sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

RECEITA DE ANO NOVO...

Por Carlos Drummond de Andrade, poeta brasileiro nascido a 31 de Outubro de 1902 e falecido a 17 de Agosto de 1987.
Poet'anarquista

Poeta Brasileiro
Carlos Drummond de Andrade

Para encerrar o ano de 2010 e festejar o novo ano de 2011, Poet'anarquista  publica a receita dada pelo poeta.
Poet'anarquista

RECEITA DE ANO NOVO


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo 
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

HISTÓRIAS DESTE DIA

Aconteceu a 30 de Dezembro...

LITERATURA

Era o ano distante de 1865, mais precisamente o dia 30 de Dezembro. Nascia em Bombaim Joseph Rudyard Kipling, laureado com o prémio Nobel da literatura em 1907. Prosa, poesia, contos curtos e clássicos de literatura infantil, preenchem a obra de um dos mais populares escritores de Inglaterra de finais do séc. XIX e inícios do séc. XX.
Poet'anarquista
Rudyard Kipling
Escritor
BIOGRAFIA

Escritor britânico. Nasce na Índia onde o seu pai, pintor, é conservador de um museu. Enviado para a Grã-Bretanha para estudar, passa ali uns anos de solidão infantil num internato. Desta experiência sai posteriormente uma descrição: Bee, bee, Ovelha Negra. Em 1878 ingressa num centro educativo de filhos de oficiais e funcionários, de rigorosa moralidade e rígido ambiente (que lhe serve de inspiração para Stalky e Companhia).    

Em 1882 volta à Índia como jornalista; nesta época preocupa-se com os temas que são uma característica da sua obra: a relação entre os dominadores brancos e a população indígena, a função civilizadora dos Britânicos, a memória da remota civilização indiana... Tudo isso está recolhido nos seus primeiros ensaios narrativos: Três Soldados, Contos das Colinas, obras com as quais consegue notoriedade.  

Canções de Caserna é a obra que o torna verdadeiramente popular; trata-se de textos poéticos sobre o sentido político e ético da acção inglesa na Índia, se bem que estão muito abertos à criação individual. As grandes obras de Kipling são Kim e O Livro das Terras Virgens.Esta última conserva, sob as estruturas da fábula, um delineamento ideológico centrado no problema da relação do indivíduo com a sociedade e a primazia da lei moral sobre os impulsos e instintos existenciais. Convencionalmente considera-se que é uma obra infantil. Estes temas e delineamentos reaparecem em Kim, mas mais aprofundados e com reflexões sobre as regiões orientais. Em ambas as obras sobressaem a agilidade narrativa e a solidez formal.  

De grande êxito são as suas brilhantes narrações de aventuras, como Capitães Intrépidos. Quanto à sua obra poética, muito popular até aos anos 20 e depois esquecida, tem um ritmo vigoroso, revela uma notável habilidade no uso da métrica e possui uma sinceridade na expressão dos factos que chega a provocar ressentimentos entre personalidades públicas. O seu livro de versos mais interessante é Os Sete Mares   

Em 1907, Kipling recebe o Prémio Nobel da Literatura. Considera-se Kipling o principal representante da literatura imperialista, mas esta interpretação é superficial. O que Kipling mostra, mais que a presunção do propagandista, é a preocupação do moralista. Preocupa-o certamente o futuro do império britânico, que sabe que vai acabar por desaparecer, mas sustenta que as suas instituições devem defender-se a partir de uma postura ética. Para Kipling, a acção do homem recupera significado na sua dimensão social. Por isso lhe interessam tanto as comunidades militares e escolares e, inclusive, a singular associação dos animais da selva.
Fonte: Vidas Lusófonas

QUANDO O ÚLTIMO RETRATO DA TERRA FOR PINTADO

quando o último retrato da terra for pintado
e os tubos torcidos e secos,
quando as cores mais antigas morrerem,
e o crítico mais novo falecer,
descansaremos precisando da fé estendida
por uma era ou duas,
até que o mestre de todos os bons trabalhadores
nos ponha a trabalhar de novo.
e aqueles que forem bons deverão sentir-se felizes,
sentar-se na cadeira dourada;
salpicar-se-ão na grande tela com tintas
e cabelo de cometas,
encontrarão santos autênticos para pintar
- Madalena, Pedro e Paulo;
trabalharão por uma idade longa e nunca
sentirão o cansaço.

e apenas o mestre rezará por nós, e apenas
o mestre se culpará;
e ninguém trabalhará por dinheiro, ninguém
o fará por dinheiro,
cada um o fará pela alegria de trabalhar
e cada um, na sua estrela,
deverá desenhar a coisas como vê para que o deus
das coisas os veja como cada um é.

Rudyard Kipling


SE

Se consegues manter a calma
quando à tua volta todos a perdem
e te culpam por isso.
Se consegues ter confiança em ti
quando todos duvidam de ti
e aceitas as suas dúvidas
Se consegues esperar sem te cansares por esperar
ou caluniado não responderes com calúnias
ou odiado não dares espaço ao ódio
sem porém te fazeres demasiado bom
ou falares cheio de conhecimentos
Se consegues sonhar
sem fazeres dos sonhos teus mestres
Se consegues pensar
sem fazeres dos pensamentos teus objectivos
Se consegues encontrar-te com o Triunfo e a Derrota
e tratares esses dois impostores do mesmo modo
Se consegues suportar
a escuta das verdades que dizes
distorcidas pelos que te querem ver
cair em armadilhas
ou encarar tudo aquilo pelo qual lutaste na vida
ficar destruído
e reconstruíres tudo de novo
com instrumentos gastos pelo tempo
Se consegues num único passo
arriscar tudo o que conquistaste
num lançamento de cara ou coroa,
perderes e recomeçares de novo
sem nunca suspirares palavras da tua perda.
Se consegues constringir o teu coração,
nervos e força
para te servirem na tua vez
já depois de não existirem,
e aguentares
quando já nada tens em ti
a não ser a vontade que te diz:
"Aguenta-te!"
Se consegues falar para multidões
e permaneceres com as tuas virtudes
ou andares entre reis e pobres
e agires naturalmente
Se nem inimigos
ou amigos queridos
te conseguirem ofender
Se todas as pessoas contam contigo
mas nenhuma demasiado
Se consegues preencher cada minuto
dando valor
a todos os segundos que passam
Tua é a Terra
e tudo o que nela existe
e mais ainda,
tu serás um Homem, meu filho!

Rudyard Kipling

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

PINTURA - PORTINARI

No espaço Amigos d'Arte é aniversariante o pintor brasileiro Cândido Portinari, filho de emigrantes italianos e que hoje é considerado no Brasil um dos artistas mais prestigiados, sendo internacionalmente o que maior projecção alcançou. Ao longo da sua carreira foram quase 5000 obras entre pequenos esboços e pinturas de proporções padrão.
Poet'anarquista
Cândido Portinari
Pintor Brasileiro
BIOGRAFIA

Cândido Portinari (Brodowski, 29 de dezembro de 1903 — Rio de Janeiro, 6 de fevereiro de 1962) foi um artista plástico brasileiro. Portinari pintou quase cinco mil obras—de pequenos esboços e pinturas de proporções padrões como O Lavrador de Café a gigantescos murais, como os painéis Guerra e Paz, presenteados à sede da ONU em Nova York em 1956 e que em dezembro de 2010, graças aos esforços do seu filho, retornaram para exibição no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Portinari hoje é considerado um dos artistas mais prestigiados do país e foi o pintor brasileiro a alcançar maior projecção internacional.
Filho de imigrantes italianos, Cândido Portinari nasceu no dia 29 de dezembro de 1903, numa fazenda nas proximidades de Brodowski, interior de São Paulo. Com a vocação artística florescendo logo na infância, Portinari teve uma educação deficiente, não completando sequer o ensino primário. Aos 14 anos de idade, um grupo de pintores e escultores italianos que actuava na restauração de igrejas, passa pela região de Brodowski e recruta Portinari como ajudante. Seria o primeiro grande indício do talento do pintor brasileiro.
Aos 15 anos, já decidido a aprimorar os seus dons, Portinari deixa São Paulo e parte para o Rio de Janeiro para estudar na Escola Nacional de Belas Artes. Durante os seus estudos na ENBA, Portinari começa a  destacar-se e chamar a atenção tanto de professores quanto da própria imprensa. Tanto que aos 20 anos já participa de diversas exposições, ganhando elogios em artigos de vários jornais. Começa a despertar no artista o interesse por um movimento artístico até então considerado marginal: o modernismo. Um dos principais prémios almejados por Portinari era a medalha de ouro do Salão da ENBA. Nos anos de 1926 e 1927, o pintor conseguiu destaque, mas não venceu. Anos depois, Portinari chegou a afirmar que as suas telas com elementos modernistas escandalizaram os juízes do concurso. Em 1928 Portinari deliberadamente prepara uma tela com elementos académicos tradicionais e finalmente ganha a medalha de ouro e uma viagem para a Europa.
Os dois anos que passou vivendo em Paris foram decisivos no estilo que consagraria Portinari. Lá teve contacto com outros artistas como Van Dongen e Othon Friesz, além de conhecer Maria Martinelli, uma uruguaia de 19 anos com quem o artista passaria o resto da sua vida. A distância de Portinari das suas raízes acabou aproximando o artista do Brasil, e despertou nele um interesse social muito mais profundo.
Em 1946 Portinari volta ao Brasil renovado. Muda completamente a estética da sua obra, valorizando mais cores e a idéia das pinturas. Quebra o compromisso volumétrico e abandona a tridimensionalidade das suas obras. Aos poucos o artista deixa de lado as telas pintadas a óleo e começa a dedicar-se aos murais e afrescos. Ganhando nova notoriedade entre a imprensa, Portinari expõe três telas no Pavilhão Brasil da Feira Mundial em Nova Iorque de 1939. Os quadros chamam a atenção de Alfred Barr, director geral do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA).
A década de quarenta começa muito bem para Portinari. Alfred Barr compra a tela "Morro do Rio" e imediatamente a expõe no MoMA, ao lado de artistas consagrados mundialmente. O interesse geral pelo trabalho do artista brasileiro faz Barr preparar uma exposição individual para Portinari em plena Nova Iorque. Nessa época Portinari faz dois murais para a Biblioteca do Congresso em Washington. Ao visitar o MoMA, Portinari impressiona-se com uma obra que mudaria o seu estilo novamente: "Guernica" de Pablo Picasso.
No final da década de 40 Portinari filia-se no Partido Comunista Brasileiro (PCB) e concorre ao Senado em 1947, mas perde por uma pequena margem de votos. Desiludido com a derrota e também fugindo da caça aos comunistas que começava a crescer no Brasil, Portinari muda-se com a família para o Uruguai. Mesmo longe do seu país, o artista continua com grande preocupação social nas suas obras. Em 1951 uma amnistia geral faz com que Portinari volte ao Brasil. No mesmo ano, a I Bienal de São Paulo expõe obras de Portinari com destaque numa sala particular. Mas a década de 50 seria marcada por diversos problemas de saúde. Em 1954 Portinari apresentou uma grave intoxicação pelo chumbo presente nas tintas que usava. Desobedecendo a ordens médicas, Portinari continua pintando e viajando com freqüência para exposições nos EUA, Europa e Israel.
Em 1960 nasceu a sua neta Denise, que passou a ocupar boa parte de seu tempo. Pintou muitos quadros com o retrato dela. Quando não estava com Denise, Portinari passava horas fitando o mar, sozinho. No ano seguinte escreveu um ensaio de oração para a neta.
MORTE
Desobedecendo a ordens médicas, Portinari continua pintando e viajando com frequência para exposições nos EUA, Europa e Israel. No começo de 1962 a prefeitura de Milão convida Portinari para uma grande exposição com 200 telas. Trabalhando freneticamente, o envenenamento de Portinari começa a tomar proporções fatais. No dia seis de fevereiro do mesmo ano, Cândido Portinari morre envenenado pelas tintas que o consagraram.
Fonte: Wikipédia
"Os Despejados"
Portinari
"Os Retirantes"
Portinari
"Café"
Portinari
"A Criança Morta"
Portinari
"Auto-Retrato"
Portinari
"Cana"
Portinari
"Crucifixion"
Portinari
"A Floresta"
Portinari
"Os Retirantes"
Portinari
"D. Quixote"
Portinari
"Meio Ambiente"
Portinari
"Enterro na Rede"
Portinari
"A Descoberta da Terra" - Pintura Mural
Portinari
PINTURA - MODERNISMO
CÂNDIDO PORTINARI

HISTÓRIAS DESTE DIA

Aconteceu a 29 de Dezembro...

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

HISTÓRIAS DESTA DIA

Aconteceu a 28 de Dezembro...

POESIA BRASILEIRA

Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac nasceu no Rio de Janeiro, a 16 de Dezembro de 1865 e faleceu na terra natal, no dia 28 de Dezembro de 1918. Foi um importante poeta e jornalista brasileiro, membro fundador da Academia Brasileira de Letras. A sua obra, com especial atenção para a literatura infantil, e o seu exemplo como cidadão, foram dois factores muito importantes no reconhecimento que lhe veio a ser dado pela opinião pública.
Poet'anarquista
Olavo Bilac
Poeta e Jornalista

BIOGRAFIA

O poeta parnasiano Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, nasceu no dia 16 de Janeiro de 1865, no Rio de Janeiro. Estudou Medicina e Direito, mas não concluiu nenhum dos dois cursos. Foi jornalista, funcionário público e inspector escolar. Olavo Bilac foi um autêntico profissional das letras. Além de poemas líricos, escreveu crônicas, livros didáticos, textos publicitários, traduziu e escreveu versos infantis, organizou antologias escolares e deixou fama como autor humorístico. Sob o disfarce de mais de cinquenta pseudónimos, colaborou intensamente na imprensa da época, com textos que fizeram rir ou esbravejar muita gente... Bilac fez campanhas pelo serviço militar obrigatório, pela cultura física, pela instrução primária e outras campanhas cívicas. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, na cadeira 15, cujo patrono é Gonçalves Dias e é autor da letra do Hino à Bandeira e foi eleito “Príncipe dos poetas brasileiros” pelos seus contemporâneos. Foi um dos poetas mais combatidos pelos modernistas. 

Além de parnasiano, a sua obra apresenta tonalidades românticas. A sua poesia amorosa e sensual expressa-se em versos vibrantes, plenos de emoção. Na sua última fase, Olavo Bilac revela-se mais interiorizado, questionando o sentido da vida e do mundo. No livro Alma inquieta, surgem poemas em que predomina o tom meditativo e melancólico, que será a tónica do seu último livro, Tarde, no qual é constante a preocupação com a morte e o sentido da vida. Ficou noivo de Amélia, irmã de Alberto de Oliveira, mas por imposição da família de Amélia, foi obrigado a romper o noivado e ficou solteiro até o fim da vida. Morreu aos 53 anos, no dia 28 de Dezembro de 1918, no Rio de Janeiro. Algumas das suas principais obras foram: Poesia (1888), dividida em “Panóplias”, “Sarças de fogo”, “Via Láctea” e a poesia infantil “Tarde”.
Fonte: Shvoong.com

POESIA DE OLAVO BILAC

O Pássaro Cativo


Armas, num galho de árvore, o alçapão
E, em breve, uma avezinha descuidada,
Batendo as asas cai na escravidão.
Dás-lhe então, por esplêndida morada,
Gaiola dourada;

Dás-lhe alpiste, e água fresca, e ovos e tudo.
Por que é que, tendo tudo, há de ficar
O passarinho mudo,
Arrepiado e triste sem cantar?
É que, criança, os pássaros não falam.

Só gorjeando a sua dor exalam,
Sem que os homens os possam entender;
Se os pássaros falassem,
Talvez os teus ouvidos escutassem
Este cativo pássaro dizer:

"Não quero o teu alpiste!
Gosto mais do alimento que procuro
Na mata livre em que voar me viste;
Tenho água fresca num recanto escuro

Da selva em que nasci;
Da mata entre os verdores,
Tenho frutos e flores
Sem precisar de ti!

Não quero a tua esplêndida gaiola!
Pois nenhuma riqueza me consola,
De haver perdido aquilo que perdi...
Prefiro o ninho humilde construído

De folhas secas, plácido, escondido.
Solta-me ao vento e ao sol!
Com que direito à escravidão me obrigas?
Quero saudar as pombas do arrebol!
Quero, ao cair da tarde,
Entoar minhas tristíssimas cantigas!
Por que me prendes? Solta-me, covarde!
Deus me deu por gaiola a imensidade!
Não me roubes a minha liberdade...
Quero voar! Voar!

Estas cousas o pássaro diria,
Se pudesse falar,
E a tua alma, criança, tremeria,
Vendo tanta aflição,
E a tua mão tremendo lhe abriria
A porta da prisão...



Por estas noites


XVII

Por estas noites frias e brumosas
É que melhor se pode amar, querida!
Nem uma estrela pálida, perdida
Entre a névoa, abre as pálpebras medrosas

Mas um perfume cálido de rosas
Corre a face da terra adormecida ...
E a névoa cresce, e, em grupos repartida,
Enche os ares de sombras vaporosas:

Sombras errantes, corpos nus, ardentes
Carnes lascivas ... um rumor vibrante
De atritos longos e de beijos quentes ...

E os céus se estendem, palpitando, cheios
Da tépida brancura fulgurante
De um turbilhão de braços e de seios.



O Rio


Da mata no seio umbroso,
No verde seio da serra,
Nasce o rio generoso,
Que é a providência da terra.

Nasce humilde; e, pequenino,
Foge ao sol abrasador;
É um fio dágua, tão fino,
Que desliza sem rumor.

Entre as pedras se insinua,
Ganha corpo, abre caminho,
Já canta, já tumultua,
Num alegre borburinho.

Agora ao sol, que o prateia,
Todo se entrega, a sorrir;
Avança, as rochas ladeia,
Some-se, torna a surgir.

Recebe outras águas, desce
As encostas de uma em uma,
Engrossa as vagas, e cresce,
Galga os penedos, e espuma.

Agora, indômito e ousado,
Transpõe furnas e grotões,
Vence abismos, despenhado
Em saltos e cachoeirões.

E corre, galopa, cheio
De força; de vaga em vaga,
Chega ao vale, alarga o seio,
Cava a terra, o campo alaga . . .

Expande-se, abre-se, ingente,
Por cem léguas, a cantar,
Até que cai finalmente,
No seio vasto do mar . . .

Mas na triunfal majestade
Dessa marcha vitoriosa,
Quanto amor, quanta bondade
Na sua alma generosa!

A cada passo que dava
O nobre rio, feliz
Mais uma árvore criava,
Dando vida a uma raiz.

Quantas dádivas e quantas
Esmolas pelos caminhos!
Matava a sede das plantas
E a sede dos passarinhos . . .

Fonte de força e fartura,
Foi bem, foi saúde e pão:
Dava às cidades frescura,
Fecundidade ao sertão . . .

E um nobre exemplo sadio
Nas suas águas se encerra;
Devemos ser como o rio,
Que é a providência da terra:

Bendito aquele que é forte,
E desconhece o rancor,
E, em vez de servir a morte,
Ama a vida, e serve o Amor!


Olavo Bilac

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

MARLENE DIETRICH

Nasceu no dia 27 de Dezembro de 1901 a actriz e cantora alemã Marie Magdelene Dietrich von Losch, que acabou por se naturalizar cidadã norte-americana. Hitler ainda a convidou para participar em filmes pró-nazistas, mas Marlene Dietrich recusou. Foi acusada pelo ditador de traidora e desrespeitosa para com a nação alemã, o que a levou a pedir nacionalidade americana. Dietrich actuava, mas sómente para distrair e aliviar a dor dos soldados aliados. Depois de terminada a segunda grande guerra foi condecorada e a partir desse momento revelou-se o outro dom de Marlene: a voz maravilhosa de Dietrich!
Poet'anarquista
Marlene Dietrich
Actriz e Cantora Alemã

VIDA E CARREIRA
Marlene Dietrich (nome artístico de Marie Magdelene Dietrich von Losch; Berlin-Schöneberg, 27 de Dezembro de 1901 —Paris, França, 6 de Maio de 1992) foi uma actriz e cantora alemã, naturalizada estadunidense.
Dietrich nasceu Marie Magdalene Dietrich em 27 de dezembro de 1901 em Schöneberg, um distrito de Berlim, Alemanha. Ela era a mais nova das duas filhas (a irmã Elisabeth era um ano mais velha) de Louis Erich Otto Dietrich e Wilhelmina Elisabeth Josephine Dietrich. A mãe de Dietrich era de uma família abastada de Berlim que tinha uma fábrica de relógios e o seu pai era um tenente da polícia. Veio a morrer em 1911. O seu melhor amigo, Eduard von Losch, um aristocrata primeiro tenente dos Granadeiros cortejou Wilhelmina e mais tarde casou-se com ela em 1916, mas morreu logo depois, como resultado de ferimentos sofridos durante a Primeira Guerra Mundial.
Dietrich fez escola de artes cénicas e participou de filmes mudos até 1930. Em 1921, casou-se com um ajudante de diretor chamado Rudolf Sieber, e teve uma única filha, Maria, nascida em 1924.
Estreou no teatro aos vinte e três anos de idade, fazendo cinco anos de carreira apagada até ser descoberta pelo director austríaco Josef von Sternberg, que a convidou para protagonizar o filme Der Blaue Engel (1930), lançado no Brasil como O Anjo Azul, e baseado no romance de Heinrich Mann, Professor Unrat. Foi o primeiro dos sete filmes nos quais Marlene Dietrich e o director Josef von Sternberg trabalharam juntos. Os demais foram Marrocos (1930), Desonrada (1931), O Expresso de Shangai(1932), A Vênus Loira (1932), A Imperatriz Galante (1934) e Mulher Satânica (1935). Depois de trabalhar com von Sternberg, ela foi foi para Hollywood, onde trabalhou em filmes mais profundos e mais marcantes.
Foi convidada por Hitler para protagonizar filmes pró-nazistas, mas recusou o convite e se tornou-se cidadã estadunidense, o que Hitler tomou como um desrespeito para a pátria alemã, e chamou Dietrich de traidora.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Marlene foi ao encontro das tropas aliadas, onde cantava para divertir e aliviar a dor dos soldados. Condecorada com medalha após a guerra, Marlene descobriu um dom que poderia explorar: a sua voz. Assim começou a cantar além de actuar. A partir de 1951, começa a  apresentar-se em espectáculos em Las Vegas, no Sahara Hotel.
Em 1961 Marlene protagonizou um filme que quebraria barreiras e chocaria o mundo com um assunto que ainda assustava. O filme era Julgamento em Nuremberg, que tratava do holocausto, do nazismo, e do tumultuado julgamento que condenou os grandes líderes nazistas.
Em digressões mundiais, visitou inúmeros países, porém voltou para a sua pátria, a Alemanha, apenas em 1962, e a sua volta não agradou a todos, pois os nazistas remanescentes chamaram-na de traidora em pleno aeroporto. Marlene tinha em Berlim uma de suas melhores amigas, a também talentosa cantora e actriz Hildegard Knef.
Em 1978, Marlene protagonizou o seu último filme, Apenas um Gigolô, onde contracenou com David Bowie. Porém, nesse meio tempo, fez várias participações em rádio e programas de televisão. Finalmente, escondeu-se no seu apartamento em Paris, onde morreu aos noventa anos de idade, de causas naturais. Porém, existem comentários de que Marlene se matou com calmantes, pois não suportava o facto de envelhecer. Outras fontes dizem que ela tinha doença de Alzheimer e, por isso, matou-se, mas não existe nada que comprove essas informações.
Em 2001 foi realizado um filme biográfico sobre a diva, dirigido pelo seu neto e com comentários de várias pessoas que conviveram com Dietrich, como a sua filha Maria Riva, o seu sobrinho, Hildegard Knef, Burt Bacharach, o filho de von Sternberg, entre outros.
Maria Riva escreveu um livro sobre a sua mãe, no qual a declarava uma pessoa fria e autoritária.
Foi a primeira mulher a usar calças publicamente, nos anos 1920.
PRÉMIOS E INDICAÇÕES
Marlene foi indicada para Oscar de 1931, na categoria de melhor atriz, pela actuação em Marrocos.
Em 1958 foi indicada ao Globo de Ouro, na categoria de melhor atriz de cinema - drama, por Testemunha de Acusação (1957). No mesmo ano recebeu o Golden Laurel, como segunda colocada na categoria de melhor atriz por Testemunha de Acusação.
Fonte: Wikipédia
LA VIE EN ROSE

MARLENE DIETRICH

«Marlene Dietrich»
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A VIDA EM COR-DE-ROSA

Os olhos que me fazem desviar o olhar
Um riso que se perde em sua boca
Ai está o retrato sem retoque
Do homem a quem eu pertenço

Quando ele me toma em seus braços
Ele me fala baixinho
Eu vejo a vida em cor-de-rosa
Ele me diz palavras de amor
Palavras de todos os dias
E isso mexe comigo

Ele entrou no meu coração
Um pouco de felicidade
Da qual eu conheço a causa

É ele por mim
Eu por ele
Na vida
Ele me disse, jurou
Pela vida

E assim que eu o vejo
Imediatamente sinto em mim
Meu coração que bate

Noites de amor que não acabam mais
Uma grande alegria que toma seu lugar
Os aborrecimentos e as tristezas desaparecem
Feliz, feliz até morrer

Quando ele me toma em seus braços
Ele me fala baixinho
Eu vejo a vida em cor-de-rosa
Ele me diz palavras de amor
Palavras de todos os dias
E isso mexe comigo

Ele entrou no meu coração
Um pouco de felicidade
Da qual eu conheço a causa

É você por mim
Eu por você
Na vida
Ele me disse, jurou
Pela vida

E assim que eu o vejo
Imediatamente sinto em mim
Meu coração que bate

Marlene Dietrich

HISTÓRIAS DESTE DIA

Aconteceu a 27 de Dezembro...

sábado, 25 de dezembro de 2010

CARTOON versus QUADRAS

"O Natal e os Portugueses"
HenriCartoon

O NATAL E OS PORTUGUESES

Pai Natal:
Próxima paragem é Portugal    
Onde reina o desgoverno,
Vou dar uma prenda especial
Pra suportarem esse Inferno!


Portugueses:
Mas que boa ideia Pai Natal
Eu quero um topo de gama,
Um BMW bem especial...
Quem não chora, não mama!

Eu quero dois meses de férias
Lá nas ilhas das Seicheles,
Tudo pago com divisas sérias…
Pra bem longe deste país reles!

Então eu peço um cruzeiro
Que deia a volta ao mundo,
Nadar em muito dinheiro...
Se é pra pedir, peço tudo!

Para mim um duplex T5
Com vista para o Tejo,
Aos  pedidos não brinco…
Quero um rico lugarejo!

Um iatezinho vinha a calhar,
Espero poder ser atendido…
Depressa me fazia ao mar
Com este singelo pedido!


Pai Natal:
Chiça!... Vou zarpar deste lugar,
Não faço mais este roteiro…
Tanto pobre a querer mamar
E eu sem trocos no mealheiro!

POETA

CHARLIE CHAPLIN

No dia 25 de Dezembro de 1977 a sétima arte estava de luto. Falecia um dos actores mais importantes e famosos da chamada "Era de Ouro" do cinema norte-americano, Charles Spencer Chaplin Jr., conhecido no meio artístico por Charlie Chaplin. Para a história do cinema ficaram célebres os filmes mudos, onde gestos e expressões substituíram na perfeição as palavras que não foram ditas. Foi sem dúvida um dos maiores exemplos de solidariedade no cinema, quer realizando ou actuando, tendo sempre a preocupação de dar prazer e aliviar os mais frágeis e desfavorecidos da sociedade. Com ele vos deixo...
Poet'anarquista
Charlie Chaplin
Actor e Realizador

BREVE BIOGRAFIA
Sir Charles Spencer Chaplin Jr., (Londres, 16 de Abril de 1889 — Corsier-sur-Vevey , 25 de Dezembro de 1977), mais conhecido como Charlie Chaplin, foi um actor, director, produtor, dançarino, roteirista e músico britânico. Chaplin foi um dos actores mais famosos do período conhecido como Era de Ouro do cinema dos Estados Unidos.
Além de actuar, Chaplin dirigiu, escreveu, produziu e eventualmente compôs a trilha sonora de seus próprios filmes, tornando-se uma das personalidades mais criativas e influentes da era do cinema mudo. Chaplin foi fortemente influenciado por um antecessor, o comediante francês Max Linder, a quem ele dedicou um dos seus filmes. A sua carreira no ramo do entretenimento durou mais de 75 anos, desde as suas primeiras actuações quando ainda era criança nos teatros do Reino Unido durante a Era Vitoriana, quase até à sua morte aos 88 anos de idade. A sua vida pública e privada abrangia adulação e controvérsia. Juntamente com Mary Pickford, Douglas Fairbanks e D. W. Griffith, Chaplin co-fundou a United Artists em 1919.
Em 2008, numa resenha do livro Chaplin: A Life, Martin Sieff escreve: "Chaplin não foi apenas 'grande', ele foi gigantesco. Em 1915 estoirou um mundo dilacerado pela guerra trazendo o dom da comédia, risos e alívio enquanto ele próprio estava se dividindo ao meio pela Primeira Guerra Mundial. Durante os próximos 25 anos, através da Grande Depressão e da ascensão de Hitler, permaneceu no emprego. Ele foi maior do que qualquer um. É duvidoso que algum outro indivíduo tenha dado mais entretenimento, prazer e alívio para tantos seres humanos quando eles mais precisavam."
Pela sua inigualável contribuição ao desenvolvimento da sétima arte, Chaplin é o mais homenageado cineasta de todos os tempos, sendo ainda em vida condecorado pelos governos britânico (Cavaleiro do Império Britânico) e francês (Légion d 'Honneur), pela Universidade de Oxford (Doutor Honoris Causa) e pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos (Oscar especial pelo conjunto da obra, em 1972).
O seu principal e mais conhecido personagem é conhecido como Charlot, na França e no mundo francófono, na Itália, Espanha, Portugal,Grécia, Romênia e Turquia, e como Carlitos ou também "O Vagabundo" (The Tramp) no Brasil, um andarilho pobretão que possui todas as maneiras refinadas e a dignidade de um cavalheiro (gentleman), usando um fraque preto esgarçado, calças e sapatos desgastados e mais largos que o seu número, um chapéu-coco ou cartola, uma bengala de bambu e - a sua marca pessoal - um pequeno bigode-de-broxa.
Chaplin foi uma das personalidades mais criativas que atravessou a era do cinema mudo; actuou, dirigiu, escreveu, produziu e financiou os seus próprios filmes. Foi também um talentoso jogador de xadrez e chegou a enfrentar o campeão estadunidense Samuel Reshevsky.
Fonte: Wikipédia
"The Kid"
Charlie Chaplin

"THE KID"
CHARLIE CHAPLIN