIA CAI»

Se cada dia cai, dentro de cada noite,
há um poço
onde a claridade está presa.
há que sentar-se na beira
do poço da sombra
e pescar luz caída
com paciência.

Pablo Neruda

OUTROS CONTOS

«As Palavras», por Manel da Trindade.

«As Palavras»
Décima

1436- «AS PALAVRAS»

Um dia penso oferecer
As palavras que escrevo…
Será que a tal me atrevo?
Talvez, se alguém as ler…
Mas no caso d’ escurecer
E persistir esse mistério,
A caminho do eremitério
Vou jogá-las ao vento…
Livre segue o pensamento
Para outro hemisfério.

Manel da Trindade

OUTROS CONTOS

«Décima Especial de Aniversário», por Kabé.

«Décima Especial de 
Aniversário»
Amiga Paula

Noutro fuso...

21 de Setembro de 2019

Muitos Parabéns, amiga especial!

1435- «DÉCIMA ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO»

Feliz aniversário
Querida amiga tibetana,
A tua alma é alentejana
Do mais puro berçário!
Teu ser extraordinário
Eu nunca conheci igual,
Desde sempre és leal
À verdadeira amizade…
Por que na verdade
Tu pra mim és especial!!

Kabé

OUTROS CONTOS

«Relógio da Torre», por Manel da Trindade.

«Relógio da Torre»
Detalhe/ Vista da Torre de Menagem
JPGalhardas

Mote

Relógio da torre o que faz
É só contares mentiras!...
Contas as horas que dás,
Não contas as que tiras!!

José Galhardas

1434- «RELÓGIO DA TORRE»

Glosas

Passa o tempo sem parar
Mesmo agora aqui passou...
O tempo não mais voltou,
Ninguém o viu regressar.
Outro tempo há de passar
Acredita-se ser capaz,
Ele nunca volta atrás
Disso eu tenho a certeza...
Dar horas com ligeireza,
Relógio da torre o que faz.

Nas horas que contas
Entre quartos dás soada...
Ouve-se a badalada,
As horas certas apontas.
Nem um minuto descontas
À direita sempre viras,
Os teus ponteiros atiras
Sem qualquer indecisão...
Cheguei a esta conclusão,
É só contares mentiras!

Seguro na tua rota
Os segundos vês correr...
Ao milésimo sem esquecer,
Não precisas tomar nota.
A tua precisão denota
Que trabalhas em paz,
Mostras como é fugaz
A passagem desta vida...
Na hora certa decidida,
Contas as horas que dás.

Se o tempo cá voltasse
E tudo se repetisse...
Era uma grande chatice
Que atrás regressasse!
Vivia num impasse
O ar que respiras,
Se o mesmo inspiras
Sucumbias sem demoras...
Relógio que dás horas,
Não contas as que tiras!!

Manel da Trindade

OUTROS CONTOS

«Décima de Aniversário», por Manel da Trindade.

«Décima de Aniversário»
Amiga Marissa e Lika

Parabéns, Marissa!

1433- «DÉCIMA DE ANIVERSÁRIO»

Para a amiga holandesa
Esta décima de aniversário,
Que tenha dia extraordinário
Nesta terra portuguesa!
Sucesso na sua empresa
Com conta, peso e medida,
Muita saúde incluída
Lhe desejo de verdade…
Em nome da amizade,
Parabéns e longa vida!

Manel da Trindade

OUTROS CONTOS

«As Coisas da Alma...», por Manel da Trindade.

«As Coisas da Alma...»
Filha Linda

1432- «AS COISAS DA ALMA…»

Estão guardadas, no baú dos segredos,
Como devem estar as coisas da alma…
É assim que o estado d’ espírito acalma
E se exorcizam de vez todos os medos.

Aí devem permanecer no seu interior
Fechadas, o lugar certo para repousarem…
Elas agradecem finalmente sossegarem
E não regressar ao seu estado anterior.

Caminha sem receio, nos pingos da chuva
Que trazem de volta os novos rebentos…
O mistério da vida a que a alma se curva

Com as dádivas que lhe oferece a natureza,
Traz nova esperança aos corações sedentos
P'las coisas da alma, e sua imensa beleza!

Manel da Trindade

— com Linda Galhardas.

OUTROS CONTOS

«Soneto de Desamor», por Manel da Trindade.

«Soneto de Desamor»
Desamor/ Adela Casado

1431- «SONETO DE DESAMOR»

Era canção triste aquela que se ouvia…
Agora, com poder de ver do coração,
Tinha apartado de vez toda a aflição
E a felicidade novamente lhe sorria!

Finalmente podia sentir essa bênção,
Pois tudo fizera para trazer a alegria
De volta, como em tempos ele queria…
Eis chegado o momento da separação.

O soneto de desamor que escrevia
Não mais que a triste confirmação,
Do que há muito seu coração sentia…

Uma estranha paz!… com convicção,
Deixou entrar a luz de um novo dia
Nesse lugar onde só havia escuridão.

Manel da Trindade

terça-feira, 17 de setembro de 2019

OUTROS CONTOS

«Soneto de Amor», por José Régio.

«Soneto de Amor»
Poema de José Régio

1430- «SONETO DE AMOR»

Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma...Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.

Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas…
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.

E em duas bocas uma língua..., - unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.

Depois... - abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!

José Régio

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

DÉCIMA versus CARTOON

Longa Metragem
Desporto/ Sátira...

«LONGA METRAGEM»

- Viste o jogo do Porto
Com o Portimonense?...
Sabes, não sei que pense,
Houve muito tempo morto.
- Isto começa a dar pró torto!
Acabei por não ver o final…
Ganhou o freguês habitual,
Terminou de madrugada.
- Se a tua cor é beneficiada,
Nada te parece mal!!

ATEOP

OUTROS CONTOS

«O Dote», por Manel da Trindade.

Homenagem póstuma ao poeta popular José Romão, mais conhecido por 'Cacete', natural de Ferreira de Capelins, concelho de Alandroal.

O concelho do Alandroal é um viveiro de poetas populares!

«O Dote»
Poeta José Romão (Cacete)

Mote

O dote não é comprado
O dote ninguém o vende
O dote por Deus é dado
Não se ensina nem se aprende

'Cacete'

1429- «O DOTE»

O dote é uma dádiva
Filho da natureza,
Nasce com subtileza
Pra que connosco viva.
A alma fica cativa
Do que foi depositado,
Permanece lá guardado
No interior da gente…
Ninguém tal desmente,
O dote não é comprado.

O dote é que impera
Dentro de nós mora,
Resolve sair pra fora
Quando menos se espera.
Aos poucos tudo supera
E a muitos surpreende,
Há quem isto não entende
Não me peçam contas a mim…
Não se compra, é assim,
O dote ninguém o vende!

O dote estar no gene
Acho que faz sentido,
O cromossoma constituído
Por segmento de A.D.N.
Para que bem coordene
Transmite com cuidado,
Vai buscar ao passado
Esse dom hereditário…
Há quem pense ao contrário,
O dote por Deus é dado.

O dote cedo se revela
No artista com primor,
A obra sai com amor
E logo assoma à janela.
Pode ser coisa singela
O fim que se pretende,
O coração empreende
E essa é a melhor parte…
Acreditem que a arte
Não se ensina nem se aprende!

Manel da Trindade

OUTROS CONTOS

«Danae», por Manel da Trindade.

«Danae»
Danae/ Klimt

Sobre a tela do pintor austro-húngaro, Gustav Klimt...

1428- «DANAE»

Danae deixa ver a nudez adormecida
Enroscada em cores de cetim e ouro...
Seu corpo repousa para além da vida
Escondendo no olhar outro tesouro.

A genialidade por Klimt, o Gustav
Ou veia criadora do grande artista...
De formas redondas e traço suave,
Surge Danae pra nos alegrar a vista.

Repousa na pose inicial d' infância,
Onde a beleza irradia sensualmente
A cor que domina em abundância;

Oh, Danae!... Tão pura e inocente!...
Emana de ti uma leve fragrância
Dessas cores belas de antigamente.

Manel da Trindade

OUTROS CONTOS

«O Resgate», por Manel da Trindade.

«O Resgate»
Nhico, o gato amarelo

1427- «O RESGATE»

O Canelhas sem saber
Do seu gato amarelo…
Digo eu: - Vai aparecer
Esse rico caramelo!

O Canelhas preocupado
Com o gato lá de casa…
Resolveu bater a asa,
Desapareceu o coitado.
Não o dá procurado
Há três dias sem se ver,
Pró gato desaparecer
Só pode estar cativo…
Anda algo apreensivo
O Canelhas sem saber.

O gato Nhico é caseiro
Não tem por hábito sair,
Em casa costuma residir
Com o seu companheiro.
Este felino cavalheiro
É de facto muito belo,
Reconhece lar singelo
Mas encontra-se sumido…
Fala o dono entristecido
Do seu gato amarelo.

Foi na segunda-feira
Que soube da notícia,
Não é caso de polícia
Nem página primeira.
Em tarde domingueira
Quando se foi esconder,
O dono a esmorecer
Não augura boa coisa…
- Vais ver, depressa poisa,
Digo eu: - Vai aparecer!

Quarta depois de jantar
No passeio ao jardim…
Ouço miar sem fim,
Um gato está a chamar.
Depressa vou averiguar…
- Nhico!... Estou a vê-lo,
Acabou-se o pesadelo
Do pobre do gato…
Sou eu quem resgato
Esse rico caramelo!!

Manel da Trindade

CARTOON versus SONETO

A Fasquia
Sátira...

«A FASQUIA»

- Se tiver um resultado muito curto
Demito-me, é óbvio, mas lamento.
- Tipo quê? Vinte cinco por cento?...
Na verdade seria um grande surto!

- Com vinte cinco por cento ainda fico,
Não sou homem de desistir à primeira.
- Uma percentagem deveras traiçoeira…
Com quinze por cento dá-se o fanico!

- Não, com quinze por cento aguardo…
É evidente, bastante apreensivo.
Fico ainda, mas muito contrariado!

- E com cinco por cento? É decisivo??
- Sem resposta pra esse resultado,
Mas obviamente ficar é definitivo!!

POETA

OUTROS CONTOS

«O Resgatado», por Manel da Trindade.

«O Resgatado»
Nhico, ou o Menino

1426- «O RESGATADO»

Apresento o gato Nhico
Três dias andou perdido,
Ao felino aparecido
Esta décima eu dedico.
De contar não abdico
Como tudo se passou,
Fui quem o resgatou
Do terrível cativeiro…
Estava prisioneiro
No sítio pra onde saltou.

Manel da Trindade

OUTROS CONTOS

«Senhora da Guia/ II», por Manel da Trindade.

«Senhora da Guia/ II»
Nossa Senhora da Guia

1425- «SENHORA DA GUIA»

Senhora da Guia
A que guia a vida,
Que nos dá guarida
E a todos alumia.
De noite ou de dia
Ela está presente,
Guia a vida da gente
Até a hora da morte...
Para que conforte
Todo o ser vivente.

Manel da Trindade

OUTROS CONTOS

«Senhora da Guia/ I», por Manel da Trindade.

«Senhora da Guia/ I»
Nossa Senhora da Guia

1424- «SENHORA DA GUIA»

Senhora da Guia
Que guia os mortos,
Para outros portos
De noite ou de dia.
A alma alivia
Na última paragem,
Com coragem
Mostra o caminho…
Ao seu vizinho
Que segue viagem.

Manel da Trindade

CARTOON versus DÉCIMA

O Sem Abrigo
Sátira...

«O SEM ABRIGO»

- Xou, xou!... sai toupeira,
Vai até ao vizinho do lado…
Tenho tudo controlado,
Acabou-se a buraqueira!
- Ó senhor Orelhas Vieira!...
Sem abrigo, escorraçado,
Já estou a ser dispensado
Assim desta maneira?
- Deixa assentar a poeira…
O pó branco é tramado!!!

ATEOP

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

OUTROS CONTOS

«Soneto», por Álvares de Azevedo.

«Soneto»
Poeta Brasileiro Álvares de Azevedo

1423- «SONETO»

Pálida à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!

Era a virgem do mar, na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d'alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!

Era a mais bela! Seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...

Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti - as noites eu velei chorando,
Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!

Álvares de Azevedo

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

CARTOON versus DÉCIMA

Falta de Dadores
Sátira...

«FALTA DE DADORES»

- Marido, o que tens achado
Destes últimos debates?
- Uma seca de disparates,
O importante não foi falado!
- Achas o debate emperrado
Por haver falta de ideia?
- Sabes que me chateia?
Não ter quem se zangue…
Gosto de ver jorrar sangue,
Faz falta cá nesta aldeia!!!

POETA

OUTROS CONTOS

«Auto-Retrato/ Interior», por Manel da Trindade.

«Auto-Retrato/ Interior»
Cabé, Linda e Rolando

A meus filhos e netos...

1422- «AUTO-RETRATO/ INTERIOR»

Poeta popular mas sem canudo,
Desconhecido de todos, até da escrita...
Noctívago escrevinhador nesta sita
Em que a solidão vale mais que tudo.

Nervoso, assim o é por natureza…
(Dizem estar no genes a inquietação)
Ele há coisas!, vá-se lá saber a razão,
São as palavras sua maior fraqueza!

E dito isto... eu que o conheço bem,
Quando o dia começa a anoitecer
Fecha-se em copas, como lhe convém;

Esta alma inquieta, quase humana,
Vai fluindo sem deixar transparecer
Toda a riqueza na poesia alentejana!

Manel da Trindade

OUTROS CONTOS

«Apreensivo», por Manel da Trindade.

«Apreensivo»
Tristão, o Pensativo

No átrio da matriz...

1421- «APREENSIVO»

Estou aqui pensativo
Com ar de preocupação…
Sem saber onde estão,
Fico logo apreensivo!
Para mim é aflitivo
Não ver as companheiras,
São duas belas parceiras
Que me gostam de seguir…
Por aí se andam a divertir
As gatas borralheiras!!

Manel da Trindade

OUTROS CONTOS

«O Olhar», por Manel da Trindade.

«O Olhar»
Serra da Estrela/ à saída do Vale Rossim
Foto: Amabilidade de Genoveva

Com dedicatória a Genoveva...

Obrigado pela foto lindíssima!

1420- «O OLHAR»

O céu vermelho assim
Anuncia que vem calor,
A foto um primor
À saída do Vale Rossim.
A alma em frenesim
Não se cansa de vê-la,
Ontem na Serra da Estrela
Depois do sol se esconder…
A cor de fogo ao anoitecer,
O olhar não quer esquecê-la!

Manel da Trindade

CARTOON versus DÉCIMA

Tiro ao Prato
Sátira...

«TIRO AO PRATO»

Ó Diabo!... ‘que passa-se?’
Lá vai mais uma toupeira…
A pontaria está certeira,
Esta já não ‘se escapa-se!’
Pensei… desta ‘se cala-se’(?)
A maldita Mama Gomes,
Por manso não me tomes
Sou pneumático salafrário…
Ameaço processo judiciário,
A mim não chamas nomes!

ATEOP

OUTROS CONTOS

«Pai...», por Manel da Trindade.

«Pai...»
Outro Tempo

1419- «PAI…»

Só hoje consigo escrever… sabes bem,
Não é fácil esquecer esse tempo infeliz
Que passei na casa onde um dia fui feliz…
Pai, nós sabemos melhor que ninguém

Meu único propósito era ser-te amparo…
Pensei afastar de ti a solidão que sentias,
Nessa casa onde viver tu já não querias
Solitário. Da vida que levava me separo

Com a esperança de finalmente ter paz…
A mesma casa, quando eu ainda criança,
Sentia a tua presença sempre tão fugaz!

Pai, essa casa morre-me na lembrança…
Guardo o meu sonho de menino lá atrás,
Numa casa onde vivi cheio de confiança!

Manel da Trindade