segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

OUTROS CONTOS

«Sinto às Vezes», conto poético por António Corrêa d’Oliveira.

«Sinto às Vezes»
Soneto de António Corrêa d’Oliveira

739- «SINTO ÀS VEZES»

Sinto às vezes, tão negro abatimento,
Tão funda noite de alma, que parece
Que tudo se perturba e desfalece
Num fundo universal de pensamento.

E sofro. E choro; e logo cobro alento,
Como se em minhas lágrimas bebesse
O génio da revolta a que estremece
A terra do seu próprio fundamento.

Arde na treva a minha voz erguida;
- Acaso existe Deus? Aonde? Aonde?
Qual o sentido, a perfeição da vida? –

Cai um silêncio exânime do céu…
Mas eis que deste mundo me responde
Teu coração, batendo junto ao meu.

António Corrêa d'Oliveira

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