segunda-feira, 12 de junho de 2017

OUTROS CONTOS

«Bonecos de Luz», por Romeu Correia.

«Bonecos de Luz»
Romance de Romeu Correia

1037- «BONECOS DE LUZ»

[Excerto]

“E foi neste momento que alguém ali perto exclamou:

- A máquina dos bonecos de luz!

Intrigado com este nome - bonecos de luz?! - procurei saber que coisa era essa que a engenhoca fabricava. E as respostas chegaram-me ainda mais confusas:

- A máquina atira ali pró lençol tudo quanto a gente vê na vida! ...

- Atira pró lençol?! - exclamei, pasmado. - Mas como é que isso acontece?!

- Acendem uma luz dentro da gaja, corre uma fita... e a gente vê logo no lençol os bonecos de luz! ...

- Sem entender patavina, resolvi não fazer mais perguntas. Quando a tal fabricação começasse... então eu veria de que se tratava.

E moído de entusiasmo e de comichão - esperei ...

[...]

De repente, chispou um relâmpago sob o alpendre e que as mãos rápidas do Lopes logo abafaram de sombras enormes. E quando todas as cabeças se volviam para o sítio da engenhoca, foi então que um jorro de luz, saído pelo olho da gaja, atravessou o recinto, iluminando o lençol...

Que coisa fantástica tínhamos diante dos nossos olhos!

Letras brancas, certinhas, surgiam sobre o quadrado de pano que se tornara preto... Depois, zás!, uma casa, com portas e janelas, um bocado de céu por cima do telhado...

“Espantoso! Tudo, tudo, como a gente vê ao natural! ... Olha! Olha! Um automóvel atravessou a rua e parou à porta da casa! ...”

- Miquelina! Como é que o carro foi parar ali ao lençol?!”

Romeu Correia

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