sexta-feira, 15 de junho de 2012

MANIFESTO ANTI-DANTAS

O pintor, escritor, poeta, ensaísta, dramaturgo e romancista português José Sobral de Almada Negreiros, faleceu em Lisboa no dia 15 de Junho de 1970. Recorda-se mais uma vez neste espaço de cultura (ver aqui- «ALMADA NEGREIROS - O ARTISTA», publicação de 15 de Junho de 2011) este multifacetado artista português com o texto «Manifesto Anti-Dantas», dito pelo extraordinário declamador Mário Viegas.
Poet'anarquista
MANIFESTO ANTI-DANTAS DITO POR MÁRIO VIEGAS

ALMADA NEGREIROS

«Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam escritas, só faltava uma coisa - salvar a humanidade». (In A Invenção do Dia Claro, de José de Almada Negreiros)

2 comentários:

Anónimo disse...

Almada Negreiros!
Um mistério?
Um oportunista?
Um comodista?
Um modernista certamente!
Um grande homem das artes certamente!
Polifacetado, também.

O «Manifesto Anti-Dantas»:
Um grito de alerta contra uma arte que já se adivinhava ultrapassada?

Ou apenas a tentativa de queimar etapas por parte de uma geração que ambicionava preencher o espaço ainda ocupado pela geração anterior?

E como explicar que Almada, alguns anos depois, aceitou trabalhar sob a direcção de Júlio Dantas naquela "festa" de auto-elogio do Salazar, que foi a "Comemoração dos Centenários"?
Já estaria domesticado?
Já António Ferro o teria metido ao rego?
E teria António Ferro domesticado outros modernistas como Fernando Pessoa, Amadeo Souza-Cardoso ou Mário de Sá-Carneiro, por exemplo, se fossem vivos?
Esta pergunta ficará sempre por responder, embora a resposta, se bem pesquisada, bem escalpelizada, não seja difícil de intuir.

E ainda porque abandonou Almada Negreiros a Espanha, aquando da Implantação da II República naquele país?
«Em Madrid vivia-se uma grande confusão», disse Almada em algumas das suas entrevistas posteriores. Mas a II República Espanhola, não deitou abaixo um regime velho, um regime de castanholas e zarzuelas, tudo aquilo que, ele próprio, combatia?
E quando toda a intelectualidade europeia e mundial, corria a defender a República, os modernistas, quase todos, preferiram ficar a assistir de camarote.
No caso concreto de Almada Negreiros, a preferência foi viver na "paz" do Estado Novo.

.... do qual, aliás, aceitou as comendas e as medalhas....

.... sem mais manifestos.

É claro que o que acabei de escrever nada tem a ver com arte.
Mas tem a ver com carácter. E eu ainda não consigo desligar as duas coisas. Por defeito meu, decerto.

Há muito tempo que queria dizer isto. Obrigado pela oportunidade.

Orson W. Calabrese

Camões disse...

Igualmente por defeito meu, raramente consigo separar o inseparável.

Não é a arte inseparável de tudo o resto?

Uma certeza: nunca deixará de ser arte!

Solrac Seõmac Sadrahlag