Duende
Pintura do séc. XVI
DUENDE
Um dia abres os olhos e descobres
os inexactos corpos misturados
e ficas sem saber de que maneira
este estranho centauro nomear.
Já te espantou o lume, quando viste
uma língua no sonho da saliva,
e te riste, de ser tão branco o sangue
que nas beiras da noite adormecia.
Agora é o teu corpo que procura
na orla da floresta, uma fogueira
onde acordar as mãos de forma humana
e resolver enfim, mas para sempre,
se ser o sacro emblema do horror
ou o primeiro verso de um poema.
António Franco Alexandre
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