sexta-feira, 30 de novembro de 2012

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

YANN TIERSEN - «Monochrome»

Poet'anarquista


MONOCHROME

Bem, eu posso tentar
Qualquer coisa, é o mesmo ciclo
Que leva a nada e eu estou cansado

Bem, eu perdi meu rosto
Minha dignidade, minha aparência
Tudo se foi
Eu estou cansado

Mas não se assuste
Eu arranjei um bom emprego e vou ao trabalho
Todo dia na minha velha bicicleta que você amava

Eu estou empilhando alguns livros velhos de baixo da minha cama
E eu realmente acho que não os lerei mais

Sem concentração
Somente uma bagunça branca
Em volta de mim
Você sabe eu estou tão cansado

Mas não se preocupe
Eu ainda vou a restaurantes e festas
Com alguns velhos amigos que se preocupam comigo
Me levam de volta pra casa e ficam lá

Piso monocromático, paredes monocromáticas
Somente ausência perto de mim
Nada além de silêncio ao meu redor
Apartamento monocromático, vida monocromática
Somente ausência perto de mim
Nada além de silêncio ao meu redor

De vez em quando eu procuro por um evento
Ou alguma coisa para lembrar
Mas eu realmente não tenho nada em mente

De vez em quando eu abro a janela
E ouço as pessoas andando na rua lá em baixo
Existe vida lá fora

Mas não se assuste
Eu arranjei um bom emprego e vou ao trabalho
Todo dia na minha velha bicicleta que você amava

Bem, eu posso tentar
Qualquer coisa, é o mesmo ciclo
Que leva a nada e eu estou cansado

Bem, eu perdi meu rosto
Minha dignidade, minha aparência
Tudo se foi
Eu estou cansado

Mas não se preocupe
Eu ainda vou a restaurantes e festas
Com alguns velhos amigos que se preocupam comigo
Me levam de volta pra casa e ficam lá

Piso monocromático, paredes monocromáticas
Somente ausência perto de mim
Nada além de silêncio ao meu redor

Apartamento monocromático, vida monocromática
Somente ausência perto de mim
Nada além de silêncio ao meu redor

Yann Tiersen

CARTOON versus QUADRA

Diabo à Solta
HenriCartoon

«DIABO À SOLTA»

Foge Zé, hoje não haverá bonecada…
O desastroso Orçamento de Estado
Prepara-se pra engolir  a rapaziada…
Como costume, o povo é triturado!

OE 2013, o diabo anda à solta
E o país não sai da cepa torta!!

POETA

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

ESPECIAL MÚSICAS DO MUNDO

E a música especial de hoje é...
(29 de Novembro de 1924, morre o compositor italiano Giacomo Puccini)

GIACOMO PUCCINI -«Musettas Waltz»

Poet'anarquista

CARTOON versus QUADRAS

Restauração de Rastos
HenriCartoon

«RESTAURAÇÃO DE RASTOS»

Devo enfatizar (paciência anormal...)
A minha total oposição aos críticos
Da venenosa cozinha orçamental…
Provem a ementa, não sejam cínicos!

Apresento com requinte novas delícias:
As minhas criteriosas papilas gustativas,
Umas malaguetas contra as várias azias
E sobremesas picantes mui agressivas!!

POETA

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...
(29 de Novembro de 2001, morre o guitarrista britânico George Harrison)

GEORGE HARRISON - «Bangladesh»

Poet'anarquista


BANGLADESH

Meu amigo veio até mim, com tristeza em seus olhos
Disse-me que queria ajudar
Antes que seu país morresse

Embora eu não pudesse sentir a dor, eu sabia que tinha de tentar
Agora estou falando a todos vocês
Para ajudar-nos a salvar algumas vidas

Bangla Desh, Bangla Desh
Onde tantas pessoas estão morrendo rápido
E claro que isso parece com uma desordem
Eu nunca vi tal angústia
Agora por que você não empresta a sua mão e tenta entender?
Alivie as pessoas de Bangla Desh

Bangla Desh, Bangla Desh
Como um grande desastre - Eu não entendo
Mas é claro que isso parece uma desordem
Eu nunca soube de tal angústia
Agora por favor, não se desvie, eu quero ouvir você dizer
Alivie o povo de Bangla Desh
Alivie Bangla Desh

Bangla Desh, Bangla Desh
Agora isso pode parecer muito longe de onde nós todos estamos
É algo que não podemos negligenciar
É algo que não posso negligenciar
Agora por que você não dá algum pão para conseguir matar a fome
Nós temos de aliviar Bangla Desh
Aliviar o povo de Bangla Desh
Nós temos de aliviar Bangla Desh
Aliviar o povo de Bangla Desh

George Harrison

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

THE GATHERING - «You Learn About It»

Poet'anarquista


VOCÊ APRENDE SOBRE ISSO

Agora que passamos
pelo inferno com você
Nós não nos importamos
apenas damos um suspiro.

Nós mal sabíamos
o que você era capaz
de fazer.
Mas por que você não tenta?

Oh, você aprende sobre isso
Oh, você colhe (até não aguentar mais)
Tudo o que te corrói por dentro
Tudo o que te corrói por dentro

Nós mal sabíamos
o que você era capaz
de fazer.
Mas por que você não tenta?

Oh, você aprende sobre isso
Oh, você colhe (até não aguentar mais)
Tudo o que te corrói por dentro
Tudo o que te corrói por dentro

Não pode aguentar mais

Oh, você aprende sobre isso
Oh, você colhe (até não aguentar mais)
Tudo o que te corrói por dentro
Tudo o que te corrói por dentro

Não pode aguentar mais

The Gathering

CURIOSIDADE

No dia 28 de Novembro de 1988, a pintura «Arlequim e o Acrobata», de Pablo Picasso, é vendida pela londrina Christie's pelo preço recorde de 20,9 milhões de libras (cerca de 27,5 milhões de euros). Nenhuma outra pintura atingiria ou ultrapassaria este valor astronómico, tornando-se assim a mais valiosa peça de arte do género no séc. XX.
Poet'anarquista
«Arlequim e o Acrobata»
Pablo Picasso

terça-feira, 27 de novembro de 2012

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

THE CLASH - «Rock The Casbah»

Poet'anarquista

CARTOON versus QUADRA

O Presépio 2º Bento XVI
HenriCartoon

«O PRESÉPIO 2º BENTO XVI»

Xô!... xôoo!... fora daqui seus animais!...
Espera-vos a pátria do grande Camões
Onde há falta de vacas para os mamões
E burros na assessoria aos irracionais!!

POETA

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

CARTOON versus QUADRAS

O Malabarista
HenriCartoon

«O MALABARISTA»

Para gerir a falta de popularidade
Há que saber remar contra a maré,
Ser malabarista e ter velocidade…
O melhor é dar o fora daqui, não é?

Mas quem foi que teve a veleidade
De afirmar poder bem com os Zés,
E pouco seguro da sua alarvidade
Foge agora do povo a sete pés??

POETA

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...
(Escolha musical da blogosfera)

AMÁLIA RODRIGUES - «Grito»

Poet'anarquista

GRITO

Silêncio!
Do silêncio faço um grito
O corpo todo me dói
Deixai-me chorar um pouco.

De sombra a sombra
Há um Céu...tão recolhido...
De sombra a sombra
Já lhe perdi o sentido.

Ao céu!
Aqui me falta a luz
Aqui me falta uma estrela
Chora-se mais
Quando se vive atrás dela.

E eu,
A quem o céu esqueceu
Sou a que o mundo perdeu
Só choro agora
Que quem morre já não chora.

Solidão!
Que nem mesmo essa é inteira...
Há sempre uma companheira
Uma profunda amargura.

Ai, solidão
Quem fora escorpião
Ai! solidão
E se mordera a cabeça!

Adeus
Já fui para além da vida
Do que já fui tenho sede
Sou sombra triste
Encostada a uma parede.

Adeus,
Vida que tanto duras
Vem morte que tanto tardas
Ai, como dói
A solidão quase loucura.

Amália Rodrigues

domingo, 25 de novembro de 2012

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

THE RUNAWAYS - «Born To Be Bad»

Poet'anarquista


NASCIDO PRA SER RUIM

Corpos sem mentes
Ouço dizer que você é aquele com o coração sangrando,
doce e amargo
Você rasga meus sonhos distantes.

Porque eu nasci pra ser ruim
Eu não estou triste
Mas estou feliz que eu fiz
Nascido para ser ruim
Eu não estou triste porque você não chega com tudo isso

A maldição de não chorar
Gritar quando forem traídos
Órgãos, eles gritam
Como o velhote, quando morre.

Liguei para minha mãe de Hollywood outro dia
e eu disse "Mãe, eu apenas liguei para dizer que eu
entrei numa banda de rock e eu não irei mais voltar para casa "
Você sabe o que ela disse?
Ela começou a chorar e soluçar como todas mães fazem
Ela acordou meu pai e contou isso a ele e ele disse:
"Não há droga nenhuma que nós possamos fazer, esse é o jeito que ela é,
Ela nasceu para ser má"

Eu quero que você me traga as suas orelhas
Para satisfazer meus loucos desejos
E se ele morder poeira
Nós apenas teremos que sentir saudade do meu fogo

The Runaways

sábado, 24 de novembro de 2012

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...
(24 de Novembro de 1991, morre o cantor britânico Freddie Mercury)

FREDDIE MERCURY - «Foolin' Around»

Poet'anarquista


ENGANANDO AO REDOR

Você é tão bonita, que você acabou de colocar-se em mim
Senhora Raposa, você realmente é o maior show na cidade
Você quer jogar...

Quer comer seu bolo e tem seu jeito
Tem mais fácil e você não dá a mínima
Brincando, você continua brincando comigo.
Descendo a rua, as pessoas assistindo de perto
Uma provocação, você pode transformar-se em qualquer homem que quiser
Você mascarada...

Você é a captura da temporada toda noite e dia
Você, você, você não tem tempo para mim
Você só fica brincando comigo
Brincando - onde quer que eu vá, você é o única, 
Só que, única mulher sexy...

Brincar, tudo que você faz é manter-me por perto
Você é realmente tão difícil de agradar
Você tem que realmente ver que, querida!
Você só, você só, brincando comigo
Você só, você só, brincando comigo
Você continua enganando, você continua enganando
Enganando ...

Quer jogar, mas você sempre quer tudo do seu próprio jeito
Você tem isso fácil, mas você não dá a mínima
Brincando, você continua brincando comigo
Basta manter a brincar comigo, sim
Eu sou um tolo, tolo, tolo, tolo por você, querida
Continue brincando

Eu sou um tolo, tolo, tolo, tolo para você  menina sexy,
Continue brincando

Eu sou um tolo, tolo, tolo, tolo por você, querida
Continue brincando

Freddie Mercury

SETE POEMAS DE CRUZ E SOUSA

O enorme poeta brasileiro João da Cruz e Sousa, também conhecido como Dante Negro ou Cisne Negro, foi um dos mais importantes percursores do simbolismo no Brasil. Nasceu em Nossa Senhora do Desterro, estado de Florianópolis, a 24 de Novembro de 1861 e já aqui- «POESIA BRASILEIRA» se publicou vida e obra em análise deste autor brasileiro do séc. XIX. Hoje para leitura poética, sete poemas pela mão do poeta Cruz e Sousa... Viva a Poesia!
Poet'anarquista
Cruz e Sousa
Poeta Brasileiro

«DESPERTAR DA ALMA»

Nada há que me domine e que me vença 
Quando a minha alma mudamente acorda... 
Ela rebenta em flor, ela transborda 
Nos alvoroços da emoção imensa.

Cruz e Sousa

ACROBATA DA DOR 

Gargalha, ri, num riso de tormenta, 
como um palhaço, que desengonçado, 
nervoso, ri, num riso absurdo, inflado 
de uma ironia e de uma dor violenta. 

Da gargalhada atroz, sanguinolenta, 
agita os guizos, e convulsionado 
salta, gavroche, salta clone, varado 
pelo estertor dessa agonia lenta ... 

Pedem-se bis e um bis não se despreza! 
Vamos! retesa os músculos, retesa 
nessas macabras piruetas d'aço... 

E embora caias sobre o chão, fremente, 
afogado em teu sangue estuoso e quente, 
ri! Coração, tristíssimo palhaço.

Cruz e Sousa

O HORROR DOS VIVOS

Ao menos junto dos mortos pode a gente 
Crer e esperar n'alguma suavidade: 
Crer no doce consolo da saudade 
E esperar do descanso eternamente. 

Junto aos mortos, por certo, a fé ardente 
Não perde a sua viva claridade; 
Cantam as aves do céu na intimidade 
Do coração o mais indiferente. 

Os mortos dão-nos paz imensa à vida, 
Não a lembrança vaga, indefinida 
Dos seus feitos gentis, nobres, altivos. 

Nas lutas vãs do tenebroso mundo 
Os mortos são ainda o bem profundo 
Que nos faz esquecer o horror dos vivos.

Cruz e Sousa

«TODA A ALMA»

Ah! Toda a Alma num cárcere anda presa, 
soluçando nas trevas, entre as grades 
do calabouço olhando imensidades, 
mares, estrelas, tardes, natureza.

Tudo se veste de uma igual grandeza 
quando a alma entre grilhões as liberdades
sonha e sonhando, as imortalidades 
rasga no etéreo Espaço da Pureza.

Ó almas presas, mudas e fechadas 
nas prisões colossais e abandonadas, 
da Dor no calabouço, atroz, funéreo!

Nesses silêncios solitários, graves,
que chaveiro do Céu possui as chaves 
para abrir-vos as portas do Mistério?!

Cruz e Sousa

DILACERAÇÕES

Ó carnes que eu amei sangrentamente, 
ó volúpias letais e dolorosas, 
essências de heliotropos e de rosas 
de essência morna, tropical, dolente... 

Carnes, virgens e tépidas do Oriente 
do Sonho e das Estrelas fabulosas, 
carnes acerbas e maravilhosas, 
tentadoras do sol intensamente... 

Passai, dilaceradas pelos zelos, 
através dos profundos pesadelos 
que me apunhalam de mortais horrores... 

Passai, passai, desfeitas em tormentos, 
em lágrimas, em prantos, em lamentos 
em ais, em luto, em convulsões, em dores...

Cruz e Sousa

CABELOS 

Cabelos! Quantas sensações ao vê-los! 
Cabelos negros, do esplendor sombrio, 
por onde corre o fluido vago e frio 
dos brumosos e longos pesadelos... 

Sonhos, mistérios, ansiedades, zelos, 
tudo que lembra as convulsões de um rio 
passa na noite cálida, no estio 
da noite tropical dos teus cabelos. 

Passa através dos teus cabelos quentes, 
pela chama dos beijos inclementes, 
das dolências fatais, da nostalgia... 

Auréola negra, majestosa, ondeada, 
alma de treva, densa e perfumada, 
lânguida noite da melancolia!

Cruz e Sousa

O ASSINALADO

Tu és o louco da imortal loucura;
O louco da loucura mais suprema.
A terra é sempre a tua negra algema,
Prende-te nela a extrema desventura.

Mas essa mesma algema de amargura,
Mas essa mesma desventura extrema;
Faz que tu'alma suplicando gema
E rebente em estrelas de ternura.

Tu és o poeta, o grande assinalado;
Que povoas o mundo despovoado
De belezas eternas, pouco a pouco.

Na natureza prodigiosa e rica,
Toda a audácia dos nervos justifica,
Os teus espasmos imortais de louco.

Cruz e Sousa

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

CARTOON versus QUADRA

O Poiso de Cavaco
HenriCartoon

«O POISO DE CAVACO»

Senhodes jodnalistas, se pedguntadem pod mim
Digam que fui dad uma volta ao bilhad gdande;
Melhod, ignodem que o Pdesidente esteve aqui...
Ninguém me viu!?... mas afinal, eu estive aonde??

Tradutor...

Senhores jornalistas, se perguntarem por mim
Digam que fui dar uma volta ao bilhar grande;
Melhor, ignorem que o Presidente esteve aqui...
Ninguém me viu!?... mas afinal, eu estive aonde??

POETA

DOIS POEMAS DE HERBERTO HELDER

O poeta português Herberto Helder, conhecido pela sua poesia experimental como poeta visionário e que de certa forma faz lembrar Ezra Pound, cumpre hoje as suas oitenta e duas primaveras. Herberto Helder nasceu no Funchal, a 23 de Novembro de 1930 e já aqui em- «POESIA - HERBERTO HELDER» o recordámos na publicação de 23 de Novembro de 2011. Deixo-vos com os poemas «Corpo do Corpo» e «Aos Amigos», e como é habitual nesta rubrica... Viva a poesia pela mão do poeta Herberto Helder!
Poet'anarquista
«Retrato de Herberto Helder»
Por Frederico Penteado

CORPO DO CORPO

Mexo a boca, mexo os dedos, mexo
a ideia da experiência.
Não mexo no arrependimento.
Pois o corpo é interno e eterno
do seu corpo.
Não tenho inocência, mas o dom
de toda uma inocência.
E lentidão ou harmonia.
Poesia sem perdão ou esquecimento.
Idade de poesia.

Herberto Helder

AOS AMIGOS

Amo devagar os amigos que são tristes
com cinco dedos de cada lado.
Os amigos que enlouquecem
e estão sentados,
fechando os olhos,
com os livros atrás a arder
para toda a eternidade.

Não os chamo,
e eles voltam-se profundamente
dentro do fogo.
- Temos um talento doloroso e obscuro.
Construímos um lugar de silêncio.
De Paixão.

Herberto Helder

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

AMY WINEHOUSE - «Back to Black»

Poet'anarquista


VOLTA PARA O LUTO

Ele não deixou tempo para se lamentar
Manteve seu pênis húmido com a sua velha e segura aposta
Eu e minha cabeça 'chapada'
E minhas lágrimas secas, continuamos sem você
Você voltou para o que você sabia
Saindo totalmente de tudo pelo que nós passamos
E eu trilho um caminho conturbado
Minhas chances estão empilhadas, eu voltarei para o luto

Nós apenas dissemos adeus com palavras
Eu morri uma centena de vezes
Você volta pra ela
E eu volto para
Eu volto para nós

Eu te amo tanto
Isso não é suficiente, você ama cheirar e eu amo dar um trago
E a vida é como um cano
E eu sou um minúsculo centavo rolando paredes adentro

Nós apenas dissemos adeus com palavras
Eu morri uma centena de vezes
Você volta pra ela
E eu volto para
Nós apenas dissemos adeus com palavras
Eu morri uma centena de vezes
Você volta pra ela
E eu volto para

Luto, luto, luto, luto
Luto, luto, luto...
Eu volto para
Eu volto para

Nós apenas dissemos adeus com palavras
Eu morri uma centena de vezes
Você volta pra ela
E eu volto para
Nós apenas dissemos adeus com palavras
Eu morri uma centena de vezes
Você volta pra ela
E eu volto para o luto

Amy Winehouse

PINTURA - OROZCO

O pintor, muralista e litógrafo mexicano José Clemente Orozco, nasceu a 23 de Novembro de 1883, em Zapotlán, actual cidade Guzmán, estado de Jalisco. O seu trabalho inicial consistiu em litografias sobre a vida indígena, vindo mais tarde a interessar-se por pintura mural onde alcançou o domínio completo da técnica de pintura muralista. Orozco faleceu na Cidade do México, a 7 de Setembro de 1949.
Poet’anarquista
José Clemente Orozco
Pintor Mexicano

«Auto-Retrato»
Orozco
SOBRE O ARTISTA…

Pintor muralista mexicano, ajudou a recuperar o design, arte e temas da pintura ao ar livre.  Considerado um dos muralistas mais importantes da época da Renascença, Orozco nasceu em Zapotlán, Jalisco, em 22 de novembro de 1883. Aos 7 anos mudou-se para a Cidade do México, onde completou os seus estudos na Escola Nacional Preparatória e na Escola Nacional de Belas Artes. 

Conheceu a oficina do gravador José Guadalupe Posada, que o impressionou e cuja influência iria marcar toda a sua obra. Em 1922 juntou-se a Diego Rivera e David Alfaro Siqueiros na união de pintores e escultores, que procuravam recuperar a arte da pintura mural, sob o patrocínio do governo mexicano. Uma das suas obras mais antigas e mais importantes foi a série de murais que fez para a Escola Nacional Preparatória sobre a conquista, colonização e a Revolução Mexicana. 

Entre 1927 e 1934, trabalhou nos Estados Unidos. Pintou um grupo de murais para New School for Social Research, em Nova York e no Pomona College, na Califórnia pintou um mural com o tema do herói grego Prometeu.  Os seus murais para a Biblioteca Baker no Dartmouth College (1932-1934), onde encenou a história americana com a série A chegada de Quetzalcoatl, O Retorno do Quetzalcoatl e Homem Industrial Moderno. 

Voltando ao seu país fez grandes murais no Palácio de Belas Artes (1934) ou o Supremo Tribunal (1941) na Cidade do México, e várias séries em instituições importantes da cidade de Guadalajara, como o Palácio do Governo , a Universidade ou o Hospicio Cabañas. 

Na década de 1940 pintou algumas telas caracterizadas por linhas diagonais e cinza já que usava para os seus murais. Nos últimos anos, o seu estilo foi simplificado, principalmente buscando um expressionismo mais dramático e mais violento. 

Orozco morreu na Cidade do México em 7 de setembro de 1949. Foi enterrado na Rotunda dos Homens Ilustres, honra que pela primeira vez teve lugar no México para um pintor.
Fonte: epdlp.com/pintor
«Alegoria da Ciência, Labor e Arte»
Orozco

«As Pessoas Ricas»
Orozco

«A Trincheira»
 Orozco

«Marcha Zapatista»
Orozco

«Martírio de S. Esteban»
Orozco

«Tempos Violentos»
Orozco

«Crânio com Penas»
Orozco

PINTURA MURALISTA

JOSÉ CLEMENTE OROZCO

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

SHILA - «Chula»

Poet'anarquista


CHULA


Ai que linda troca de olhos, ai que linda troca de olhos
Fizeram-me agora ali, fizeram-me agora ali
Trocaram-se os olhos pretos, trocaram-se os olhos pretos
Por uns outros que eu bem vi, por uns outros que eu bem vi

Pra melhor está bem, está bem, para pior já basta assim
Pra melhor está bem, está bem, para pior já basta assim

Tenho a chula no meu corpo, tenho a chula no meu corpo
Tenho o vira nos meus braços, tenho o vira nos meus braços
Quando eu trabalhar por gosto, quando eu trabalhar por gosto
Nem vou saber de cansaços, nem vou saber de cansaços

Pra melhor está bem, está bem, para pior já basta assim
Pra melhor está bem, está bem, para pior já basta assim

Meu amor não me falou, meu amor não me falou
Fez-me linda companhia, fez-me linda companhia
Ai às quatro é de noite, ai às quatro é de noite
E às cinco é de dia, e às cinco é de dia

Pra melhor está bem, está bem, para pior já basta assim
Pra melhor está bem, está bem, para pior já basta assim

Dizem que é da justiça, dizem que é da justiça,
De dar o seu ao seu dono, de dar o seu ao seu dono
Mas porque entregar terras, mas porque entregar terras
A quem as deixa ao abandono, a quem as deixa ao abandono

Pra melhor está bem, está bem, para pior já basta assim
Pra melhor está bem, está bem, para pior já basta assim

Dizes que gostas de mim, dizes que gostas de mim
O teu gosto é só um engano, o teu gosto é só um engano
Tu cortas na minha vida, tu cortas na minha vida
Como a tesoura no pano, como a tesoura no pano

Pra melhor está bem, está bem, para pior já basta assim
Pra melhor está bem, está bem, para pior já basta assim

Não tenho cama nem casa, não tenho cama nem casa
Ando por quatro caminhos, ando por quatro caminhos
Dois que cheiram mal se vêm, dois que cheiram mal se vêm
Outros dois com mais cheirinho, outros dois com mais cheirinho

Pra melhor está bem, está bem, para pior já basta assim
Pra melhor está bem, está bem, para pior já basta assim

Shila 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

CARTOON versus QUADRA

Ventos de Mudança
HenriCartoon

«VENTOS DE MUDANÇA»

A única consolação que eu tenho depois disto
É que pior do que isto penso que não vai ficar…?

Legítimo que penses Zé, mas daí a acreditar
Que pior não vai ficar… valha-te Jesus Cristo!

POETA

CARTOON versus QUADRAS

O Bom Caminho
HenriCartoon

«O BOM CAMINHO»

Senhor primeiro-ministro Passos Fedelho,
De certeza que o caminho certo é por aqui ?...
Não estou a ver um palmo à frente do nariz,
Mas vou aceitar como bom o seu conselho.

Em frente Zé, a TROIKA manda seguir por aí…
Habitua-te à escuridão e não faças barulho,
A queda no buraco negro está por um triz…
Confia homem, vai ser grande o mergulho!

F%d@-$e!... c@r@l#o!... acabo de encalhar
Num enorme buracão e não chego à borda…

Tem calma Zé, já tenho preparada a corda
Pra num último esforço te poder enforcar!

POETA

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

THE STROKES - «The Modern Age»

Poet'anarquista


A IDADE MODERNA

No alto de um morro é onde começamos
Esta historinha há muito tempo
Pare de fingir, pare de ficar fingindo
Parece que esse jogo não vai acabar nunca
Oh, estou no sol, me divertindo
Isso está no meu sangue
Não posso fazer nada
Não quero você aqui agora
Deixe-me ir embora, oh, deixe-me ir embora

Indo embora na hora certa
Fiquei lá por um tempo
Rolando no oceano
Tentando me mostrar para ela
Trabalha duro e diz que é fácil
Faz isso só para me satisfazer
Amanhã será diferente
Então vou fingir que estou indo embora

Nossos medos são diferentes aqui
Tentamos nos afastar
Eu preferia que você não tivesse ficado
Minha visão está mais clara agora, mas não tenho medo
Voando sobre os mares, sem tempo para sentir a brisa
Tomei muitas variedades
Oh, estou no sol, me divertindo
Isso está no meu sangue
Não posso fazer nada
Não quero você aqui agora
Deixe-me ir embora
Querida, deixe-me ir embora

Indo embora na hora certa
Fiquei lá por um tempo
Rolando no oceano
Tentando me mostrar para ela
Trabalha duro e diz que é fácil
Faz isso só para me satisfazer
Amanhã será diferente
E este é o motivo de eu estar indo embora

The Strokes

terça-feira, 20 de novembro de 2012

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

RICK WAKEMAN - «Yes»

Poet'anarquista

CARTOON versus QUADRAS

O Primo do Obélix
HenriCartoon


«O PRIMO DO OBÉLIX»

Eu sou o famoso primo do Obélix…
Estou aqui p’ra aliviar a tua carga
Com a poção mágica do Gasparix…
Força Zé, este menhir até se caga!

Obrigadinho por tamanha fartura…
Finalmente sinto-me mais aliviado
Prestes que estou a ser esmagado…
Não morro do mal, morro da cura!

POETA

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...
(19 de Novembro de 1828, morre o compositor austríaco Franz Peter Schubert)

FRANZ SCHUBERT - «Serenata»
Poet'anarquista

domingo, 18 de novembro de 2012

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...

MIKE OLDFIELD - «Man In The Rain»

Poet'anarquista


HOMEM NA CHUVA

Você é o único que está quase quebrando meu coração,
teve sua chance, você jogou tudo fora.
Vivendo num mundo que você nunca poderia ser uma parte,
e agora é o momento de ir embora.

Você não pode ficar, não, você não pode ficar.
Você não é perdedor, ainda há tempo para montar o trem
e você deve estar no seu caminho esta noite.
Pense de novo para a direita através, você é um homem na Chuva.

Qual é a utilização em pendurar rodada nestas paredes?
Lâmpadas estão queimando, mas ninguém está em casa.
Há um novo dia que amanhece como uma chuva fria cai,
e agora é um tempo para caminhar sozinho.

Como se sente quando não há tempo para se lembrar
galhos nus, como as árvores em novembro.
Tinha tudo, jogou tudo fora.
Agora é uma hora de ir embora.

Como se sente quando não há tempo para se lembrar
galhos nus, como as árvores em novembro.
Como se sente quando não há tempo para se lembrar
galhos nus, como as árvores em novembro.

Mike Oldfield

MÚSICAS DO MUNDO

E a música de hoje é...
(Publicação com um dia de atraso...) 

MORRISSEY - «The Ordinary Boys»

Poet'anarquista


 RAPAZES COMUNS

Rapazes comuns, nada sabendo feliz
feliz de ser ninguém além de si mesmos
meninas comuns, roupas de supermercado
que pensam que é muito inteligente para ser cruel com você
Por que você era tão diferente
Você ficou sozinho
E você sabia
que tinha que ser tão
Evitando meninos comuns
feliz indo a lugar nenhum, só aqui
em seus carros barulhentos
meninas comuns
Nunca vendo mais
do que o frio, ruas pequenas
que prendê-los
Mas você era tão diferente
Você tinha de dizer não
quando esses idiotas vazios
Tentei mudar você, e afirmam que você
Para o covil de seu mundo comum,
onde se sentem tanta sorte
Então sorte, muita sorte
com suas vidas estabelecidas antes deles
tiverem sorte
Então sorte, muita sorte
Então sorte, então ...

Morrissey

sábado, 17 de novembro de 2012

POESIA - MÁRIO DIONÍSIO

O poeta, pintor e escritor português Mário Dionísio nasceu em Lisboa, a 16 de Julho de 1916. Foi igualmente professor de prestígio, assim como crítico de arte em jornais periódicos da época, entre os quais o «Seara Nova», «Vértice» e «Diário de Lisboa». Prefaciou autores como Manuel da Fonseca, Carlos de Oliveira, José Cardoso Pires e Alves Redol. Mário Dionísio faleceu em Lisboa, a 17 de Novembro de 1993.
Poet’anarquista
Mário Dionísio
Escritor, Pintor e Crítico Português
SOBRE O ARTISTA...

Escritor, professor e crítico de arte português. Frequentou, em Lisboa, os liceus Luís de Camões e Gil Vicente e, em Évora, o liceu André Gouveia, tendo depois estudado Filologia Românica na Faculdade de Letras. Foi, durante vinte anos, professor do ensino secundário no Liceu Camões, ingressando depois, até 1986, na Faculdade de Letras de Lisboa, como professor associado. Colaborou em diversos jornais e revistas, como a Presença, Altitude, Revista de Portugal, Seara Nova e Vértice. 

Foi poeta, ficcionista, ensaísta (sendo um dos mais importantes teorizadores do neo-realismo, sem deixar de valorizar aspectos específicos da criação literária, exerceu a sua actividade crítica, quer no domínio da criação literária, quer no das artes plásticas) e pintor. Participou em inúmeras exposições colectivas, tendo realizado a sua primeira exposição individual, em Lisboa e no Porto, em 1989. 

Poeta ligado ao Novo Cancioneiro, destacou-se pelo carácter combativo da sua lírica e pelo seu optimismo quanto à evolução da sociedade e do homem, considerando que «a poesia está na vida/a poesia está em tudo quanto vive/a poesia está na luta dos homens». No domínio da ficção manteve-se fiel ao neo-realismo, procurando todavia encontrar caminhos inovadores dentro dessa corrente. 

Publicou as obras poéticas Lamento na Hora Incerta, Poemas (1941), As Solicitações e Emboscadas (1950), Riso Dissonante (1950), Memória de um Pintor Desconhecido (1965), Le Feu Qui Dort (1967, obra a partir da qual a sua poética apresenta por vezes traços do surrealismo) e Terceira Idade (1982, Prémio do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários, ex-aequo com uma obra de Alexandre O'Neill). 

Publicou ainda o volume de contos Dia Cinzento (1944) e os romances Não Há Morte nem Princípio (1969), Monólogo a Duas Vozes (1986) e A Morte é Para os Outros (1988). No domínio do ensaio e da polémica escreveu Ficha 14 (1944), Vincent Van Gogh (1947), XVI Desenhos de Júlio Pomar (1948), «Guilherme de Azevedo», in Perspectiva da Literatura Portuguesa do Século XIX (1949), Encontros em Paris (1951, entrevistas com personalidades várias), Conflito e Unidade da Arte Contemporânea (1958), A Paleta e o Mundo (2 volumes, 1956-1960) e Autobiografia (1987). 

Há ainda vários estudos e prefácios críticos de sua autoria, como os de Poemas Completos, de Manuel da Fonseca (1963), Casa na Duna, de Carlos de Oliveira (1963), Barranco de Cegos, de Alves Redol (1970), Poeta Militante I, de José Gomes Ferreira (1977), O Mundo dos Outros, de José Gomes Ferreira (1978), O Anjo Ancorado, de José Cardoso Pires (1985), Mensagem, de Fernando Pessoa (1985), e Júlio Pomar (1990)
Fonte: Astormentas

ARTE POÉTICA

A poesia não está nas olheiras imorais de Ofélia 
nem no jardim dos lilases. 
A poesia está na vida, 
nas artérias imensas cheias de gente em todos os sentidos, 
nos ascensores constantes, 
na bicha de automóveis rápidos de todos os feitios e de todas as cores, 
nas máquinas da fábrica e nos operários da fábrica 
e no fumo da fábrica. 
A poesia está no grito do rapaz apregoando jornais, 
no vaivém de milhões de pessoas conversando ou prague­jando ou rindo. 
Está no riso da loira da tabacaria, 
vendendo um maço de tabaco e uma caixa de fósforos. 
Está nos pulmões de aço cortando o espaço e o mar. 
A poesia está na doca, 
nos braços negros dos carregadores de carvão, 
no beijo que se trocou no minuto entre o trabalho e o jantar 
— e só durou esse minuto. 
A poesia está em tudo quanto vive, em todo o movimento, 
nas rodas do comboio a caminho, a caminho, a caminho 
de terras sempre mais longe, 
nas mãos sem luvas que se estendem para seios sem véus, 
na angústia da vida. 

A poesia está na luta dos homens, 
está nos olhos abertos para amanhã. 

Mário Dionísio

MEMÓRIA DUM PINTOR DESCONHECIDO

Os presos contam os dias 
eu as horas 
nesta prisão maior onde um olhar ficou boiando 
e uma voz um som de passos perseguidos 
na sombra perseguindo a segurança 
fugidia 

Na cidade que amo e a sós comigo 
é talvez só futuro ou já saudade 
com alma bem nascida entre o fragor de máquinas, cimento e energia 
atómica indefeso entre irmãos de cárcere demando 
a voz que foge os irmãos que não vejo 
o brando olhar que guarda o meu desejo 
e só consigo 
ver o gomoso arrastar das horas e das horas 
tantas horas 
à baioneta marcadas por uma sentinela 
aos quatro cantos da janela 
gradeada 
do dia- 
a-dia onde não há 
mais nada 

Que nada são os dias e os anos 
para um tão grande amor que vou pintando 
com o próprio sangue os meus e teus enganos 
que há de nascer que há de florir que há de 
e há de e há de 
quando? 

Mário Dionísio

ELEGIA AO COMPANHEIRO MORTO

Meu companheiro morreu às cinco da manhã 
Foi de noite ao fim da noite às cinco em ponto da manhã 

Ah antes fosse noite noite apenas noite 
sem a promessa da manhã 

Ah antes fosse noite noite noite apenas noite 
e não houvesse em tudo a promessa da manhã 

Deitado para sempre às cinco da manhã 

Agora que sabia olhar os homens com força 
e ver nas sombras que até aí não via a promessa risonha da manhã 

Mas quem se vai interessar amigos quem 
por quem só tem o sonho da manhã? 

E uma vez de noite ao fim da noite mesmo ao cabo da noite 
meu companheiro ficou deitado para sempre 
e com a boca cerrada para sempre 
e com os olhos fechados para sempre 
e com as mãos cruzadas para sempre 
imóvel e calado para sempre 

E era quase manhã 
E era quase amanhã

Mário Dionísio

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

HOMENAGEM A ANTÓNIO ALEIXO

António Fernandes Aleixo, grande poeta popular português mais conhecido por António Aleixo, nasceu em Vila Real de Santo António, a 18 de Fevereiro de 1899. Já aqui- «POESIA - ANTÓNIO ALEIXO», fiz referência a vida e obra deste poeta algarvio comemorando a data do seu nascimento, e aqui- «CRUZAMENTO DE ARTES», poesia com quadra de António Aleixo como mote e décimas de Matias José. Foi no dia 16 de Novembro de 1949 que o poeta nos deixou, e é com poesia que Matias José e POETA lhe prestam uma vez mais homenagem neste espaço de «Amigos de Arte». Vivam os poetas, viva a poesia!
Poet'anarquista
António Aleixo
Poeta Popular Português

QUADRA DE ALEIXO

Esta mascarada enorme
Com que o mundo nos aldraba,
Dura enquanto o povo dorme,
Quando ele acordar, acaba.

António Aleixo

***

QUADRAS DE POETA

Grande poeta António Aleixo
Demora este povo pra acordar,
Começa a ser grande o desleixo
Quando chega a hora de votar!

Grande poeta António Aleixo
Demora este povo pra acordar...
Passa o tempo, estou perplexo,
Quando vai o povo despertar?

POETA

***

QUADRA MOTE DE ALEIXO

A arte em nós se revela
Sempre de forma diferente:
Cai no papel ou na tela
Conforme o artista sente 

António Aleixo 

***

GLOSAS DE MATIAS JOSÉ

Certo dom surge connosco
Logo no berço, ao nascer,
Não é coisa pra entender
Nem resposta eu busco.
A quadra pode dizer pouco
Escrita assim, de forma singela,
Mas quando assomo à  janela
E sinto o mundo lá fora…
Percebo que sem demora
A arte em nós se revela.

2ª  
Alguém disse que a arte
Não se ensina ou se aprende,
E por não haver quem mande
Nasce e morre com a gente…
Será assim exactamente
A arte tão dependente?...
Forma abstracta crescente
Que a espaços se difunde,
Em obra d’ arte se funde
Sempre de forma diferente!

 
As mãos que traçam árduas
O destino da própria vida,
Riscam com alma sentida
Alegrias e velhas mágoas.
Podem ser densas névoas…
Luar de Agosto em aguarela,
Pode ser triste ou mais bela
A pincelada de uma mão…
Mas só com sentir do coração
Cai no papel ou na tela.

4ª 
A alma desperta sentidos
Que ninguém sabe explicar,
Assim se começam a riscar
Os primeiros traços desmedidos…
Parecem desenhos perdidos
Mas não o são, certamente,
Nasce pois naturalmente
Qualquer arte, estou seguro,
Eis então o sentir mais puro
Conforme o artista sente!

Matias José