segunda-feira, 28 de março de 2011

LITERATURA - ALEXANDRE HERCULANO

28 de Março de 1810 nascia em Lisboa Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo, na literatura conhecido como Alexandre Herculano. Foi um escritor, jornalista e poeta português da era do romantismo. Dos mais importantes romancistas do séc.XIX, desenvolveu o tema romântico tendo como base a incompatibilidade do indivíduo no meio social. Faleceu em Santarém no dia 13 de Setembro de 1877.
Poet'anarquista
Alexandre Herculano
  Escritor Português
BREVE HISTORIAL
Nasce em Lisboa em 1810 e morre em 1877 na sua quinta de Vale de Lobos.
Teve uma vida difícil. Foi quase um autodidacta. Estudou línguas na Aula do Comércio e frequentou as aulas de Paleografia e Diplomática na Torre do Tombo. Data de então a sua aproximação da Marquesa de Alorna.
Emigra em 1831 e toma contacto com Thierry, Guizot e Vítor Hugo. Regressa a Portugal, depois de ir para os Açores, e é nomeado 2º. Bibliotecário do Porto. Demite-se por questões políticas e passa para a Biblioteca da Ajuda. Data de então a publicação de Voz do Profeta, onde se reflecte a influência de Paroles d'un croyant de Lamennais, que Herculano já vertera para Português. Trabalhava e escrevia. Na direção da revista "O Panorama" publicaLendas e Narrativas e O Bobo. Como membro da Academia das Ciências, organizou a publicação de Portugaliae Monumenta Historicana esteira deGermaniae Monumneta Historica de Godofredo de Mounmouth.
Casou tardiamente e, por questões políticas, retira-se para a quinta de Vale de Lobos onde abandona a literatura (apenas escreve Opúsculos) e dedica-se à agricultura até à morte.
Moralmente pode assemelhar-se a Sá de Miranda, pela sua integridade moral e teimosia nas suas ideias sociais e políticas tão em oposição com o Portugal decadente da sua época. Por isso Herculano se integra tão bem no espírito romântico e vai ser a pedra de toque do segundo romantismo.
A sua obra poética está reunida na Harpa do Crente (1838). É uma projecção do seu carácter que revela influência da literatura alemã e francesa. Os temas são românticos: Religião, Patriotismo e Natureza. Temas solenes como pedia o seu temperamento. Oferece-nos uma poesia rica de símbolos, ao serviço de uma ideologia poética filosófica.
Alexandre Herculano foi o iniciador do romance histórico em Portugal. Seguiu o modelo de Walter Scott, romancista que fez reviver em dezenas de obras as velhas tradições do seu país e todo o pitoresco da vida medieval inglesa: ressuscitou gentis donzelas apaixonadas por cavaleiros, reconstruiu castelos imponentes, encheu de armas e sangueiras florestas misteriosas.
Herculano soube relacionar a história com a imaginação sem que uma destruísse a outra. Os seus romances retratam épocas de particular interesse para a escola romântica, como o domínio árabe, a fundação da nacionalidade e a consolidação da sua independência no tempo de D. João I; são fidelíssimos em conservar a cor histórica e local dos acontecimentos narrados: exactidão de vestuário, de armas, de costumes, de interiores e exteriores, de leis, de arquitectura, etc.
Fonte: cultura.portaldomovimento.com
«Eurico, o Presbítero»
Romance Histórico
A GRAÇA
Que harmonia suave
É esta, que na mente
Eu sinto murmurar,
Ora profunda e grave,
Ora meiga e cadente,
Ora que faz chorar?
Porque da morte a sombra,
Que para mim em tudo
Negra se reproduz,
Se aclara, e desassombra
Seu gesto carrancudo,
Banhada em branda luz?
Porque no coração
Não sinto pesar tanto
O férreo pé da dor,
E o hino da oração,
Em vez de irado canto,
Me pede íntimo ardor?

És tu, meu anjo, cuja voz divina
Vem consolar a solidão do enfermo,
E a contemplar com placidez o ensina
De curta vida o derradeiro termo?

Oh, sim!, és tu, que na infantil idade,.
Da aurora à frouxa luz,
Me dizias: «Acorda, inocentinho,
Faz o sinal da Cruz.»
És tu, que eu via em sonhos, nesses anos
De inda puro sonhar,
Em nuvem d'ouro e púrpura descendo
Coas roupas a alvejar.
És tu, és tu!, que ao pôr do Sol, na veiga,
Junto ao bosque fremente,
Me contavas mistérios, harmonias
Dos Céus, do mar dormente.
És tu, és tu!, que, lá, nesta alma absorta
Modulavas o canto,
Que de noite, ao luar, sozinho erguia
Ao Deus três vezes santo.
És tu, que eu esqueci na idade ardente
Das paixões juvenis,
E que voltas a mim, sincero amigo,
Quando sou infeliz.
Sinta a tua voz de novo,
Que me revoca a Deus:
Inspira-me a esperança,
Que te seguiu dos Céus!...

Alexandre Herculano

LITERATURA - MÁRIO VARGAS LLOSA

Já tinha feito referência ao escritor peruano Mário Vargas Llosa, em publicação de 7 de Outubro de 2010, comemorando no Poet'anarquista a atribuição do Prémio Nobel da Literatura 2010. Hoje, 28 de Março de 2011, comemora o seu septuagésimo quinto aniversário. Amigos d'Arte felicitam o escritor neste espaço cultural, desejando-lhe muitos romances de vida.
Poet'anarquista
Mário Vargas Llosa
Escritor Peruano
BIOGRAFIA

Jorge Mario Vargas Llosa (Arequipa, 28 de março de 1936) é um escritor, jornalista, ensaista e político peruano, laureado com o Nobel de Literatura de 2010.

Nascido numa família de classe média, único filho de Ernesto Vargas Maldonado e Dora Llosa Ureta, seus pais separaram-se após cinco meses de casamento. Com isto o menino não conheceu o pai até aos dez anos de idade. A sua primeira infância foi em Cochabamba, na Bolívia, mas no período do governo José Luis Bustamante y Rivero, seu avô obtém um importante cargo político no governo, em Piura, no norte do Peru, e a sua mãe retorna ao Peru, para viver naquela cidade.

Em 1946 muda-se para Lima e então conhece seu pai. Os pais reconciliam-se e, durante a sua adolescência e a família continuará vivendo na capital peruana

Ao completar 14 anos, ingressa, por vontade paterna, no Colégio Militar Leôncio Prado, em La Perla, como aluno interno, ali permanecendo por dois anos. Essa experiência será o tema do seu primeiro livro « La Ciudad y los Perros» (A Cidade e os Cachorros), publicado no Brasil como «Batismo de Fogo» e, posteriormente, como «A Cidade e os Cachorros».

Em 1953 é admitido na tradicional Universidad Nacional Mayor de San Marcos, em Lima, a mais antiga da América. Ali estudou Letras e Direito, contra a vontade do seu pai.

Aos 19 anos, casa-se com Julia Urquidi, irmã da mulher do seu tio materno, e passa a ter vários empregos para sobreviver: actua como redator mas também fichando livros, e até mesmo revisando nomes em túmulos nos cemitérios. Em 1958 recebe a bolsa de estudos «Javier Prado» a vai para a Espanha, onde obtém doutoramento em Filosofia e Letras, com 19, na Universidade Complutense de Madri. Após isso vai para França onde vive durante alguns anos. Em 1964 divorcia-se de Júlia e em 1965 casa-se com a prima Patrícia Llosa, com quem tem três filhos Álvaro, Gonzalo e Morgana.

OBRA

A sua obra crítica a hierarquia de castas sociais e raciais, vigente ainda hoje, segundo o escritor, no Peru e na América Latina. O seu principal tema é a luta pela liberdade individual na realidade opressiva do Peru. A princípio, assim como vários outros intelectuais de sua geração, Vargas Llosa sofreu a influência do existencialismo de Jean Paul Sartre.

Muitos dos seus escritos são autobiográficos, como «A Cidade e os Cachorros» (1963), «A Casa Verde» (1966) e «Tia Júlia e o Escrevinhador»(1977). Por «A Cidade e os Cachorros» recebeu o Prémio Biblioteca Breve da Editora Seix Barral e o Prémio da Crítica de 1963. A sua obra seguinte, «A Casa Verde» mostra a influência de William Faulkner. O romance narra a vida das personagens num bordel, cujo nome dá título ao livro. O seu terceiro romance, «Conversa na Catedral», publicado em quatro volumes e que o próprio Vargas Llosa caracterizou como obra completa, narra fases da sociedade peruana sob a ditadura de Odria em 1950.

Há um encontro, num botequim chamado «La Catedral», entre dois personagens: o filho de um ministro e um motorista particular. O romance caracteriza-se por uma sofisticada técnica narrativa, alternando a conversa dos dois e cenas do passado. Em 1981 publica «A Guerra do Fim do Mundo», sobre a Guerra de Canudos, que dedica ao escritor brasileiro Euclides da Cunha, autor de «Os Sertões».

Em 7 de outubro de 2010 foi agraciado com o Prémio Nobel da Literatura pela Academia Sueca de Ciências «pela sua cartografia de estruturas de poder e as suas imagens vigorosas sobre a resistência, revolta e derrota individual". O presidente do Peru, Alan García, considerou o prémio a Llosa como «um reconhecimento a um peruano universal».

VIDA POLÍTICA

Em 1980 começa a ter maiores actividades políticas no país. Em 1983 a pedido do próprio presidente Fernando Belaunde Terry preside a comissão que investiga a morte de oito jornalistas. Em 1987 inicia o movimento político liberal contra a estatização da economia, o que ia de encontro ao presidente Alan García. Em 1990 concorre à presidência do país com a Frente Demócrata (FREDEMO), partido de centro-direita, mas perde a eleição para Alberto Fujimori.

Após isso, retorna a Londres e reinicia as suas actividades literárias. Em 2006, na sua mais recente visita ao país, apoia a candidatura de Lourdes Flores, mas é Alan García quem vence as eleições. As suas experiências como escritor e candidato presidencial estão expostas na autobiografia «Peixe na Água», publicada em 1991.
Fonte: Wikipédia

HISTÓRIAS DESTE DIA

Aconteceu a 28 de Março...

domingo, 27 de março de 2011

PINTURA - GIOVANNI BATTISTA TIEPOLO

Giovanni Battista Tiepolo nasceu em Veneza a 15 de Março de 1696. Foi um extraordinário pintor que influenciou com o seu estilo muitos artistas do séc. XVIII, sendo a sua obra uma constante invocação ao infinito e à ficção. Sem dúvida um dos grandes mestres da pintura Italiana. Faleceu em Madrid a 27 de Março de 1770, onde se encontrava desde 1761 a pintar com afrescos, os quartos do novo Palácio Real de Madrid  para o rei Carlo III de Espanha.
Poet'anarquista
Giovanni Battista Tiepolo
Pintor Italiano
BIOGRAFIA

Giambattista nasce em Veneza em 1696, filho de Domenico, pequeno armador, e Orsetta Maramgon. Foi baptizado a 16 de abril do mesmo ano. No ano seguinte morre o pai, deixando a família em grande dificuldades financeiras.

Tem as suas primeiras formações a partir de 1710, aproximadamente, no ateliê de Gregorio Lazzarini, pintor de estilo eclético, capaz de unir os diferentes estilos da tradição veneziana, e de quem aprende, além dos primeiros rudimentos da pintura, o gosto pela grandiosidade teatral das composições.

Bem cedo é influenciado pela pintura "tenebrosa" de Federico Bencovich e de Piazzeta, mas também recebe forte interferência dos mestres da Renascença Veneziana, Tintoretto e Paolo Veronese.

Em 1715 inicia a pintura na igreja veneziana de Nossa Senhora dos Órfãos, representando figuras dos apóstolos, usando de um brutal claro-escuro e tons escuros.

Tiepolo por esta época trabalha para o governador da cidade (Giovanni II Cornaro), no seu palácio pintando quadros e retratos, dentre os quais o retrato do governador Marco Cornaro (1716), com tons pastel (mornos e claros), lembrando o trabalho de Sebastião Ricci. Neste ano realiza o afresco «Assunta» na igreja paroquial de Biadene. Em 11 de Agosto expõe, na festa de S. Rocco, o seu esboço para o «Mergulho do Faraó».

Em 1717 tem seu nome citado pela primeira vez dentre os grandes pintores venezianos. É também incluído no livro «Grande apresentação da pintura e perspectiva de Veneza».

Tiepolo realiza pinturas em diversos palácios. Em 1727 tem o seu filho Giandomenico, um colaborador no futuro.

Em 1730 realiza «O triunfo das Artes», em Milão, uma obra-prima que foi destruída pelos bombardeios de 1943. Realiza trabalhos sob encomenda de várias cortes europeias.

Em 1761 o rei Carlo III de Espanha contrata Tiepolo para ornar com afrescos os quartos do novo Palácio Real, em Madri. Trabalha vários anos na Espanha, morrendo em 1769 na capital daquele país, sendo enterrado na igreja de São Martin, já destruída.
Fonte: Wikipédia
«João Baptista Pregando»
Tiepolo

«Madona e o Pintassilgo»
Tiepolo

«A Crucificação» 
Tiepolo

«O Martírio de S. Bartolomeu»
Tiepolo

«Mulher com Bandolim»
Tiepolo

«Retrato de Antonio Riccobono» 
Tiepolo

«S. James, o Grande»
Tiepolo

«Pintura Afresco - Fragmento»
Tiepolo


«A ARTE DE GIOVANNI BATTISTA TIEPOLO»

PINTURA DE TIEPOLO

NOTÍCIA NO AL TEJO

Link para o Al Tejo - PARABÉNS – MATIAS JOSÉ – POETA

É com muito orgulho que, como amigo de longa data, como Alandroalense, como apreciador do seu estilo inconfundível de fazer poesia que daqui envio um abraço de parabéns ao Cabé.

Sente-se também o Al Tejo honrado ao tomar conhecimento do facto que abaixo se relata. Não posso esquecer que se trata de um colaborador deste espaço desde há longa data, e que foi aqui, que o Cabé, com o pseudónimo de Poeta fez o favor de nos brindar com alguns dos seus versos, legendando muitos “bonecos” que davam e continuam a dar uma ideia do que nos parece correr menos bem na vida política portuguesa.

Também muitas vezes aqui nos tem obsequiado, como Matias José, com vários poemas da sua autoria. Por todos estes motivos e porque é justo e vem reconhecer o valor do seu “engenho e arte” é com muita emoção que aqui dou a conhecer que o Carlos Alberto Biga Camões Galhardas foi convidado a participar, com os seus poemas numa prestigiada Revista Multicultural e Internacional de origem Romena,  com tradução para várias línguas (agora também para Português) e que dá pelo nome de “EL HORIZONTE LITERÁRIO CONTEMPORÂNEO”.

Texto de Francisco Manuel Tátá

Fonte: Al Tejo


«Horizonte Literário Contemporâneo»
Revista Multi-Cultural Romena

«Horizonte Literário Contemporâneo»
Contra-Capa da Revista

Fui, com muita honra e orgulho de Alandroalense que me sinto, contactado pela revista multicultural internacional «Horizonte Literário Contemporâneo», da Roménia, para publicar pela primeira vez a minha poesia e ser um futuro colaborador da revista, em formato papel.

Agradeço a Daniel Dragomirescu, escritor e editor geral da «HLC», a oportunidade que me concedeu e a forma cordial demonstrada através dos e-mails enviados. 

Os meus sinceros agradecimentos...  
Saudações do Alandroal para Bucareste!

Agradeço igualmente ao amigo Chico Manel, administrador do blogue Al Tejo e do qual sou colaborador, o interesse na publicação desta notícia e, da mesma forma, os incentivos literários e gosto pela poesia que fui dando a conhecer através do seu blogue.

Obrigado pela tua amizade...
Um abraço fraterno do Alandroal para Montemor!

Carlos Camões Galhardas

HISTÓRIAS DESTE DIA

Aconteceu a 27 de Março...

sábado, 26 de março de 2011

NOVALIS - FILÓSOFO, POETA E ESCRITOR

Com um dia de atraso sobre a efeméride da morte do filósofo, poeta e escritor Novalis (25 de Março de 1801), pseudónimo de Georg Philipp Friedrich von Hardenberg, não quis deixar de fazer publicação sobre este enorme filósofo alemão. Foi um dos mais importantes do primeiro romantismo da Alemanha de finais do séc. XVIII e criador da «Flor Azul», um dos símbolos com mais duração do movimento romântico. É celebre  a sua citação sobre poesia, servindo de nota introdutória nos livros de Fernando Pessoa: «A poesia é o autêntico real absoluto. Isto é o cerne da minha filosofia. Quanto mais poético, mais verdadeiro». Não podia estar mais de acordo...
Poet'anarquista
Novalis
Retrato por Franz Gareis

BIOGRAFIA
Oberwiederstedt, agora Alemanha, 1772
Weissenfels, id., 1801 

Nascido em uma família nobre da Saxônia, foi educado pietista. Estudou direito em Jena, onde frequentou cursos de história de Schiller e conheceu Fichte , cuja filosofia idealista gravita em todo o seu trabalho. Após se mudar para Leipzig em 1791 conheceu os irmãos Schiller e Schlegel , e um ano depois foi para Wittenberg, onde praticou ensinamentos sobre a lei. 

A morte de sua noiva, Sophie von Kühn muito jovem, por causa da tuberculose (1797), afectou-o profundamente. Na sua «Hinos à Noite» (Hymnen um die Nacht, 1800), uma coleção de poemas em prosa e verso, o poeta exalta a noite, identificado com a morte, como um passo em direção à "vida real", um renascimento místico na pessoa de Deus, onde o reencontro com o seu e todo o universo amado seria possível. 

Em 1799 tornou-se gerente de minas em Weissenfels, pouco antes da sua morte prematura, também por causa da tuberculose. A sua obra publicada em vida é limitada a duas séries de «HinosFragmentos (Fragmente) Athenaum» e apareceu na revista em maio de 1798. Toda a produção foi publicada após sua morte por Friedrich Schlegel e L.Tieck . 

«Fragmentos», composta entre 1795 e 1800, compreendem uma série de notas, aforismos e breves comentários sobre filosofia, estética e literatura, que expressa as grandes preocupações e concepções teóricas do romantismo. A angústia do poeta é causada pela fractura que separa sujeito e objecto, dentro dos estreitos limites do kantismo: a mediação conceitual distorce a unidade essencial da vida, que envolveu o poeta, incapazes de compreender ou expressar nunca. O papel atribuído às abordagens da arte com a religião, já que tem a tarefa de tornar visível a intuição absoluta, embora nas suas notas Novalis indique que o acesso deve ser feito a partir da auto-revelação, de arte como mediação, como falsa e, portanto, como absoluta liberdade criativa. 

O romance inacabado de «The Disciples de Sais» (Die zu Sais Lehrlinge) apresenta ums visão alegórica da natureza. Além disso, o romance de «Henry de Novalis» (Heinrich von Novalis) estava em estado fragmentário, mas uma vez publicado, tornou-se paradigma do romantismo. Aprender romance, o autor projetado sobre as suas obsessões que nortearam a sua própria vida. O herói deve deixar o "fora" para encontrar a sua própria identidade através de clichés «viagem literária e paixão». Interesses românticos que distinguem o romance são resumidos na imagem da «Flor Azul», símbolo da essência da arte como reconciliação entre o mundo interno e externo, ou seja, uma realização do conceito em concreto. 

No ensaio da «Cristandade ou a Europa» (Christenheit oder Die Europa), Novalis expressa a nostalgia romântica para a unidade perdida da Europa cristã medieval, numa exaltação da fé cristã. Outra das suas obras são os seus «Cânticos Espirituais» (Geistliche Lieder) e escrito no mesmo tempo, os seus «Hinos» que, em parte, se ampliam e completam. Eles são também  uma expressão mais íntima, simples e rítmica e foram escritas para serem cantados. Cristo aparece neles como um símbolo da unidade da poesia e da religião.
Fonte: Biográfica.info

QUANDO OS NÚMEROS E AS FIGURAS

“Quando a chave de toda a creatura
seja mais do que número e figura,
e quando esses que beijam com os lábios,
e os cantores, sejam mais que os sábios,
e quando o mundo inteiro, intenso, vibre
devolvido ao viver da vida livre,
e quando luz e sombra, sempre unidas,
celebrem núpcias íntimas, luzidas,
quando em lendas e líricas canções
escreverem a história das nações,
então, a palavra misteriosa
destruirá toda a essência mentirosa.”

Novalis
(trad. de Mário Cesariny)
TODA A DESCIDA EM NÓS

Toda a descida em nós
mesmos é simultaneamente
uma ascensão,uma assumpção,
uma vista do verdadeiro exterior.

Novalis 
(tradução de Mário Cesariny)

DRAMATURGIA - TENNESSEE WILLIAMS

Tennessee Williams, pseudónimo de Thomas Lanier Williams, nasceu em Columbus nos Estados Unidos, a 26 de Março de 1911, e foi um importante dramaturgo e escritor, com vários prémios atribuídos ao longo da sua carreira. Com a peça «Cat on a Hot Tin Roof» ou «Gata em Telhado de Zinco Quente», ganhou pela segunda vez, em 1955, o prestigiado Prémio Pulitzer. Em 1980 recebeu a condecoração «Medalha Presidencial da Liberdade, entregue pelo então presidente americano Jimmy Carter. Faleceu em Nova Iorque, a 25 de Fevereiro de 1983.
Poet'anarquista
Tennessee Williams
Dramaturgo Americano
BREVE BIOGRAFIA 
(Dramaturgo e escritor norte-americano)
26-3-1911, Columbus, Mississípi
25-2-1983, Nova York

Williams, cujo verdadeiro nome era Thomas Lanier Williams, foi um dos dramaturgos americanos mais significativos do século XX. 

O drama «Jardim Zoológico de Cristal» (1944) foi o seu primeiro sucesso mundial. A sua obra caracteriza-se pela fusão entre ilusão e realidade, descrevendo em geral a vida cotidiana de seres solitários. 

Recebeu o Prémio Pulitzer por «Um Bonde Chamado Desejo» e também «Gata em Telhado de Zinco Quente» (1955), obras que serviram de base para diversas versões cinematográficas. 

«Cat on a Hot Tin Roof»
Tennessee Williams
Realização para Cinema 
Lawrence Weingarten

Os seus dramas transmitem sempre uma impressão pessimista, sendo frequente a presença de personagens psicopatas, incapazes de encontrar o seu lugar na sociedade. 

Muitos dos enredos situam-se nos estados do sul dos EUA, numa atmosfera dominada pela violência e pelos instintos primários. 

De um ponto de vista formal, o seu teatro encontra-se vinculado ao realismo psicológico. Partindo do equilíbrio entre teatro plástico e teatro para ver e sentir, Williams acompanhava a acção com elementos sensitivos, como a música, a luz e toda uma simbologia da cor. 

Outros dos seus dramas são «Orpheus Descending» (1957) e «Sweet Bird of Youth» (1959).
Fonte: NetSaber

«GATA EM TELHADO DE ZINCO QUENTE» - ELISABETH TAYLOR & PAUL NEWMAN 
 DE LAWRENCE WEINGARTEN BASEADO NA PEÇA DE TENNESSEE WILLIAMS
 

HISTÓRIAS DESTE DIA

Aconteceu a 26 de Março...

sexta-feira, 25 de março de 2011

«CONTOS DO NASCER DA TERRA»

Mia Couto
Escritor Moçambicano

IV CONTO - «A menina sem palavra» ("segunda estória para a Rita")

«A Menina Sem Palavra»
Susy Lee

A MENINA SEM PALAVRA
(“segunda estória para a Rita”)

A menina não palavreava. Nenhuma vogal lhe saía, seus lábios se ocupavam só em sons que não somavam dois nem quatro. Era uma língua só dela, um dialecto pessoal e intransmixível? Por muito que se aplicassem, os pais não conseguiam percepção da menina. Quando lembrava as palavras ela esquecia o pensamento. Quando construía o raciocínio perdia o idioma. Não é que fosse muda. Falava em língua que nem há nesta actual humanidade. Havia quem pensasse que ela cantasse. Que se diga, sua voz era bela de encantar. Mesmo sem entender nada as pessoas ficavam presas na entonação. E era tão tocante que havia sempre quem chorasse.
Seu pai muito lhe dedicava afeição e aflição. Uma noite lhe apertou as mãozinhas e implorou, certo que falava sozinho:
- “Fala comigo, filha!”
Os olhos dele deslizaram. A menina beijou a lágrima. Gostoseou aquela água salgada e disse:
- “Mar”...
O pai espantou-se de boca e orelha. Ela falara? Deu um pulo e sacudiu os ombros da filha. “Vês, tu falas, ela fala, ela fala!” Gritava para que se ouvisse. “Disse mar, ela disse mar”, repetia o pai pelos aposentos. Acorreram os familiares e se debruçaram sobre ela. Mas mais nenhum som entendível se anunciou.
O pai não se conformou. Pensou e repensou e elabolou um plano. Levou a filha para onde havia mar e mar depois do mar. Se havia sido a única palavra que ela articulara em toda a sua vida seria, então, no mar que se descortinaria a razão da inabilidade.A menina chegou àquela azulação e seu peito se definhou. Sentou-se na areia, joelhos interferindo na paisagem. E lágrimas interferindo nos joelhos. O mundo que ela pretendera infinito era, afinal, pequeno? Ali ficou simulando pedra, sem som nem tom. O pai pedia que ela voltasse, era preciso regressarem, o mar subia em ameaça.
- “Venha, minha filha!”
Mas a miúda estava tão imóvel que nem se dizia parada. Parecia a águia que nem sobe nem desce: simplesmente, se perde do chão. Toda a terra entra no olho da águia. E a retina da ave se converte no mais vasto céu. O pai se admirava, feito tonto: por que razão minha filha me faz recordar a águia?
- “Vamos filha! Caso senão as ondas nos vão engolir”.
O pai rodopiava em seu redor, se culpando do estado da menina. Dançou, cantou, pulou. Tudo para a distrair. Depois, decidiu as vias do facto: meteu mãos nas axilas dela e puxou-a. Mas peso tão toneloso jamais se viu. A miúda ganhara raiz, afloração de rocha?
Desistido e cansado, se sentou ao lado dela. Quem sabe cala, quem não sabe fica calado? O mar enchia a noite de silêncios, as ondas pareciam já se enrolar no peito assustado do homem. Foi quando lhe ocorreu: sua filha só podia ser salva por uma história! E logo ali lhe inventou uma, assim:
Era uma vez uma menina que pediu ao pai que fosse apanhar a lua para ela. O pai meteu-se num barco e remou para longe. Quando chegou à dobra do horizonte pôs-se em bicos de sonhos para alcançar as alturas. Segurou o astro com as duas mãos, com mil cuidados. O planeta era leve como um baloa.
Quando ele puxou para arrancar aquele fruto do céu se escutou um rebentamundo. A lua se cintilhaçou em mil estrelinhações. O mar se encrispou, o barco se afundou, engolido num abismo. A praia se cobriu de prata, flocos de luar cobriram o areal. A menina se pôs a andar ao contrário de todas as direcções, para lá e para além, recolhendo os pedaços lunares. Olhou o horizonte e chamou:
- “Pai!”
Então, se abriu uma fenda funda, a ferida de nascença da própria terra. Dos lábios dessa cicatriz se derramava sangue. A água sangrava? O sangue se aguava? E foi assim. Essa foi uma vez.
Chegado a este ponto, o pai perdeu voz e se calou. A história tinha perdido fio e meada dentro da sua cabeça. Ou seria o frio da água já cobrindo os pés dele, as pernas de sua filha? E ele, em desespero:- “Agora, é que nunca”.
A menina, nesse repente, se ergueu e avançou por dentro das ondas. O pai a seguiu, temedroso. Viu a filha apontar o mar. Então ele vislumbrou, em toda extensão do oceano, uma fenda profunda. O pai se espantou com aquela inesperada fractura, espelho fantástico da história que ele acabara de inventar. Um medo fundo lhe estranhou as entranhas. Seria naquele abismo que eles ambos se escoariam?
- “Filha, venha para trás. Se atrase, filha, por favor”...
Ao invés de recuar a menina se adentrou mais no mar. Depois, parou e passou a mão pela água. A ferida líquida se fechou, instantânea. E o mar se refez, um. A menina voltou atrás, pegou na mão do pai e o conduziu de rumo a casa. No cimo, a lua se recompunha.
- “Viu, pai? Eu acabei a sua história!”
E os dois, iluaminados, se extinguiram no quarto de onde nunca haviam saído.

Mia Couto
Até prá semana...
Poet'anarquista