«Bonecos de Luz»
Romance de Romeu Correia
1037- «BONECOS DE LUZ»
[Excerto]
“E foi neste momento que alguém ali perto exclamou:
- A máquina dos bonecos de luz!
Intrigado com este nome - bonecos de luz?! - procurei
saber que coisa era essa que a engenhoca fabricava. E as respostas chegaram-me
ainda mais confusas:
- A máquina atira ali pró lençol tudo quanto a gente vê na
vida! ...
- Atira pró lençol?! - exclamei, pasmado. - Mas como é que
isso acontece?!
- Acendem uma luz dentro da gaja, corre uma fita... e a
gente vê logo no lençol os bonecos de luz! ...
- Sem entender patavina, resolvi não fazer mais perguntas.
Quando a tal fabricação começasse... então eu veria de que se tratava.
E moído de entusiasmo e de comichão - esperei ...
[...]
De repente, chispou um relâmpago sob o alpendre e que as
mãos rápidas do Lopes logo abafaram de sombras enormes. E quando todas as
cabeças se volviam para o sítio da engenhoca, foi então que um jorro de luz,
saído pelo olho da gaja, atravessou o recinto, iluminando o lençol...
Que coisa fantástica tínhamos diante dos nossos olhos!
Letras brancas, certinhas, surgiam sobre o quadrado de pano
que se tornara preto... Depois, zás!, uma casa, com portas e janelas, um bocado
de céu por cima do telhado...
“Espantoso! Tudo, tudo, como a gente vê ao natural! ...
Olha! Olha! Um automóvel atravessou a rua e parou à porta da casa! ...”
- Miquelina! Como é que o carro foi parar ali ao lençol?!”
Romeu Correia
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