quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

OUTROS CONTOS

«Partir é Morrer um Pouco», conto poético por Augusto Mascarenhas Barreto.

«Partir é Morrer um Pouco»
Os Retirantes/ Portinari

1128- «PARTIR É MORRER UM POUCO»

Adeus parceiros das farras
Dos copos e das noitadas
Adeus sombras da cidade
Adeus langor das guitarras
Canto de esperanças frustradas
Alvorada de saudade.

Meu coração como louco
Quer desgarrar-me do peito
Transforma em soluço a voz
Partir é morrer um pouco
A alma de certo jeito
A expirar dentro de nós.

Voam mágoas em pedaços
Como aves que se não cansam
Ilusões esparsas no ar.
Partir é estender os braços
Aos sonhos que não se alcançam
Cujo destino é ficar.

Deixo a minh’alma no cais
De longe canto sinais
Feitos de pranto a correr.
Quem morre não sofre mais
Mas quem parte é dor demais
É bem pior que morrer!

Augusto Mascarenhas Barreto

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