quinta-feira, 8 de julho de 2010

CONGRESSO "POR TERRAS DO ENDOVÉLICO"

Deo Endovélico Sacrum 


Estatuetas Sem Cabeça

Conclusões Finais do Congresso (2)
Por Ana Paula Fitas

“Por Terras do Endovélico – À Descoberta do Alandroal”

Conclusões de um Congresso sobre “Território – Identidade – Marcas”

                                                                                                          
Realizou-se no passado dia 26 de Junho, no Fórum Cultural Transfronteiriço de Alandroal, o Congresso “Por Terras do Endovélico – Território/Identidade/Marcas”.

Com o objectivo de promover a reflexão pública sobre a valorização patrimonial como fonte de desenvolvimento comunitário sustentado no concelho, a Câmara Municipal de Alandroal convidou para intervirem no evento, não apenas académicos ligados à problemática e com trabalho de investigação no terreno (os arqueólogos Amílcar Guerra, Carlos Fabião e Manuel Calado e eu própria, antropóloga/etnóloga, Ana Paula Fitas) mas, também, representantes de entidades ligadas ao desenvolvimento do turismo e à sua articulação com a economia (Sofia Vieira da TGLA-Turismo Terras do Grande Lago Alqueva, Alexandra Pereira da Proximity/BBDO, Simão de Deus Correia da VISTA e Michela Zucca, especialista em desenvolvimento sustentável).

No âmbito da apresentação dos objectivos do Congresso, o Presidente da CMA, Dr.João Grilo, explicitou a importância deste acontecimento, afirmando o significado dos seus conteúdos como contributos para a materialização do projecto político-cultural em que o município aposta, pelo justo reconhecimento do potencial de desenvolvimento que a valorização patrimonial representa para o concelho e de que são testemunho, não só os actuais testemunhos da investigação científica mas, também, os documentos históricos (de que vale a pena destacar a obra “Religiões da Lusitânia” de José Leite de Vasconcelos) e literários (destaque para “A Voz dos Deuses” de João Aguiar).

Tomando como ponto de partida a identificação do concelho de Alandroal enquanto lugar do sítio de Endovélico datado da Idade do Ferro mas com localização ainda incerta (confirmada no Congresso pelos arqueólogos participantes), a importância do culto a esta divindade pré-romana foi destacado objecto de devoção local durante a ocupação romana do território. Dessa ocupação são testemunho inequívoco os vestígios encontrados no lugar de S.Miguel da Mota, desde o trabalho aí levado a cabo por Leite de Vasconcelos (cuja importância está patente no facto de se constituírem como elementos da colecção fundacional do Museu Nacional de Arqueologia) até aos que têm resultado do trabalho que, actualmente, a equipa de arqueólogos liderada por Carlos Fabião e Amílcar Guerra aí desenvolve. O espólio foi aliás objecto de ilustração do Congresso, através de uma notável exposição dos materiais recolhidos que o Museu Nacional de Arqueologia disponibilizou para o efeito, permitindo à população concelhia conhecer materiais preciosos para o conhecimento aprofundado da história cultural da região e da Península Ibérica que, contudo, pela sua natureza, conforme notou Carlos Fabião, continuarão a integrar a colecção do referido Museu.

Ex-libris do território local, o sítio de Endovélico apresenta, por estas e por outras razões que o fundamentam, do ponto de vista estratégico para o desenvolvimento económico sustentado do concelho, o perfil requerido em termos de marketing e divulgação para uma atracção turística capaz de justificar a afluência de interesses susceptíveis de aí promoverem o investimento, podendo, por isso, ser escolhido como marca certificada de uma singularidade com valor próprio, no quadro do mercado das ofertas turísticas de qualidade em especificidades que vão do turismo rural ao turismo cultural, religioso, imaginário e de lazer. Foi isso que Alexandra Pereira, brand manager da Proximity/BBDO, foi dizer, concorrendo com o seu contributo para o esboçar de uma estratégia de desenvolvimento que, tal como o reconheceu e destacou Sofia Vieira da TGLA-Turismo Terras do Grande Lago Alqueva, pode ser uma extraordinária mais-valia para o concelho, capaz de valorizar e justificar o interesse turístico de uma região que conta hoje com um lago de dimensão internacional se, aos conteúdos patrimoniais forem acrescentados recursos infra-estruturais que, por um lado, como referiu Simão Correia da VISTA, implicam capacidade de alojamento, dinamização da mobilidade e promoção externa do território e da qualidade da oferta e que, por outro lado, como salientou Michela Zucca, requerem formação profissional direccionada para a integração populacional no processo de mudança que este tipo de investimentos implica.

Neste contexto, para além dos resultados obtidos na identificação do património arqueológico do concelho e registados na sua Carta Arqueológica (dirigida e coordenada pelo arqueólogo Manuel Calado que viu anunciada publicamente neste Congresso, pelo Presidente da CMA, a decisão de se proceder à revisão da mesma, sob a sua coordenação), é necessário proceder ao levantamento de todo o património etnológico do concelho que, tal como eu própria o afirmei na comunicação intitulada: “Etno-História, Património e Desenvolvimento – o caso do Endovélico”, é o garante da sustentabilidade concelhia, na medida em que o recurso à valorização patrimonial requer um trabalho visto em perspectiva, capaz de articular as questões da continuidade cultural e da mudança social, conferindo unidade à diversidade de elementos disponíveis num todo coeso que apresente inequivocamente um conteúdo sustentado à potencial marca “Terras do Endovélico”, assegurando-lhe qualidade (pelo rigor científico do conhecimento que anuncia) e sucesso (pela eficácia da estratégia da sua promoção).

O investimento cultural de um projecto político sustentado é, sem dúvida, uma forma inteligente de, nos tempos que correm, uma região pobre e desertificada, resistir às dinâmicas de despovoamento e empobrecimento, invertendo tal tendência pela revitalização do território e pelo envolvimento colectivo de quatro vectores de intervenção essenciais ao processo que, como concluiu o próprio Presidente da CMA, João Grilo são, nada mais nada menos do que: a autarquia, a comunidade científica, a população e o mercado.

O Congresso “Por Terras do Endovélico” foi, por tudo isto, uma espécie de arranque do que podemos designar por caminhada para o futuro. Uma iniciativa feliz que terá na publicação das comunicações ao Congresso, o primeiro passo para a consolidação de um trabalho que se prevê não só sustentado mas, eficaz e que tem já previsto um conjunto de actividades recorrentes e multidimensionais a ser oportunamente divulgado pela edilidade.
  
Ana Paula Fitas – 03 de Julho de 2010
Publicado no diário do SUL - QUARTA-FEIRA, 7 de Julho DE 2010 
Uma gentileza "A Nossa Candeia Blogue" para "Poet'anarquista Blogue" 

Comentário: 

Quatro vectores muito importantes para o desenvolvimento sustentado, enunciados pelo Presidente João Grilo, e que destaco como fundamentais para o desenvolvimento do Concelho do Alandroal: autarquia, comunidade científica, população e mercado. Sem dúvida, o sucesso do programa eleitoral do MuDA que foi sufragado no dia 11 de Outubro de 2009, passa pela consolidação harmoniosa das quatro vertentes referidas na publicação das conclusões do Congresso, "Por Terras Do Endovélico", que com muito saber a minha amiga Ana Paula fez referência no seu texto. Precisamos dos quatro elos da corrente como mola impulsionadora para um futuro com sustentabilidade. Obrigado Ana Paula, o Concelho do Alandroal conta contigo nesta caminhada para o bem comum!

Três abraços!!!


Kabé  

6 comentários:

Ana Paula Fitas disse...

Olá :)
Tentei ver o post mas só tem título ?!?!...
Grande Abraço :)

Camões disse...

Foi assim que uma cadela alentejana pariu os cães cegos... eheheh!

Beijinhos!!!

Anónimo disse...

Ah, pois :)
... a pressa tem dessas coisas... eheheheh!
Beijinhos :)

Paula

Camões disse...

Quatro vectores muito importantes para o desenvolvimento sustentado, enunciados pelo Presidente João Grilo, e que destaco como fundamentais para o desenvolvimento do Concelho do Alandroal: autarquia, comunidade científica, população e mercado. Sem dúvida, o sucesso do programa eleitoral do MuDA que foi sufragado no dia 11 de Outubro de 2009, passa pela consolidação harmoniosa das quatro vertentes referidas na publicação das conclusões do Congresso, "Por Terras Do Endovélico", que com muito saber a minha amiga Ana Paula fez referência no seu texto. Precisamos dos quatro elos da corrente como mola impulsionadora para um futuro com sustentabilidade. Obrigado Ana Paula, o Concelho do Alandroal conta contigo nesta caminhada para o bem comum!

Três abraços!!!

Ana Paula Fitas disse...

Meu bom amigo,
Obrigado pelas tuas palavras generosas e pela tua referência. Neste momento o meu abraço sincero vai para todos os que não desistiram à dinâmica de desertificação e abandono que ameaçou o concelho: Obrigado a Todos! ... obrigado, em particular, a este novo Presidente de Câmara que se apresenta determinado e vigoroso na vontade de ultrapassar as limitações, a demagogia e os dogmatismos que tornaram o concelho de Alandroal refém de si próprio, cujo espírito de abertura e sensatez que se adivinha nos seus gestos e palavras, augura o início de uma caminhada próspera de futuro de que, conforme expressas!, terei todo em integrar.
Três ou mais grandes, sinceros e sentidos abraços :)

Anónimo disse...

Publicação 5*****estrelas!!!!!

Maria