segunda-feira, 16 de setembro de 2019

OUTROS CONTOS

«O Dote», por Manel da Trindade.

Homenagem póstuma ao poeta popular José Romão, mais conhecido por 'Cacete', natural de Ferreira de Capelins, concelho de Alandroal.

O concelho do Alandroal é um viveiro de poetas populares!

«O Dote»
Poeta José Romão (Cacete)

Mote

O dote não é comprado
O dote ninguém o vende
O dote por Deus é dado
Não se ensina nem se aprende

'Cacete'

1429- «O DOTE»

O dote é uma dádiva
Filho da natureza,
Nasce com subtileza
Pra que connosco viva.
A alma fica cativa
Do que foi depositado,
Permanece lá guardado
No interior da gente…
Ninguém tal desmente,
O dote não é comprado.

O dote é que impera
Dentro de nós mora,
Resolve sair pra fora
Quando menos se espera.
Aos poucos tudo supera
E a muitos surpreende,
Há quem isto não entende
Não me peçam contas a mim…
Não se compra, é assim,
O dote ninguém o vende!

O dote estar no gene
Acho que faz sentido,
O cromossoma constituído
Por segmento de A.D.N.
Para que bem coordene
Transmite com cuidado,
Vai buscar ao passado
Esse dom hereditário…
Há quem pense ao contrário,
O dote por Deus é dado.

O dote cedo se revela
No artista com primor,
A obra sai com amor
E logo assoma à janela.
Pode ser coisa singela
O fim que se pretende,
O coração empreende
E essa é a melhor parte…
Acreditem que a arte
Não se ensina nem se aprende!

Manel da Trindade

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